“Queremos manter uma relação próxima com os jogadores”


Novo delegado da Zona Norte do SJPF.

O ex-jogador João Paulo, de 35 anos, que recentemente anunciou o final da carreira é o novo delegado do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) para a Zona Norte.

João Paulo substitui João Lucas, falecido a 26 de Maio deste ano, entrando imediatamente em funções.

O antigo avançado português representou vários clubes na Primeira Liga, nomeadamente o Boavista, o Desportivo das Aves, o Vitória de Setúbal, o Varzim, o Beira-Mar, o Estoril, o Paços de Ferreira, a União de Leiria e o Leixões.

João Paulo conta ainda no currículo de jogador com passagens por Espanha (Tenerife), Roménia (Rapid de Bucareste), Chipre (Olympiakos Nicosia e Apollon Limassol) e Azerbaijão (Khazar).

Na última temporada, o ex-futebolista natural do Porto representou o Famalicão, no Campeonato Nacional de Seniores (CNS), e no início da presente época tinha assinado pelo Tirsense, também do CNS.

Em entrevista ao site do SJPF, João Paulo revela os motivos que estiveram na origem da decisão de terminar agora a carreira de futebolista e fala sobre o desafio de substituir João Lucas enquanto delegado do Sindicato dos Jogadores para a Zona Norte.

O que o levou a terminar a carreira de jogador nesta fase da época?
Foram 25 anos como jogador profissional de futebol. Quando assinei pelo Tirsense no início da época pensei que tivesse condições para jogar mais um ano, mas já faltava a motivação, a alegria e a vontade de outros tempos e quando assim é, o melhor é terminar a carreira e não nos enganarmos a nós mesmos, ao clube que depositou confiança em nós e aos nossos colegas, que contam connosco. Ao mesmo tempo tive um convite aliciante.

Por que decidiu aceitar o convite do SJPF?
Recebi o convite do Sindicato com muito orgulho. É muito positivo ter a oportunidade de ajudar os jogadores e é um trabalho no qual me revejo e estou super motivado para desempenhá-lo. Decidi aceitar o convite pela credibilidade que a instituição tem e pela parte sentimental de vir substituir um amigo [João Lucas].

Foi colega de equipa do João Lucas no Boavista em 2004. Quais são as recordações que guarda?
O Lucas era um bom amigo, super divertido, uma pessoa que deixa saudades por termos a vontade de estar com ele constantemente. Isso era evidente em todas as pessoas que o conheciam. O seu falecimento foi uma grande perda para o futebol, em geral, e para o Sindicato, em particular.

Sente uma responsabilidade acrescida por vir substituir um amigo?
Não diria responsabilidade acrescida, mas sim orgulho. Será desafiante e farei o meu melhor para dar continuidade ao trabalho feito pelo Lucas. O mais importante é representar o Sindicato da melhor forma.

Como é que pode contribuir para a resolução dos problemas que afectam os jogadores?
O Sindicato tem muito para dar aos jogadores. Por vezes parece que existe uma certa distância entre o jogador e o Sindicato e só quando o futebolista recorre ao SJPF é que existe uma aproximação. Temos de alterar esse paradigma e manter uma relação constante muito próxima com o jogador, cativando e sentindo o futebolista interessado em procurar o Sindicato em todas as vertentes. A ideia que queremos reforçar é a da proximidade, da confiança.

Quais são os principais problemas com que se debatem os jogadores?
O incumprimento contratual é o maior problema, mas há outras situações que afectam os jogadores. Uma, que vai merecer prioridade do Sindicato, é a que se prende com a qualificação dos jogadores de futebol. O Sindicato irá apresentar o seu Plano Anual de Educação e Formação e disponibilizar uma oferta formativa. Os jogadores não podem pensar que o SJPF resolve apenas situações patológicas, de natureza jurídica. Há outras áreas muito importantes, que devem ser valorizadas e que apoiam o jogador de uma forma exemplar: a saúde, o emprego e a solidariedade.

Como tem visto o trabalho desenvolvido pelo SJPF?
Há uma palavra que define o trabalho do Sindicato: evolução. Não é apenas a minha opinião, mas também a de outros jogadores. O Sindicato tem uma grande credibilidade em relação a outras instituições a nível nacional e internacional no futebol. É com agrado que vejo esse crescimento e mais ainda por poder fazer parte dele.

O que lhe foi pedido enquanto delegado do Sindicato?
Proximidade com os jogadores. Ouvi-los e registar os seus problemas. Confiança, estabelecendo relações de seriedade e amizade. Competência, ajudando a resolver os problemas concretos. Respeito, pelo jogador e pelas instituições. Mais importante, contribuir para que exista um clima positivo entre os jogadores, treinadores e dirigentes. Além disso, fazer com que o Sindicato continue a crescer como tem acontecido até agora.

Quais são as áreas prioritárias do Sindicato?
Todas têm importância, mas a educação é fundamental. Hoje em dia, é importante o jogador ter essa noção. As causas sociais, o emprego, a saúde e a informação sobre o presente e o futuro dos jogadores, nomeadamente a reforma e a segurança social, são outras áreas essenciais.

A classe dos jogadores em Portugal é unida?
Penso que nunca podemos ficar satisfeitos e devemos tentar que, a cada ano que passe, a classe dos jogadores seja cada vez mais unida e é por isso que também vou lutar, enquanto delegado do Sindicato. Tenho consciência das características da profissão e ainda mantenho um contacto continuado com a maioria dos jogadores. Isso pode e deve ajudar a promover a união.

Qual é a principal mensagem que transmite aos jogadores?
É importante os jogadores estarem próximos do Sindicato porque nós faremos o mesmo. Tudo faremos para que os jogadores possam estar tranquilos e desenvolver todas as suas capacidades nos clubes. Os futebolistas devem saber que têm uma instituição que dá a cara e luta por eles.