“A aposta nos portugueses tem vindo a crescer”


O futuro da Selecção Nacional de futsal.

Chegou este ano ao Benfica, um sonho de criança, e quer conquistar títulos ao serviço dos encarnados.

O internacional português Mário Freitas acredita ainda que a Selecção Nacional de Futsal tem condições para vencer no futuro. Basta sermos mais positivos.

Por que decidiu ser jogador de futsal e quando?
Sou de Mogadouro que é um sítio onde o futsal está bastante enraizado e na altura da minha passagem de infantil para iniciado decidi experimentar o futsal. Gostei muito por estar constante­mente em contacto com a bola, de ter de pensar mais rápido.

Praticou futebol de 11. Por que não continuou?
Desafiaram-me a experimentar, mas não era aquilo que mais gostava. Com a subida do Mogadouro à I divisão tive sempre o objectivo de defender a minha equipa ao mais alto nível. Não he­sitei em voltar ao futsal e ao clube no qual cresci.

Chegar ao Benfica é o auge da sua carreira?
É um dos pontos mais altos da minha carreira, a par da Selecção. Costumo dizer que vim com 15 anos de atraso. Com 10 ou 11 anos, num torneio em Palmela, os olheiros do Benfica viram-me e falaram com o meu pai para vir treinar. Sempre quis represen­tar o Benfica e é muito bom poder concretizar esse objectivo.

Na época passada o Benfica venceu todas as pro­vas nas quais esteve inserido. É possível repetir o feito e acrescentar a UEFA Futsal Cup?
Quem está no Benfica só pode pensar em ganhar, mas temos de ter os pés bem assentes na terra, ser muito humildes e trabalhar muito, só assim vamos conseguir esses objectivos.

No Fundão foi treinado por Joel Rocha, actual treinador do Benfica. Isso influenciou a sua deci­são para se transferir para a Luz?
Não escondo que o Joel foi muito importante na minha carreira. Foi com ele que dei um salto qualitativo a nível individual. Mas sou apenas mais um jogador no plantel do Benfica e mais um para ajudar a conseguir os objectivos do clube.

Foi campeão pelo Sporting, ganhou a Taça de Por­tugal pelo Fundão e a Supertaça pelo Benfica. Há algum título em especial por conquistar?
Todos os títulos são importantes. Qualquer jogador está em to­das as provas para ganhar. A UEFA Cup ou um título com a Se­lecção são provas que qualquer jogador ambiciona ganhar, mas são muito poucos aqueles que o conseguem.

São muito poucos os clubes 100% profissionais. Compensa ser jogador de futsal em Portugal?
Infelizmente estamos num campeonato que não é completa­mente profissional. Para quem está no Benfica ou no Sporting acaba por compensar ser profissional de futsal. Há mais um ou outro clube que oferece boas condições, mas não foge muito dis­so. Nos clubes menores talvez seja complicado viver só do futsal.

Sente que a nossa Liga é pouco competitiva ou está ao nível das principais Ligas europeias?
É competitiva. Há uns anos todas as equipas apostavam mais em jogadores estrangeiros e hoje apostam mais nos portugueses. Futuramente será bom para as selecções.

Já teve oportunidade de jogar uma partida de futsal pela Selecção num estádio de futebol, o que é uma situação inédita. Qual foi a sensação?
Foi um jogo diferente pelo facto de ser na Arena Castelão, em Fortaleza, e a perspectiva dentro de campo foi diferente. Infeliz­mente não conseguimos bater o recorde de assistência, que era um dos objectivos, mas estava uma moldura humana bastante agradável. Um pouco distante da quadra, mas foi muito bom.

O futsal teria a ganhar com a realização de mais jogos em estádios de futebol?
Numa perspectiva sim, pelo facto de mais público poder assistir. Talvez ainda não se consiga tanta gente como aconteceu em Bra­sília, no Brasil-Argentina, com 50 e tal mil espectadores, que foi um caso único. Em situações pontuais poderia ser bom.

A Selecção Nacional está ao nível das melhores do Mundo, mas ainda não conseguiu vencer uma competição internacional. O que falta?
Parece-me ser uma questão de mentalidade, temos de ser mais positivos. Temos uma excelente Selecção e excelentes condições de trabalho. Acho que futuramente vamos conquistar títulos.

Quais são as suas principais características?
Acho que a técnica, a velocidade, sou um jogador agressivo, com e sem bola, mas não gosto muito de falar sobre mim, prefiro que sejam os outros a analisar.

Qual foi o melhor jogador com quem jogou?
É uma questão um pouco difícil. A ter de eleger um, será o Ri­cardinho, que é o melhor do mundo, muito à frente dos outros.

Perfil
Nome: Mário André Afonso Freitas
Data de nascimento: 9 de Fevereiro de 1990
Posição: Ala
Clubes que representou: Mogadourense (futebol, formação), Vitória de Guimarães (futebol, formação), Mogadouro (formação), Mogadouro, Sporting, Fundão e Benfica.

Foto: Gil Peres/ASF.