“Fui muito bem recebido no Brunei”


A experiência do português no Brunei.

Foi campeão de Singapura, considerado uma das estrelas da Liga e conseguiu o primeiro hat-trick da carreira.

A experiência de Paulo Sérgio na Ásia está a ser muito boa, mas convinha avisarem antes sobre as lanternas nos campos…

No final de Novembro sagrou-se campeão de Singapura. Que importância tem este título na sua carreira?
Teve muita importância por ser o primeiro. Estive em algumas finais mas, infelizmente, perdi-as. Agora tenho um título no cur­rículo. Teve um sabor especial também porque o clube nunca tinha sido campeão. E deu-me um prazer imenso ver as pessoas felizes por isso.

Marcou um hat-trick no jogo decisivo. Foi o melhor momento da sua carreira?
Sim, por ser o jogo que deu o título e nas circunstâncias em que foi. Foi muito difícil sermos campeões, porque somos uma equi­pa estrangeira e ninguém queria que ganhássemos. Lutar contra isso e ter feito os três golos nesse jogo foi, de facto, um momento especial. Foi o primeiro hat-trick da minha car­reira. Posso dizer que nem em sonhos poderia esperar um jogo assim.

Terminou a época com 16 golos e 17 assistências. Espera­va um rendimento tão alto logo no primeiro ano?
Sinceramente, não. Mas também estava a jogar numa posição diferente. Jogávamos em 4-4-2 e eu jogava solto na frente com o Ramazotti, que também passou por Portugal [Gil Vicente], es­tava mais perto do golo. Foi uma experiência boa, até por essa posição nova.

Como foi a adaptação ao Brunei?
Não foi fácil! No início é tudo muito bonito, mas no Brunei não há propriamente muita coisa para se fazer. Foi mais difícil para a fa­mília, porque eu ia treinar todos os dias e quando jogávamos fora era sempre em Singapura, que fica a 1h30 de avião. E aquilo é muito quente, tem dias com 100% de humidade. Quando fui para lá era Inverno cá, levar com um choque térmico daqueles não foi fácil.

E ao clube?
Lá só se fala Inglês, dá para desenrascar, agora estou muito me­lhor! Mas as pessoas receberam-me muito bem e comecei des­de cedo a marcar e acarinharam-me muito. O grupo de trabalho é fantástico, essa adaptação foi boa.

É o seu terceiro clube no estrangeiro. Dá-se bem com a distância?
No início foi mais difícil. São oito horas de diferença e até para falar com a família aqui era complicado. Custou-me mais quan­do estava lá sozinho, depois com a minha família lá fiquei como peixe na água.

Que diferenças existem entre a liga deles e a nossa?
Lá há situações de puro amadorismo. Não sabemos ao certo quando são as datas dos jogos, de um momento para o outro podem alterar. Penso que isso é por sermos uma equipa estran­geira. Do último jogo do campeonato para a meia-final da Taça tivemos três dias de descanso e o nosso adversário, que era de Singapura, teve dez.

O DPMM é a única equipa estrangeira?
Havia também uma equipa japonesa e uma da Malásia. O DPMM quer voltar a competir na Malásia, mas tem de cumprir mais um ano que tem de contrato com a Federação de Singapura.

Viveu algum episódio caricato no estrangeiro?
Logo no primeiro jogo. Lá é muito frequente haver aquelas tem­pestades e, por segurança, têm uma lanterna nos campos que se disparar a luz vermelha é sinal que temos de nos refugiar no balneário. Mas não sabia de nada. Comecei a dar uns toques na bola e a ir sozinho para dentro do campo e eles a gritar, a dize­rem-me para não entrar, e eu sem perceber nada. Teve de ser o Ramazotti a explicar-me. Quando voltei para o balneário esta­vam-se todos a rir.

Inscreveu-se no Sindicato dos países onde jogou?
Só em Espanha. Aqui nem há Sindicato!

O que recorda dos tempos em que partilhava o ataque do Sporting com Cristiano Ronaldo e Edgar Marcelino?
Recordo-me como se fosse hoje. Tínhamos uma equipa fantástica, com um ataque muito forte. Ainda tínhamos o Fábio Ferreira, o Paixão, o Pina, o Fábio Costa... Foi pena não termos sido campeões.

Foi internacional dos sub-18 aos sub-21 e jogou pela se­lecção B. Sente alguma mágoa por não ter chegado à selecção principal?
Não, mas no ano em que saí do Olhanense e estive para ir para o Sporting senti que podia ter sido chamado, era mais fácil estan­do lá. Ainda tive essa esperança. Tinha praticamente tudo certo para regressar, mas as coisas não se concretizaram e fui para o V. Guimarães.

Qual é a sua opinião sobre a actuação do SJPF?
É uma mais-valia e tem-me ajudado imenso. Praticamente por onde passei ficaram com meses por pagar e o Sindicato ajudou-me sempre. Parabéns pelo excelente trabalho e por ajudarem os jogadores.


Perfil
Nome: Paulo Sérgio Moreira Gonçalves
Data de nascimento: 24 de Janeiro de 1984
Posição: Avançado
Clubes que representou: Benfica (formação), Vitória de Lisboa (formação), Oriental (formação), Sporting (formação), Sporting B, Sporting, Académica, Belenenses, Estrela da Amadora, Desportivo das Aves, Portimonense, Salamanca (Espanha), Olhanense, Vitória de Guimarães, AEL Limassol (Chipre), Arouca e DPMM FC (Brunei).