A dolorosa experiência passada ao serviço do Estrela de Portalegre, onde chegou em 2014, já ficou para trás. A promessa de ser testado na I ou II Liga acabou num clube com história mas que estava há quatro anos sem futebol sénior e, por isso, relegado para a I Divisão Distrital.

Em Portalegre, o jogador sul-africano viveu um autêntico pesadelo. “Ficámos todos num quarto, em beliches, e no inverno ficava mesmo muito frio. À noite não conseguíamos aquecer, alguns ficavam doentes mas mesmo assim tinham de jogar. Mas, graças a Deus, tive força para sair dali. Não foi fácil. Só comíamos duas refeições por dia, ao meio-dia e à meia-noite…”, recorda.

A Antónia Chambel, que conhecera nos dias negros no Estrela e o ajudara, Ramu fez saber que pretendia jogar num patamar mais elevado e foi assim que chegou ao SJPF.

No Estágio do Jogador, organizado pelo SJPF para futebolistas sem contrato, Ramu teve a oportunidade de treinar e manter a forma, chamando a atenção dos clubes em busca de jogadores desempregados.

Depois de dois meses no Estágio do Jogador, Ramu recebeu um contacto do Eléctrico de Ponte Sôr, que o integrou no seu plantel. Estreou-se a 20 de novembro com a camisola do novo clube, marcando um dos sete golos da vitória sobre o Arronches e Benfica.

“É bom marcar golos para ganhar confiança. A adaptação ao clube e à cidade está a correr muito bem, o grupo está unido e acredito que no final da época vamos festejar a subida ao Campeonato de Portugal”, afirma, confiante, o jogador sul-africano.

Em Ponte de Sôr, Thibedi Ramu foi recebido de braços abertos por jogadores, treinador e presidente. “Foram todos muito simpáticos comigo. O capitão Edgar foi muito prestável e integrei-me muito bem no grupo. Estou a treinar bem, a jogar e a marcar golos e isso é o mais importante para atingir os meus objetivos.”

O pesadelo vivido em Portalegre já faz parte do passado. “Ponte de Sôr é uma cidade muito calma. Tenho muitos amigos aqui e, graças a Deus, agora tenho todas as condições para seguir em frente. Agradeço esta oportunidade que me foi dada ao presidente José Carlos Lobato e ao treinador Pedro Canário.”

O técnico do Eléctrico está muito satisfeito com o desempenho de Ramu: “É um jogador com muita qualidade para este nível e penso que poderá dar o salto rapidamente. É veloz, tecnicamente muito evoluído, forte no um para um e pode jogar em transição e ataque organizado. Penso que será muito útil para a nossa equipa ao longo desta época.”

José Carlos Lobato, presidente do Eléctrico, explica como se concretizou a vinda de Ramu para o clube de Ponte de Sôr: “A oportunidade surgiu através do nosso treinador, que o observou em Portalegre. O míster sugeriu-me que ele deveria integrar o nosso plantel e nós chegámos a acordo e entendemos por bem tê-lo connosco. O Ramu é um rapaz muito simpático e afável e tem-nos surpreendido pela positiva.”

Ramu, que também ganhou a alcunha de Robinho pelo seu estilo abrasileirado, deixa ainda o seu conselho a todos os que embarcam na aventura de rumar à europa. “Nunca desistam, porque a oportunidade há-de aparecer à vossa frente. Se desistirem, estão a desperdiçar tudo aquilo que fizeram para chegar até ali. E têm de ter cuidado em quem confiam, porque nem toda a gente está a cuidar dos vossos interesses. Algumas pessoas apenas querem algo vosso, outras querem algo vosso mas ajudam-vos. Têm de saber discernir quem faz o quê e quais são as suas intenções.”