“As oportunidades surgem quando menos se espera”


O ex-jogador de 37 anos assumiu o papel de treinador do São Martinho, depois de ter iniciado a época como jogador do clube. Ser técnico principal é algo que ainda confessa se estar a adaptar.

Como está a ser este novo desafio enquanto treinador do São Martinho?
Está a correr muito bem. Ainda estou numa fase de adaptação, a fazer a transição de jogador para treinador. Mas estou a gostar, estou otimista e confiante, está tudo a correr muito bem.

Isso significa que esta inversão de papéis não está a ser difícil?
Não, porque foi tudo muito rápido. Somos obrigados a concentrarmo-nos logo no trabalho. E o facto de pensar que há duas ou três semanas ainda estava a jogar, não faz com que me lembre das dificuldades porque estou concentrado no papel de treinador.

Nesta fase inicial, os colegas ainda o veem como colega de balneário ou já o começam a encarar mais como treinador?
Temos um grupo de trabalho muito bom nesse aspeto, porque sempre foram todos muito respeitadores. A base da equipa e do clube tem sempre de ser a base do respeito e isso toda a gente tem, o que facilita o trabalho.

O SJPF desenvolveu o Programa de Educação e Formação para a preparação do jogador para o pós-carreira. O Rui está a frequentar algum curso ou está a pensar fazê-lo?
Estou a meio do segundo nível do curso de treinadores. Já tinha pensado nisso antecipadamente e tenho uma empresa juntamente com a minha esposa e não estamos só dependentes do futebol. Tenho a minha vida orientada noutro campo também.

Durante a sua carreira enquanto jogador, ganhou uma Taça de Portugal pela Académica. Considera esse o momento alto da sua carreira?
Sem dúvida. Ganhei a Taça de Portugal juntamente com os meus colegas, mas não joguei. Foi um ponto alto, mas agridoce, porque me tinha lesionado em janeiro e ganhámos a Final da Taça de Portugal a 20 de maio. Ainda tive mais oito meses lesionado, fazendo um total de treze meses. Não pude dar o meu contributo, mas em termos do troféu, foi um ponto alto sem dúvida.

Quais os treinadores com quem trabalhou e que tem como referência?
Todos os treinadores têm as suas qualidades e aspetos com os quais me identifico e outros nem tanto. Todos foram importantes, mas cada um à sua maneira, que me marcaram de certa forma. Tenho o Manuel Machado, que foi uma pessoa importante no início da minha carreira, por ter acreditado sempre no meu valor e nas minhas qualidades e o míster André Villas-Boas, com quem gostei muito de trabalhar, foi uma pessoa com quem me identifiquei bastante.

O facto de ter sido promovido a treinador foi uma decisão pessoal ou foi um convite que lhe foi feito?
Já estava um pouco a preparar esta passagem para treinador. Não que estivesse obcecado, até porque já tinha a minha vida orientada noutro campo, mas estava e estou a frequentar o curso de treinador de segundo nível. Esta oportunidade foi por convite da Direção do São Martinho, que me convidou para assumir a equipa até ao final da época e quem sabe, no futuro, haver continuidade.

Tendo em conta os ensinamentos que adquiriu enquanto jogador, quais está a tentar “passar” à equipa enquanto treinador?
A mensagem não se pode focar só num ponto. Tem de ser um pouco abrangente. O que eu digo sempre e o que foi a minha experiência enquanto jogador foi que as oportunidades surgem quando menos se espera e para quando chegarem, temos de estar preparados. Isso implica que todos os dias tenhamos de dar o nosso máximo, melhorar cada dia, em que cada treino. E é nisso que eles têm de acreditar, porque realmente a verdade é mesmo essa, tudo muda de um dia para o outro.

Quais são os seus objetivos a médio e longo prazo?
Os objetivos vou deixá-los para depois. Neste momento só tenho objetivos a curto prazo que é terminar o campeonato da melhor forma possível. Está tudo a correr bem. Fazer com que, se possível, corra ainda melhor, porque há sempre coisas novas e para se melhorar. E neste momento só tenho mesmo esse objetivo, porque estou neste papel há três semanas, ainda estou em fase de adaptação. Para já, não estou focado no que pode vir a longo prazo. Estou focado simplesmente no imediato, a curto prazo, porque é nisso que estou a trabalhar.

Qual a sua opinião acerca do trabalho desenvolvido pelo SJPF e do seu papel no futebol português?
Acho que o Sindicato tem dado passos curtos, mas certos. Não está a querer fazer mil e uma coisas e a transformar tudo, mas aquilo que tem feito, tem feito bem. E só não faz mais porque podia haver mais trabalho de equipa entre entidades estatais, corporativas e não só para ajudar o Sindicato. Tem-se empenhado muito na defesa e no bem-estar dos jogadores. Aquilo que tem feito, tem feito de forma acertada.