“Agradeço ao Sindicato por toda a ajuda que me deram enquanto jogador”


BRUNO BALTAZAR, 36 anos, Alcantarense de coração e ex-treinador do Atlético, elogia o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e a qualidade dos técnicos portugueses.

Na I e II Ligas são raros os treinadores estrangeiros. É sinal do valor do treinador português?

A qualidade do treinador português é inquestionável e é nesta altura reconhecida em Portugal e no estrangeiro. Na minha opinião a competência não tem nacionalidade, mas é evidente que os treinadores portugueses são dos melhores do mundo, não fazendo desta forma nenhum sentido contratar treinadores estrangeiros.

 

Na sua opinião, os treinadores portugueses estão mais qualificados ou assistiu-se a uma mudança de mentalidades dos dirigentes que começaram a olhar para os técnicos portugueses de maneira diferente?

Creio que na última década houve uma grande mudança na forma de pensar e de operacionalizar o treino por parte dos treinadores portugueses. Na minha opinião esta grande mudança metodológica foi causada pelo José Mourinho e pela sua forma de abordar o treino. Assistimos a uma clara evolução na forma de trabalhar dos treinadores portugueses, mas creio que também é de louvar a mudança de mentalidade dos dirigentes nacionais, que finalmente se aperceberam que existe muita qualidade e competência nos treinadores nacionais.

 

Tendo em conta a sua experiência como ex-jogador e agora treinador, a relação treinador/jogador tem vindo a alterar-se ao longo dos anos?

A relação treinador/jogador tem vindo a mudar bastante ao longo dos tempos. Quando subi aos seniores no final da década de 90, ouvia histórias dos meus colegas mais velhos sobre alguns treinadores e da forma como estes se relacionavam com os seus jogadores. Confesso que algumas das histórias que ouvia eram intimidantes, mas os tempos mudam e na minha opinião essa forma de liderar e de se relacionar com os jogadores já não se coaduna com a realidade dos nossos dias. 

 

Acha que os dirigentes estão mais pacientes com os treinadores e não recorrem tanto à “chicotada psicológica” ou isto é daquelas “coisas” que não há volta a dará?

Creio que aos poucos os dirigentes portugueses estão a mudar a sua forma de pensar. Os treinadores precisam de tempo e de condições de trabalho para atingirem os objetivos propostos, e aos poucos já se vê dirigentes "pacientes" e conscientes da estabilidade necessária para os treinadores poderem fazer um bom trabalho. Infelizmente ainda se vê alguns casos de clubes com duas e três "chicotadas" numa época, mas creio que essa tendência tem vindo a diminuir. 

 

Tem alguma referência como treinador?

Aprendi muito com alguns treinadores com quem trabalhei enquanto jogador tais como, José Morais, Daúto Faquirá, Rui Gregório entre outros. Todos eles, de um modo ou de outro, foram bastante importantes para a forma como encaro o futebol e o processo de treino. A outro nível, admiro a competência e o sucesso de José Mourinho e André Villas Boas.

 

Está a decorrer o Estágio do Jogador – iniciativa do SJPF para jogadores desempregados. O que tem a dizer sobre esta iniciativa?

É uma iniciativa louvável e que recomendo a todos os jogadores desempregados. Participei em duas edições do estágio e a forma profissional, séria e competente com que se trabalha, são um grande incentivo para um momento delicado na carreira dos jogadores. Os jogadores têm de uma vez por todas ter a consciência que representam uma classe, e que desta forma devem ser unidos e solidários para terem os seus direitos defendidos. Fantástico trabalho do Sindicato neste campo, que aproveito desde já para saudar e agradecer por toda a ajuda que me deram durante a minha carreira de jogador. 



Nome: Bruno Miguel Nunes Baltazar

Idade: 36 anos

Clubes como treinador: Sintrense e Atlético