"Queremos ser a voz das jogadoras"


Jogadora integra equipa do SJPF.

A jogadora Edite Fernandes, de 35 anos, é o novo rosto do SJPF no apoio ao desenvolvimento e à promoção do futebol feminino em Portugal. Em funções desde o dia 1 de Setembro, Edite Fernandes junta-se a Carla Couto, embaixadora e delegada do SJPF para o futebol feminino.

A futebolista do Valadares Gaia e capitã da Selecção Nacional quer melhores condições para as jogadoras e, por isso, decidiu aceitar o convite do Sindicato para integrar a equipa dedicada ao futebol feminino.

Edite Fernandes é a jogadora portuguesa em actividade com mais internacionalizações (122), representando o Valadares Gaia desde a temporada 2012/13. A avançada passou grande parte da sua carreira ao serviço do 1.º Dezembro, clube no qual jogou entre 1998 e 2003 e entre 2005 e 2008.

A internacional portuguesa iniciou a sua carreira no Boavista em 1996, tendo ainda passagens por Espanha, China, Noruega e Estados Unidos da América. Edite ganhou nove campeonatos nacionais, três Taças de Portugal e uma Superliga Chinesa.

Em entrevista ao site do SJPF, a futebolista revela que quer contribuir para a evolução do futebol feminino em Portugal, ajudando as jogadoras com a sua experiência.

Por que decidiu aceitar o convite do SJPF?
Decidi aceitar o convite para reforçar a equipa do Sindicato e contribuir para o crescimento da modalidade. O facto de a Carla Couto integrar a equipa do SJPF e de ser um exemplo e uma referência para o futebol feminino também influenciou a minha decisão.

Como pode ajudar a contribuir para o desenvolvimento da modalidade?
Acima de tudo quero motivar e incentivar as jogadoras para a prática da modalidade e contribuir com a minha experiência. Quero ser um exemplo e uma referência para as mais jovens e, tanto eu como a Carla, queremos ser a voz das jogadoras.

Quais são os principais problemas do futebol feminino?
A falta de apoios e de patrocinadores. Os clubes têm dificuldades em sustentar a modalidade durante a época.  

As jogadoras têm dificuldade em conciliar a vida pessoal e familiar com o futebol?
Sim, porque muitas delas são mães e o facto de os treinos serem à noite não ajuda. Há dificuldade em conciliar as duas vertentes, as jogadoras estão cansadas ao fim de um dia de trabalho, mas quem corre por gosto não cansa. Temos de fazer esse sacrifício e motivar as jogadoras para a prática da modalidade.

Os clubes oferecem às jogadoras as condições necessárias em termos de infra-estruturas?
Nem todos. Alguns clubes têm dificuldades. São poucos os que conseguem patrocínios para investir em equipamentos desportivos.

O futebol feminino ainda é visto como uma actividade menor?
Infelizmente, sim. É uma modalidade amadora, mas nós temos de trabalhar e batalhar para contrariar essa ideia.  

A aposta dos chamados “clubes grandes” (Benfica, FC Porto e Sporting) no futebol feminino seria benéfica para a modalidade?
Na óptica das jogadoras e enquanto membro do Sindicato, sim. Seria importante porque iria melhorar a qualidade de treino, a carga horária seria diferente, existiriam mais apoios financeiros e melhores condições para as jogadoras em termos médicos.

As instituições governamentais devem dar uma maior atenção ao futebol feminino?
Penso que sim. É uma modalidade amadora, mas está em fase de crescimento e deviam existir mais apoios e investimento. O futebol feminino é uma actividade que terá retorno financeiro, se houver investimento.

A profissionalização da modalidade é o caminho a seguir?
Neste momento ainda é um pouco irreal pensar na profissionalização do futebol feminino. Ainda há muitas alterações a fazer, antes de se avançar para esse cenário. Não podemos ‘dar um passo maior do que a perna’ e devemos evoluir com cautela.

Como vê os recentes resultados desportivos das selecções portuguesas?
As sub-16 e sub-17 participaram no Campeonato da Europa do ano passado e tiveram uma boa prestação. As sub-19 qualificaram-se para a Ronda de Elite de apuramento para o Europeu e penso que o trabalho da Federação e de todas as selecções estão em sintonia e vão no bom caminho.

Qual é o seu maior desejo para o futebol feminino português?
A existência de um campeonato muito mais competitivo.


Perfil
Nome: Edite Cristiana Fernandes
Data de nascimento: 10 de Outubro de 1979
Clubes como jogadora: Boavista (1996 a 1998), 1.º Dezembro (1998 a 2003 e 2006 a 2008), Team Beijing (2000/2001), SC Huelva (2004 a 2006), Prainsa Zaragoza (2008/2009), Atlético de Madrid (2009), FK Donn (2010), SC Blue Heat (2011/2012), Montra de Talentos/A.C.M. (2012) e Valadares Gaia (2013 até ao presente).