Mente sã... corpo são


Pressão para ganhar, resultados combinados, lesões, doping, opções do treinador, problemas familiares, todas estas vicissitudes da profissão e da vida levam a que muitas vezes os jogadores não estejam preparados para superar tantas adversidades e consigam manter o rendimento em campo e o equilíbrio fora dele.

Um estudo recente da FIFPro revela que um em cada quatro jogadores ressente-se da pressão da profissão. A depressão e a ansiedade são dois distúrbios muito sentidos por jogadores de futebol e, de acordo com a investigação, um quarto dos atletas sofre de depressão ou ansiedade, doenças que se manifestam com maior incidência quanto maior for a proximidade do final de carreira.

Os resultados do estudo demonstram que 26% dos futebolistas sofre de depressão ou ansiedade e que 19% dos atletas acaba por desenvolver hábitos de excessivo consumo de álcool. Stress (10%), maus hábitos alimentares (26%), tabagismo (7%), esgotamento (5%) e baixos níveis de auto-estima (3%) são outros dos grandes problemas que os futebolistas enfrentam.

O SJPF não é indiferente a esta temática e vai apresentar um programa sobre saúde mental que procura ir ao encontro dos jogadores que se debatem com estes problemas. Estamos conscientes da pressão inerente a esta profissão de curta duração e desgaste rápido: os resultados, a pressão dos adeptos, dos agentes, dos investidores, do treinador, a família, o facto de os jogadores não estarem preparados para o pós-carreira, porque muitos deles ainda abandonam muito cedo a escola e não lidam bem com o stress provocado pelo final da carreira.

Muitos outros factores podem afectar gravemente a saúde mental dos jogadores, seja a morte de um ente querido, como infelizmente aconteceu com Hugo Vieira, ou uma lesão grave e correspondente afastamento da actividade, como aconteceu com Fábio Faria. E ainda está na nossa memória a morte trágica do guarda-redes Robert Enke.

Neste contexto, o  SJPF, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Psicologia, vai abordar as questões da saúde mental e do bem-estar do jogador e colocar ao seu dispor instrumentos que ajudem a minimizar e a superar estes problemas.  O futebol é um jogo bonito, mas também é um jogo cada vez mais difícil e os jogadores profissionais de futebol não são máquinas, são seres humanos. Pelo jogador, pelo futebol!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (10 de Novembro de 2015) 

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