Quem semeia ventos…


Quem semeia ventos colhe tempestades… já diz o povo sabiamente e o clima que se vive atualmente no futebol português reflete isso mesmo.

Dirigentes, comentadores, agentes desportivos, todos os que alimentaram nos últimos anos um discurso de acusação, suspeição, intolerância, violência verbal, na mais pura forma de falta de valores e desportivismo, contribuíram com o poder das suas palavras para que um grupo criminoso se sentisse no direito de invadir um complexo desportivo, que é também um local de trabalho, para agredir, insultar, semear o terror. Tão inacreditável quanto repugnante!

Existiram episódios anteriores relacionados com guerrilhas entre adeptos, sim, tentativas de invasão de outros centros de estágio no nosso país, como há pouco tempo sucedeu em Guimarães, é verdade, mas nunca com esta premeditação, nível de violência, exposição pública e consequente impacto social.

Estamos, oficialmente, nas bocas do mundo pelas piores razões e espero, por isso, uma resposta exemplar na punição dos que levaram a cabo este ataque.

Quero enaltecer o caráter de todos os jogadores do Sporting, mesmo aterrorizados, afetados psicologicamente como qualquer um de nós estaria na mesma situação, quiseram jogar a final de domingo por algo maior do que os próprios, respeitando o país, o futebol português e aqueles que o vivem positivamente, com um profissionalismo que me faz, cada vez mais, respeitar a classe que represento.

Foi de forma negligente que se legitimou esta página negra da história do futebol português, e dá que pensar, que há bem pouco tempo debatíamos no Parlamento o estado do desporto e o que podia ser feito para combater a violência. Vi muitos projetos individuais, pouca vontade em obter compromissos… nenhuma em aplicar a lei!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (22 de maio de 2018)

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