Carlos Manuel

Ficará para sempre na memória dos portugueses como "o herói de Estugarda" graças ao fabuloso golo que marcou frente à Alemanha e que qualificou Portugal para o Mundial de 1986, no México. Poderoso e frontal, Carlos Manuel foi um dos melhores médios do futebol português na década de 80.

Natural da Moita, Carlos Manuel nasceu a 15 de Janeiro de 1958. Aos 14 anos de idade, empregou-se nos Caminhos de Ferro do Barreiro. Prosseguiu os estudos à noite - na escola industrial - e pouco depois passou de aprendiz a oficial de segunda.

Esteve para realizar testes no Barreirense mas a sua rota mudou na direcção da CUF (onde em tempos jogou hóquei em patins).

Carlos Manuel treinou (no mesmo dia que Chalana, que foi chumbado!), encantou e, naturalmente, ficou. No Estádio Alfredo da Silva permaneceu até 1978. Seguiu-se o

Barreirense. Deu nas vistas e no final dessa época foi cobiçado por Sporting, FC Porto e Benfica. Optou pelo clube da Luz que era quem lhe oferecia as melhores condições. Para trás ficavam nove horas por dia a malhar nas rodas do comboio com uma marreta de oito quilos nas mãos. 

No Benfica, a "Locomotiva do Barreiro" pegou de estaca e nessa mesma época foi chamado pela primeira vez à Selecção Nacional. Com o passar dos anos passou a encarnar a verdadeira mística benfiquista. O seu consulado na Luz durou desde 1979/80 até meio da época de 1987/88. Durante esse período venceu quatro campeonatos nacionais, cinco taças de Portugal e duas supertaças. Pelo meio, a desilusão de ter perdido a final da Taça UEFA para os belgas do Anderlecht.

Adeus Benfica

A meio da temporada de 1987/88 mudouse para os suíços do FC Sion. Ficou apenas seis meses em terras helvéticas.

Pela mão de Jorge Gonçalves foi apresentado como uma das "unhas de ouro" do Sporting. Em Alvalade permaneceu durante duas épocas, chegando a capitanear a equipa, e foi distinguido com o Prémio Stromp. Em 1990/91 transferiu-se para o Boavista.

Dois anos depois, regressou a Lisboa para jogar no Estoril. A meio de 1993/94, a direcção do clube da Linha pediu-lhe para substituir Fernando Santos no comando técnico. Aceitou e nasceu aí a sua carreira como treinador.

Além do Estoril, Carlos Manuel já treinou o Salgueiros, Sporting, Sporting de Braga, Campomaiorense, Santa Clara, Olivais e Moscavide. Neste momento orienta o Atlético.

Selecção

Carlos Manuel estreou-se pela Selecção Nacional a 26 de Março de 1980 frente à Escócia (derrota por 1-4). Esteve presente nas fases finais do Campeonato da Europa de 1984, disputado em França, e do Mundial de 1986, realizado no México.

Foi porventura o principal responsável pelo apuramento de Portugal para este Campeonato do Mundo. No último jogo da fase qualificação, Portugal tinha de derrotar a Alemanha, no reduto desta, para conseguir o apuramento. José Torres, o seleccionador nacional, pedia para o deixarem sonhar e Carlos Manuel fez-lhe a vontade com um remate de fora da área, indefensável para o gigante Schumacher.

Portugal ganhou por 0-1 e apurou-se pela segunda vez na sua história para uma fase final de um mundial.

No México, apontou o golo - o seu último com a camisola das quinas - da vitória sobre a Inglaterra, na primeira jornada. "Esta foi a vitória da dignidade dos jogadores portugueses", lembrou então. Foi apontado como um dos rostos da revolta dos jogadores portugueses – o célebre Caso Saltillo - e prometeu nunca mais voltar a alinhar por Portugal enquanto Silva Resende se mantivesse na Federação Portuguesa de Futebol. Cumpriu a promessa.

Ao todo, entre 1980 e 1986, Carlos Manuel acumulou 42 internacionalizações (8 golos).

Mais Glórias