Nené

Goleador exímio, Tamagnini Nené ficou na retina dos amantes do futebol pelo seu estilo elegante e eficaz. Um "matador" que paramarcar não precisava de "sujar os calções".

Finalizador nato, Nené ficou na história do Benfica e do futebol português. Não era dado a grandes "extravagâncias" - leia-se jogador raçudo e de confronto físico – mas sim um futebolista racional e veloz que estava sempre no sítio certo para concluir. Nas 18 épocas que jogou na I Divisão - sempre ao serviço do Benfica - marcou 262 golos em 421 jogos.

Tamagnini Gomes Baptista Nené nasceu a 20 de Novembro de 1949, em Leça da Palmeira. Viveu grande parte da sua infância e juventude em Moçambique. Começou a jogar no Ferroviários de Manga e, logo na primeira época, foi considerado júnior do ano em Moçambique. Tal feito valeu notícia e fotografia no jornal "Notícias da Beira".

Tamagnini, pai de Nené, orgulhoso pelo sucesso do filho, enviou o respectivo recorte para Lisboa. Destinatário: Domiciano Cavém, jogador do Benfica, e primo de Nené.

Chegou ao Benfica em 1967, para a equipa júnior. Tinha 17 anos. A 18 de Novembro de 1968, Otto Glória lançou-o na I Divisão, frente ao Vitória de Guimarães. Jogou pouco ao longo da época mas mesmo assim conquistou o primeiro dos seus dez títulos de campeão nacional.

Na temporada de 1970/71 afirmou-se em definitivo como titular indiscutível no clube da Luz. O inglês Jimmy Hagan apostou verdadeiramente nas suas qualidades. Nené começou por ser extremo-direito. Veloz, com facilidade em chegar à linha de fundo e tirar cruzamentos precisos, ganhou rapidamente o estatuto de grande jogador da sua geração.

Ganhou reconhecimento internacional e chegou a receber convites de colossos europeus como o Real Madrid, por exemplo. Também FC Porto e Sporting tentaram a sua contratação. Mas Nené ficaria no Benfica até ao fim da sua carreira, mantendo-se na Luz, até hoje, como treinador das camadas jovens.

Em 1973 foi convocado para uma Selecção da Europa, juntamente com jogadores como Eusébio, Cruyff ou Fachetti. A partir de 1975, Mário Wilson transformou-o em ponta-de-lança. E Nené cumpriu fazendo golos, muitos golos.

"Imune" a lesões, Nené foi durante 11 anos o jogador mais internacional por Portugal com 66 internacionalizações (22 golos). Marca obtida entre 1971 e 1984.

O fim

Aos 36 anos, decidiu pendurar as botas. Para trás ficaram 10 títulos de campeão nacional, seis Taças de Portugal e duas Supertaças. Após o Europeu de 1984, disputado em França - para a história fica o golo frente à Roménia (1-0) que apurou Portugal para as meias-finais - abdicou da Selecção. Seguiram-se duas épocas já sem o fulgor de antigamente.

Aos quadros do Benfica pertence até hoje (apenas com um breve interregno na era Vale e Azevedo).

Após abandonar a prática da modalidade, em 1986, dedicou-se ao futebol juvenil do clube, ainda que tenha feito uma fugaz incursão nos seniores, coadjuvando Mário Wilson.

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