António Simões

António Simões Costa nasceu a 14 de Dezembro de 1943, em Corroios – localidade situado no actual concelho do Seixal – e começou a dar os primeiros pontapés  na bola no Almada Atlético Clube. Aos 15 anos –  um ano após a morte do seu pai – acumulava o gosto pelo futebol com o emprego numa casa de máquinas de escrever.

O seu virtuosismo não passou despercebido aos principais clubes de Lisboa e o Belenenses foi o primeiro a chegar à frente. O clube do Restelo pagava-lhe o transporte e 15 escudos por treino. Tudo apontava para a transferência para o emblema da cruz de Cristo quando divergências financeiras – o Almada queria 50 contos, o Belenenses oferecia 15 – inviabilizaram o negócio.

Surgiu então o Sporting. Os verde e brancos ofereciam a Simões 750 escudos/mês só para treinar (ao domingo jogava pelo Almada). Até que apareceu o Benfica. O clube encarnado acertou tudo com a mão de Simões – D. Palmira –, chegaram a acordo com o Almada e o extremo-esquerdo assinou pelo Benfica. Seis meses depois de ter chegado à Luz, em 1959/60, sagrou-se campeão nacional de juniores.  

A estreia “a sério” de águia ao peito surgiu a 3 de Janeiro de 1960, frente ao Belenenses (marcou um golo na vitória por 3-0). Dividiu a época de 1960/61, entre os juniores e os seniores.

Bella Guttmann proporcionou-lhe o arranque para a glória. A 18 de Setembro de 1961, a contar para a Taça Intercontinental, o Benfica foi goleado pelo Peñarol, em Montevideu, por 0-5 – tinha ganho por 1-0, na Luz. O técnico, desgostoso com a derrota, ordenou que Simões e Eusébio embarcassem no avião para jogarem o desempate. Os dois jovens fizeram uma exibição de grande nível, apesar do desaire por 1-2. No regresso, Simões voltou para as reservas mas por pouco tempo.

A 15 de Janeiro de 1962, defrontou o Sporting, num embate que acabou empatado a três. Desde então nunca mais saiu da equipa. Foi campeão europeu com apenas 18 anos.

No Benfica, além da Taça dos Campeões Europeus, ganhou ainda 10 campeonatos nacionais e cinco taças de Portugal.

Abandonou o Benfica em 1975 e foi jogar para os Estados Unidos da América, onde alinhou nas formações do Boston Minutemen, do San José Earth Quakes e do Dallas Tornado (quando o campeonato americano parava regressava a Portugal e chegou a jogar no Estoril e no União de Tomar).

Terminou a carreira nos EUA, iniciou a carreira de treinador, tornou-se empresário e foi inclusivamente eleito deputado pelo CDS no Círculo de Fora da Europa.

A nível de selecção, enquanto jogador, participou na histórica caminhada dos magriços no Mundial de 66, onde Portugal alcançou o terceiro lugar. Com a camisola das Quinas, Simões somou 46 internacionalizações e marcou três golos.

Desde que pendurou as botas desempenhou vários cargos no Benfica, na Federação Portuguesa de Futebol e em vários clubes, tanto em Portugal como no estrangeiro. Actualmente, exerce as funções de seleccionador nacional do escalão de sub-23.

No SJPF

A constituição do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) reporta-se a 23 de Fevereiro de 1972, em pleno regime fascista. António Simões integrou a primeira comissão directiva juntamente com Artur Jorge, Eusébio, Fernando Peres, Rolando, Manuel Pedro Gomes e João Barnabé, entre outros.

No primeiro comunicado, exigia-se “justas condições (actuais e futuras) a todos os praticantes, quer através das cláusulas dos vários contratos, quer através da programação de previdência e assistência obrigatórias relativamente ao profissional que venha a necessitar das mesmas”. De forma veemente, sublinhava-se que “não se poderá manter um regime, como por exemplo o relativo à Lei da Opção, em atropelo das leis de trabalho vigentes entre nós, e que não tem em consideração os mais elementares direitos humanos”. Na altura, eram considerados profissionais todos os que auferissem um salário superior a dois mil escudos. O valor das quotas situava-se entre os 35 e os 50 escudos mensais.

A convite de António Simões, em 1968, Jorge Sampaio, ex-presidente da República, foi constituído como advogado do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, com a missão de elaborar os estatutos do organismo representativo da classe e de discutir a formalização do sindicato com o Governo de então, liderado por Marcelo Caetano.

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