Hilário

Hilário Rosário da Conceição nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, a 19 de Março de 1939. Começou a jogar futebol em criança no FC Arsenal, um clube que fundou juntamente com os amigos.

O seu talento levou-o a ingressar no Atlético de Lourenço Marques, em 1953. Corria, fintava, marcava mas tinha um problema: só conseguia jogar descalço. Por não se adaptar às chuteiras esteve um ano e meio sem jogar futebol. Entretanto, passava o tempo a disputar jogos de basquetebol. Aos 16 anos finalmente estreou-se no futebol como médio centro. Deslumbrou.

Porém, como era natural naqueles tempos, precisava de um emprego. Sabendo desse desejo, os dirigentes do Sporting de Lourenço Marques aliciaram-no com um emprego na Companhia das Águas. Hilário disse que sim e transferiu-se. O seu valor era inquestionável e o Sporting da metrópole não teve hesitações em contratá-lo. Em Alvalade tornou-se num dos jogadores mais marcantes da história leonina. Alinhou de leão ao peito durante 15 épocas. Durante esse período conquistou três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e uma Taça das Taças. Por azar, Hilário perdeu a finalíssima da Taça das Taças frente aos húngaros do MTK de Budapeste. Dias antes desse encontro fracturou a tíbia no encontro com o Vitória de Setúbal. Apesar do infortúnio ganhou forças para mandar uma mensagem aos colegas: “Lutem até ao fim, tenho-vos no coração”, escreveu num telegrama. Após a vitória, os seus colegas, quando chegaram a Lisboa, dirigiram-se de imediato para casa de Hilário para partilharem o triunfo.

Despediu-se do futebol na final da Taça de Portugal, de 1973, que o Sporting venceu.Após ter abandonado a prática, dedicou-se à carreira de treinador. Começou por ser treinador adjunto no Sporting e em 1975 foi treinar o Sporting de Braga. Orientou ainda o Recreio de Águeda e rumou a Moçambique. Neste país de África treinou o Ferroviário, o Matchejde, sempre com bons resultados, e a selecção moçambicana. Em 1993 regressou a Portugal. Regressou ao Sporting para integrar a equipa técnica liderada por Carlos Queiroz. Desde então mantém ligação ao Sporting.   

Magriço com “M” grande

Ao serviço da Selecção Nacional, Hilário coleccionou 39 internacionalizações (capitão em seis ocasiões). Estreou-se a 11 de Novembro de 1959, num França-Portugal (5-3). O seu grande momento com a camisola das Quinas foi o Mundial de 66. Para além dos astros do ataque português, todos eles benfiquistas, foi este defesa-esquerdo que mais conseguiu destacar-se. De tal forma que foi titular indiscutível nos seis jogos e, segundo os especialistas, o jogador nacional que teve um desempenho mais regular em toda a campanha.

Até 17 de Dezembro de 1971 – dia de um Bélgica-Portugal (3-0) de qualificação para o Europeu de 1972 –, continuou a ser seleccionado, ao mesmo tempo que no Sporting era um jogador imprescindível.

Em 1972, com 34 anos, a sua cotação internacional continuava em alta, sendo convocado para uma selecção da Europa, que defrontou a sua congénere da América do Sul tendo alinhado ao lado de Fachetti e Cruijff. Uma chamada justa de um jogador de eleição.

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