Tozé

“Na altura nem imaginava que era possível chegar a levantar o troféu. Ainda hoje é inacreditável, porque todos continuam a associar-me à imagem do campeão do Mundo que levantou a taça. É algo que não consigo descrever”, afirmou há algum tempo Tozé à Lusa. E é verdade, Tozé será sempre para o futebol português “o capitão de Riade”.

António José Azevedo Pereira, vulgo Tozé, nasceu em Matosinhos, a 6 de Setembro de 1969. Foi no clube da terra, o Leixões, que Tozé surgiu para o futebol.

Ali iniciou e terminou a carreira como futebolista profissional. Pelo meio jogou ainda no Tirsense (entre 1992 e 1996), no Leça (duas épocas), no Alverca (1998/99) e no Maia (1999/2000). Vestiu 37 vezes a camisola de Portugal nas selecções jovens (um golo) e despediu-se dos relvados aos 32 anos, em 2002, após a final da Taça de Portugal entre o Leixões e o Sporting.

Tal como em muitos outros casos da “geração de Riade”, pode dizer-se que Tozé passou ao lado de uma carreira e que não conseguiu dar o salto esperado a nível profissional. Mas talento não lhe faltava. “Acho que podia ter chegado mais longe mas nunca estive em nenhum clube em que conseguisse perceber se podia chegar a um patamar mais elevado. Se fosse hoje, acho que 90 por cento dos jogadores tinha conseguido uma carreira totalmente diferente”, explicou.

Dos 18 campeões de Riade, “só três ou quatro conseguiram destacar-se e chegar ao patamar máximo nos clubes e na selecção”, recorda Tozé. “A quantidade e a qualidade actual dos empresários é determinante no sucesso”, justifica.

Porém, o êxito alcançado em 1989 permitiu alterar um pouco a realidade do futebol português e a forma de pensar dos seus dirigentes e treinadores. “O jovem no futebol português não tinha oportunidades, abundavam jogadores estrangeiros, nomeadamente brasileiros, e nós, com a nossa humildade e com aquilo que conseguimos, tentámos inverter essa opinião e forma de pensar”, acrescenta Tozé.O seleccionador nacional Carlos Queiroz não abdicou de Tozé durante a competição. O médio do Leixões alinhou nos seis jogos que Portugal disputou durante o Mundial. No encontro decisivo, frente à Nigéria (vitória por 2-0, com golos de Abel Silva e Jorge Couto), Tozé jogou ao lado de Filipe (Sporting) e de Hélio (Vitória de Setúbal). O capitão não dava muito nas vistas mas era uma espécie de pêndulo no meio do terreno. Era um daqueles jogadores que pela sua utilidade e capacidade de trabalho todos os treinadores gostam de ter nas respectivas equipas. 

Como recordação da gloriosa epopeia, Tozé ainda hoje guarda a braçadeira e uma bola da competição, assinadas por toda a comitiva lusa.

Depois de abandonar os relvados, o médio exerceu diversos cargos directivos e técnicos no Leixões e chegou a enveredar pela carreira de treinador. Entretanto, decidiu voltar a estudar e tirar a licenciatura de Educação Física e Desporto, no Instituto Superior da Maia. Um exemplo para as gerações mais novas.

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