Pedro Gomes
Marcou os dois únicos golos da sua carreira no espaço de duas semanas, mas não é isso que faz a história de um dos melhores laterais de sempre do futebol português. O SJPF revisita a vida de Pedro Gomes.

Torres Novas via nascer, a 16 de outubro de 1941, o menino Sporting. O rapaz de marcação forte, eficaz e determinante nas táticas dos seus técnicos acabou por tornar-se um dos melhores defesas direitos da História do futebol nacional. Pedro Gomes foi, e ainda é, um dos símbolos maiores do emblema de Alvalade.

Após ter feito a formação no Sporting, a estreia pelo clube do coração dá-se no último ano de 1961. Do alto dos seus frescos vinte anos, Pedro Gomes apresenta-se no embate da Taça contra o Cova da Piedade. Os sportinguistas haveriam de festejar o 5-1, numa espécie de ensaio para o que viria a acontecer no final da época. Pedro Gomes foi campeão logo na primeira época de sénior. Não é para todos.

Ao longo da temporada seguinte, Pedro Gomes foi suplente muito utilizado e a afirmação acabaria por chegar em 1963/1964. Nesse ano, o lateral joga quase sempre e acaba por vencer a histórica Taça das Taças. Essa mesmo, em que o Sporting deu 5-0 aos gigantes do Manchester United. Pedro Gomes pode dizer que esteve lá. Também não é para todos.

A parte mais difícil da carreira de Pedro Gomes ainda foi a de marcar golos. Ao décimo ano de carreira de sénior, em 1971, o defesa lá consegue abanar a rede do Glasgow Rangers. Era o dia 20 de outubro e o Sporting acabaria por perder por 3-2. No jogo seguinte, os Rangers tornaram a provar o veneno de Gomes. A segunda mão terminou com um 4-3 a favor do Sporting. Depois deste encontro, Pedro Gomes não mais tornaria a marcar de leão ao peito. Por falar nisso, a carreira de futebolista do defesa do clube de Alvalade acabaria por terminar no dia 26 de novembro de 1972, com uma derrota por 1-0 contra a CUF do Barreiro. Ainda assim, a vida de botas calçadas resultou em dois campeonatos nacionais e três Taças de Portugal.

Pedro Gomes foi também fundamental na criação do Sindicato, numa altura em que as situações contratuais entre clubes e jogadores começavam a ser “insuportáveis”. Quem o diz é o próprio Pedro Gomes, numa entrevista recente ao SJPF. Nos primeiros tempos, o Sindicato “conquistou todos os direitos inerentes aos profissionais de futebol” e acabou por estruturar-se de forma a alcançar hoje, “um dos lugares mais cotados entre os sindicatos de todo o mundo”.

Quando o terreno de jogo passou a ser visto a partir do banco, Pedro Gomes também não se saiu mal. Ao longo de mais de três décadas, passou por clubes como Oriental, Marítimo, Farense, Rio Ave, Académica, União de Leiria, Belenenses, Nacional, Sporting, Torreense, Tirsense, Trofense, Vila Real, Lusitano de Évora, Olhanense, União de Tomar, Benfica e Castelo Branco, Atlético e Marco. Tendo acabado a carreira de treinador em 2009, o ex-lateral dedica-se agora a comentar esporadicamente os lances de que já foi protagonista.

Em jeito de balanço final, a carreira de Pedro Gomes traduz-se em números  fora de série: a jogar foram 12 épocas, nove internacionalizações, 516 jogos e dois golos, e a treinar foram 19 clubes em 35 anos. Não é para todos!

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