EUSÉBIO… humilde no trato, nobre nos sentimentos, enorme no talento!


Homenageamos Eusébio em vida no nosso Instituto Universitário da Maia – ISMAI, para que seu testemunho fizesse eco na nossa comunidade académica.

Em domingo de “reis” o King deixou-nos. Ficará a saudade. Abraço solidário.

Foi desta forma que me quis associar à partida do “pantera negra”, enviando em expressão escrita este meu sentimento ao SL Benfica, à família e a demais informação pública.

Muito já foi escrito, pensado, dito, na partida deste ícone verdadeiramente nacional e que se apresentou em Lisboa envolto numa expressão mais rica e nobre do ser humano, que reside na sabedoria da humildade, tendo a capacidade de rasgar horizontes e captando o eco nas multidões.

Em Eusébio uma sublime combinação entre o músculo e a inspiração que rompia em cada domingo, numa fórmula de reunir a paixão de bem jogar, desafiando todas as regras, desviando-se dos caminhos da rotina e fazendo da imprevisibilidade e ousadia a apologia do talento.

Com Eusébio a interpretação duma dinâmica de jogo, privilegiando o lado humano da vivência dialógica, numa repetida atitude de abertura ao serviço do coletivo.

Com Eusébio a pensar o jogo, este ganhava alta rotação e na sua condição de errante no espaço e convertido no tempo, fazia através da velocidade, inspiração e técnica, a oportunidade de simular no gesto a vitória de conquista, gritando a linguagem do golo marcado, envolta num estilo inconfundível.

Via-se em Eusébio uma conversão de humildade cativante e a existência duma sensibilidade que tanto nos tocava com a emoção, o seu sorriso.

Com Eusébio em campo, o jogo tinha uma dimensão mais alargada no conceito da imagem percebida, com a inclusão dum romantismo efervescente, caraterizado com uma estética determinante, onde se cultivava o movimento e fazendo da competição um espaço de partilha. Após o jogo ter terminado, permanecia no espetador a saudade do futuro.

Nem sempre compreendido, por vezes abandonado aos “sanguessugas” de ocasião, o King passou as curvas apertadas do seu tempo, com distinção e louvor.

E como refere F. Pessoa “quando depois da lâmpada quebrada, sua luz vacilante se extinguiu, muito mais do que a luz por ela derramada, ficará a lembrança do que se partiu”!

Deste modo, convertido em laços de afeto, reconstruo a sua imagem, cultivando com saudade, a memória da sua existência!