O futebol à luz da ciência da motricidade humana


Estudo correspondente à Transição de Carreira

No Artigo de hoje vou procurar debruçar-me, de forma muita lata, a um trabalho por mim vivenciado, que esteve na base das minhas provas de Doutoramento, apresentado no passado dia 1 de Junho, na sala dos Actos da Universidade da Beira Interior - Covilhã

Orientado pelos Professores Doutores Guedes de Carvalho, Antunes de Sousa e tendo como patrono o meu querido Professor Manuel Sérgio, vi-me sujeito à apreciação do restante Júri, nomeadamente os Professores Doutores José Soares, Jorge Silvério, António Marques e Carlos Fernandes, representando as Universidades do Porto, Minho, Beira Interior e Aveiro respectivamente.

Todos consideraram este Tema importante pela sua originalidade e de referência fundamental para o momento. Assim, procurei apresentar um Estudo referenciado pelas vivências em sangue experimentado no âmbito do Futebol, como Desporto em acto onde emerge o sangue , o desejo, a rebeldia, as emoções, os sentimentos e … a vida.

 Podendo olhar de perto e sentindo a transição de carreira ,foi estudada ao nível da fenomenologia da consciência em dois dos grandes palcos da minha experiência – CADEIA (1976/81) e F.C.PORTO (Campeões Europeus 1987).

Numa perspectiva holística e integrativa podemos avançar por um lado com a abertura a  novos caminhos em favor do homem que subjaz no jogador/campeão e que no palco da vida  recebeu o aplauso. Em referência ao recluso, condenado, culpado, o Desporto acabou por funcionar como elemento de relação, de encontro com um espaço genuíno de vivência humana.

Foi por isso apresentado um estudo no âmbito do Futebol, referenciando a força e o porquê da sua popularidade, não apenas pelo teor transgressivo e bizarro do seu padrão gestual ou pela idiossincrasia e contágio do povo que o consome, mas por outros relatos circunstanciais em que os aspectos fisiológicos, psicológicos e que a assumpção táctica acusa e exige uma “Nova Visão do Treino”,  para conferir com maior fidelidade o que convencionamos ser as “Equipas de Sucesso”.

Por outro lado, após efectuar uma análise do mundo prisional e aos problemas associados aos efeitos da reclusão, foram apresentados os princípios fundamentais para a prática da Actividade Desportiva e em especial o Futebol no meio prisional, fazendo uma retoma axiológica, estando subjacente o regresso aos valores, sendo por isso catalisador de reanimação para a vida, apostando, como disse no despertar da consciência, acrescentando-lhe empenho e devoção e pelo cumprimento das regras do jogo,tornando-se mais disponível para cumprir as regras da sociedade, reclamando mesmo uma atitude de perfeita cooperação colectiva. De referir que a base deste trabalho datou de 1976/81, onze anos antes do Comité de Ministros do Conselho Europeu aconselhar um programa de Desporto nas Cadeias, adequado às realidades. Por isso mesmo louvado pelo então Ministro da Justiça Dr Meneres Pimentel.

Foi elaborada como Metodologia uma Teoria Indutiva de Análise Sistemática de Dados, usando como Instrumento o Modelo Qualitativo e Comportamental, recentemente desenvolvido nos E.U.A. por Taylor e Olgivie (1998), concluindo-se:

- A relevância da prática do Jogo com os valores da amizade, responsabilidade, respeito, capacidade de superação, solidariedade, disciplina…

- A referência da família e dos amigos como meio de suporte na transição de carreira e a não existência de organismos de apoio.

- Na Cadeia, o Desporto é exemplo de humanização de encontro com a vida.

- No Futebol, importa salvaguardar o jogador, vingando o homem que lhe está adstrito – o palco onde tudo se joga. Quanto mais conhecermos o homem, mais preparados estamos para conhecer os homens que jogam!...

… dum lado, o golo marcado ou falhado… de outro lado, o desencanto do travesseiro!...

…MAS NO SEU ESTADO PURO O FUTEBOL SEMPRE NOS DEIXA IMAGENS, ENSINAMENTOS E MEMÓRIAS QUE NOS CONSTROEM COMO PESSOAS DE BEM!... Saibamos merecê-las!