O "homo mechanicus"


Vendo a TV, escutando a rádio, lendo os jornais, a cada passo encontramos o seu nome. È jogador de futebol! È cultuado, adulado, idolatrado, por um número incontável de pessoas! No entanto, há dois ou três meses que não recebe o seu vencimento mensal, como profissional que é; está subordinado a um dirigismo desportivo, que se distingue por uma aflitiva mediocridade; as pressões a que o sujeita uma alta competição sem escrúpulos, não os encontramos em qualquer outra profissão. É jogador de futebol, mas não querem que ele seja mais do que o "homo mechanicus" explorado, servil, mecanizado, repetitivo, agindo como um tratado de reflexologia em aplicação e em movimento. A 400 anos de distância de Descartes, continua, no treino, na competição e na vida, a dicotomia pelo filósofo estabelecida entre a "res cogitans" e a "res extensa". Daí que lhe digam tantas vezes que está mal fisicamente, que precisa de mais preparação física. O "homo mechanicus" é físico tão-só. Não tem alma!

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