Está apresentado o “Projeto João Lucas – Displasia Arritmogénica e Morte Súbita no Desporto”. A cerimónia teve lugar no Auditório do Centro de Medicina Desportiva, em Lisboa, com a presença de vários jogadores, familiares e amigos de João Lucas, a equipa do SJPF e os presidentes do Ginásio de Alcobaça, da Académica e da SAD do Boavista.

Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, abriu a sessão, recordando o amigo, ex-jogador e antigo delegado do Sindicato: “O João Lucas até na hora de partir nos surpreendeu. Era um ser humano fantástico, sempre com um sorriso, disponível para ajudar, amigo do amigo, contagiou-nos a todos. Ninguém era indiferente ao João. Enquanto delegado do SJPF, fez um trabalho inexcedível, sempre próximo dos jogadores. Nunca será esquecido.”

Além de preservar a honra e a memória do antigo futebolista, o “Projeto João Lucas – Displasia Arritmogénica e Morte Súbita no Desporto” visa evitar situações semelhantes no futebol, como a que vitimou o ex-jogador de clubes como o Alcobaça, a Académica e o Boavista.

“Podíamos ter organizado um jogo de homenagem? Podíamos, mas decidimos fazer um projeto de investigação dedicado a este problema cardíaco. Ao associar o João Lucas às doenças cardíacas, queremos chamar a atenção para os problemas específicos da atividade de futebolista profissional, de curta duração e desgaste rápido”, sublinhou Joaquim Evangelista.

O presidente do Sindicato deixou o alerta para a necessidade de se colocar a saúde dos jogadores em primeiro plano: “É inaceitável que as questões comerciais e os resultados se sobreponham às questões como a saúde e o bem-estar dos jogadores. Muitos dirigentes e treinadores não olham a limites para alcançar os resultados. E os próprios jogadores não têm consciência dos seus limites. Temos de combater este paradigma.”

A finalizar, Joaquim Evangelista lançou um desafio: “Queremos colocar a saúde em primeiro lugar. A vida está primeiro. Este projeto vai para além da formação e da investigação. Pretendemos convocar os agentes desportivos para um novo padrão de comportamento relativamente à saúde dos jogadores. Que todos os agentes digam presente e evitem que casos como o do João Lucas não voltem a acontecer.”

Prevenção é a palavra-chave para evitar estes casos

Paulo Beckert, coordenador da Unidade de Saúde e Performance da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), esteve presente na apresentação do projeto e chamou a atenção para a necessidade de se reforçar a prevenção destas ocorrências.

“Este projeto terá uma repercussão enorme em todos os praticantes de futebol. O Projeto João Lucas é uma iniciativa de extraordinária importância. A formação e sensibilização para um problema concreto que afeta poucos, mas com uma dimensão dramática enorme é essencial. Invistam na área da proteção dos jogadores, que passa pela prevenção e pela sensibilização para estas questões relacionadas com a saúde dos atletas”, apelou o médico federativo.

A família de João Lucas esteve presente no evento de apresentação e a irmã Íris Guerra destacou a importância deste projeto: “A família agradece sentidamente ao SJPF a forma como o acolheu na sua instituição e lhe permitiu o reencontro com a esperança, pertença e alegria da reconstrução, após a escolha de abandonar a sua carreira. Este projeto é para todos os nossos jogadores, que continuam a vestir a camisola de ideais nobres, os que virão ainda a fazê-lo e para ti, João.”

Entre os vários clubes que representou, João Lucas partilhou o balneário com diversos colegas de profissão, muitos deles presentes, nomeadamente, Luís Filipe, Diogo Valente, João Oliveira Pinto, Pedro Hipólito e Tiago Pereira que, emocionado, recordou o amigo.

“O Lucas é merecedor de tudo isto. Tive o prazer enorme de ser amigo dele, partilhámos o balneário durante três anos e chegámos a passar férias juntos. Era uma pessoa e um ser humano incrível, simples e divertido, um atleta muito competitivo. É uma pessoa de quem guardo imensas recordações e todas positivas”, lembrou o ex-jogador do Boavista.

Recorde-se que João Lucas faleceu a 26 de maio de 2015, vítima de morte súbita, provocada por uma displasia arritmogénica no ventrículo direito, doença que o obrigou a deixar os relvados em 2007.

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