“Casos como o de Uchebo não honram o futebol português”


Jogador do Boavista vive situação dramática, sem receber salários desde Abril.

O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), em conjunto com o jogador Michael Uchebo, promoveram esta segunda-feira uma conferência de imprensa na qual denunciaram a situação dramática vivida pelo futebolista nigeriano.

Sem receber salários desde Abril e pressionado a rescindir contrato com o Boavista, Uchebo conta com o apoio jurídico, financeiro e pessoal do SJPF que, através do presidente Joaquim Evangelista, apelou ao clube axadrezado celeridade na resolução deste caso.

“O Sindicato tem tido uma compreensão enorme com o Boavista, mas neste momento é fundamental que o clube dê um passo em frente e honre os seus compromissos. Temos um jogador [Uchebo] a passar por este drama sem necessidade. Isto não honra o futebol português e o Boavista”, afirmou Joaquim Evangelista, durante a conferência de imprensa que decorreu na sede do SJPF.

O presidente do Sindicato alertou ainda para a existência de mais casos semelhantes aos de Uchebo no futebol português: “Estas práticas, em que os clubes pressionam os jogadores a cessar contrato, são habituais. Deixam de pagar os salários, a renda de casa e a alimentação para obrigar os jogadores a assinar a rescisão. É grave e inqualificável. Mais grave ainda quando os jogadores aceitam um acordo que imediatamente a seguir não é honrado.”

Joaquim Evangelista sublinhou a coragem do jogador nigeriano em denunciar a situação que está a viver: “Sozinho, fragilizado, Uchebo foi muito corajoso ao aceitar dar a cara, denunciando o incumprimento e a situação que vive.”

Por outro lado, o presidente do SJPF critica que a gestão desportiva dos clubes se faça desta forma: "A escolha de um plantel deve obedecer a regras desportivas e de gestão, deve ser planeada e os custos ponderados. Não pode ser feita em função de critérios pessoais ou emocionais. A celebração de um contrato de trabalho acarreta direitos e obrigações e a sua violação pode traduzir-se num dano irreparável para o clube e para o jogador.”

Michael Uchebo tem contrato com o Boavista até Junho de 2017 e não compreende a posição tomada pelo clube: “Eu amo o Boavista e os adeptos. Não percebo por que me estão a fazer isto”, lamentou o jogador nigeriano.

Dia após dia, a situação de Uchebo agrava-se cada vez mais: “Não só deixaram de me pagar o salário, como já não me pagam a renda de casa, nem sequer a luz. Ainda recentemente cheguei a casa e esta estava com a electricidade desligada. Sinto-me completamente sozinho, abandonado. Não sei porque agora me tratam assim, pois sempre defendi o Boavista. Atualmente sinto medo e temo pela minha segurança. Quero agradecer todo o apoio que o Sindicato dos Jogadores me tem dado nesta fase difícil, disse.”

Na conferência de imprensa, na qual também estiveram presentes João Oliveira (responsável pelo gabinete jurídico do SJPF) e João Paulo (delegado do Sindicato), o presidente do SJPF revelou ainda que os acordos de revogação entre o Boavista e os jogadores Uche Nwofor, Mario Martínez e Aymen Tahar não estão a ser cumpridos. 

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