Em defesa dos jovens jogadores, em defesa do futebol!


Sindicato contesta proposta de redução do número mínimo obrigatório de jogadores sub-23.

Confrontado com a notícia de que a Liga Portugal levará à Assembleia-Geral da próxima segunda-feira, dia 12 de junho, a discussão sobre a diminuição do número obrigatório de jogadores a inscrever, com idade inferior a 23 anos, e a diminuição do número obrigatório exigido de jogadores formados localmente a incluir na ficha de jogo, em especial aos clubes participantes na Ledman LigaPro, com efeitos para a próxima época, o Sindicato não pode deixar de manifestar a sua mais profunda indignação, tendo já transmitido ao presidente da Liga Portugal o retrocesso histórico que esta medida significa.

Em primeiro lugar, importa ter em conta que a introdução da “quota” mínima de jogadores jovens e formados localmente, que se traduz na reserva de um espaço de progressão no quadro competitivo para jovens jogadores, nacionais ou estrangeiros, que tenham estado inscritos em Portugal durante o período de tempo exigido (três épocas ou 36 meses entre os 15 e os 21 anos), é uma medida consensual, que a UEFA adotou e que a União Europeia legitimou. É um ato de discriminação positiva que tem vindo a constituir um inegável benefício para a valorização do jogador, do crescimento dos clubes e das seleções.

Se considerarmos o valor dos jovens jogadores, os resultados alcançados pelos clubes e pelas seleções nacionais nos diferentes escalões, não podemos ficar indiferentes aos motivos de sucesso que se relacionam, desde logo, com o espaço concedido a jovens jogadores nas chamadas equipas B, ou nos demais clubes que atuam na Ledman LigaPro, que funcionam como um espaço de evolução e preparação para o topo competitivo.

A própria União Europeia reconheceu o critério do jogador “formado localmente”, trabalhado e introduzido pela UEFA, como um fator de equilíbrio nas competições desportivas, cada vez mais abertas à “estrangeirização”, que desacompanhada do investimento na formação de jovens jogadores, tem prejuízos a vários níveis, como por exemplo na perda de jogadores que constituam referências nos clubes ou na perda de competitividade quando a capacidade financeira para contratar jogadores é inferior à dos demais players no mercado desportivo.

A aposta nos jovens é, indiscutivelmente, a base do desporto. É uma garantia de futuro, pelo que a Liga dará um péssimo sinal de retrocesso se este espaço de crescimento para o jovem jogador for condicionado.

O Sindicato considera, em suma, que não existe qualquer fundamento desportivo, económico, ou de qualquer outra índole para diminuir o número de inscrições e de lugares na ficha técnica de jogo reservado a jogadores até aos 23 anos e formados localmente, sendo uma medida que choca com o desenvolvimento e o crescente prestígio granjeado pelo jogador português e pelas seleções nacionais.

O argumento económico é aliás ridículo. No período de maiores dificuldades não foi questionado o critério, é-o agora em período de retoma!

Reiterando que estes critérios são, desde há muito, apoiados pelas instâncias internacionais que tutelam o fenómeno, como fator de equilíbrio face aos “excessos” praticados no mercado desportivo, especialmente após o marco histórico da “lei Bosman”, espera-se que na conjuntura atual a Liga e os clubes nacionais mantenham o rumo e não invertam a lógica de investimento e apoio ao jovem jogador português ou formado em Portugal.

Apelamos, por isso, aos jogadores, aos treinadores, aos selecionadores, aos dirigentes responsáveis, à Federação e ao Governo para que se manifestem, exerçam a sua influência e façam ouvir a sua voz contra este atentado ao futebol nacional.

Pelo jogador, pelo futebol, por Portugal!

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