“A violência é o maior problema a afectar os jogadores na Argentina”


Fundado a 2 de Novembro de 1944, o Futbolistas Argentinos Agremiados (FAA) é um dos sindicatos de jogadores mais influentes a nível mundial. Na estreia da rúbrica Who’s Who apresentamos Carlos Pandolfi, um dos destaques da entidade alviceleste.

Quais as funções que desempenha no Futbolistas Argentinos Agremiados (FAA)?
Sou o tesoureiro e ainda presidente do Serviço Social e da da fundação O Futebolista.

Quais são os principais serviços prestados pelo FAA?
O FAA presta todos os serviços relacionados com a actividade sindical, em defesa dos interesses dos seus associados. Já o Serviço Social apoia todos os associados e respectivas famílias a nível médico, sejam cuidados primários ou mais complexos, internamentos, vacinas, etc. Temos ainda o Instituto de Medicina del Deporte y Rehabilitación (IMDYR), inaugurado a 14 de Maio (Dia do Futebolista) de 1997, único na América do Sul, que está equipado com equipamento de última geração e que é palco de investigação e ensino. Já a Fundação do Futebolista oferece variadíssimas possibilidades na parte formativa para que o jogador se prepare para o pós-futebol. Assim, são ministrados gratuitamente cursos de línguas (inglês, francês, italiano e português), de culinária, programas de prevenção, etc. São ainda promovidas conferências com o intuito de prepararem o jogador para que a retirada seja menos traumática.

Quais são os maiores problemas que actualmente afectam os jogadores na Argentina?
A violência é hoje o maior problema a afectar os jogadores na Argentina. Quando os resultados não são os melhores, os jogadores são ameaçados pelos adeptos, tanto em treinos como em concentrações. O FAA exige prevenção constante por parte das autoridades policiais para que os jogadores desenvolvam com tranquilidade a sua actividade, seja nos treinos como nos jogos.

Os salários em atraso são também um problema?
Como em todo o Mundo, também na Argentina os jogadores sofrem com o drama dos salários em atraso. Nem quando o sindicato argentino denuncia esse incumprimento conseguimos que paguem de imediato aos jogadores”.

O sindicato argentino tem alguma acção dedicada a jogadores desempregados?
Há muitos anos que temos uma equipa técnica a trabalhar diariamente e que organiza jogos amigáveis para que os jogadores desempregados estejam em boa forma física e técnica. Este ano conseguimos colocar mais de 40 jogadores nos mais variados clubes – 13 deles estiveram presentes no Torneio FIFPro America 2012. No mesmo local dos treinos ministramos ainda cursos e fomentamos a nossa oferta educativa.

Qual a importância das novas tecnologias para o sindicato argentino?
A comunicação via internet é fundamental e de grande importância para a nossa entidade. A informação ao momento e a difusão pelas novas tecnologias é sem dúvida extraordinário.

Como acompanha o trabalho da FIFPro? E da Divisão América?
Colaboramos em tudo o que está ao nosso alcance. Na FIFPro estamos presentes na Comissão de Estratégia da Divisão América participando com a nossa experiência para que todos possam usufruir das nossas conquistas ao longo do tempo em benefício dos jogadores, sempre de acordo com as leis de cada país.

Quais as mudanças mais importantes que se registaram no futebol desde que ingressou no sindicato?
Muitas, como por exemplo o grande negócio em que se converteu o futebol que movimenta verbas exorbitantes e que cresce diariamente, fundamentalmente graças aos direitos televisivos. Em relação a esta matéria devemos avançar em conseguir uma percentagem para quem é a parte deste jogo, ou seja, os jogadores. Em segundo, os contratos. Hoje em dia os jogadores têm muito mais direitos do que antigamente. Uma consequência das muitas lutas protagonizadas e reivindicadas por jogadores de todo o mundo. Um exemplo é a FIFPro. Nas primeiras reuniões em que participei, em 1980 e em 1981, éramos apenas seis ou sete países e agora somos 55. A FIFA reconhece-nos como entidade e esse foi um passo muito importante para todos os jogadores.

Qual a sua opinião sobre o trabalho do SJPF?
Temos muito em comum. Ambos somos entidades que têm sabido fortalecer-se enquanto sindicatos e que têm entendido a problemática dos seus associados. A entrega, a seriedade, a dedicação e fundamentalmente as convicções de todos os que integram os sindicatos são e serão parte fundamental para que continuem a proporcionar mais benefícios para todos os seus associados.

Por fim, uma mensagem para os jogadores argentinos que estão a actuar em Portugal.
Estamos orgulhosos de todos os futebolistas argentinos que jogam em Portugal, que tentam fazer o melhor dentro e fora do campo, sendo verdadeiros embaixadores desportivos. O seu desempenho fará com que os clubes portugueses continuem a olhar para a Argentina como um fornecedor de futuras gerações de jogadores de futebol. À distância, saudações cordiais para todos. 

PERFIL

Carlos Alberto Pandolfi

Idade: 67 anos

Posição: Avançado

Clubes: Nueva Chicago, Justo Jose de Urquiza, San Telmo, Los Andes, Chacarita Juniors,  Estudiantes de La Plata, Santa Fé (Colômbia) e Temperley