Os jovens e a falta de (in)formação
A formação é um dos pilares da vida humana, aí todas as fases do desenvolvimento contam e todas são igualmente decisivas.
O desporto tem, sobretudo nos jovens, um contributo decisivo na sua formação humana. Contudo, é normal os clubes não estarem preparados para esta responsabilidade, até porque não é a sua principal missão.
Mas, a vida mudou! As escolas deixaram de ter um papel tão activo na educação dos seus alunos, os pais porque têm de trabalhar cada vez mais e estão menos presentes, o que origina que os jovens estejam mais entregues a eles próprios.
Esta nova realidade pode sair cara aos nossos jovens. Daí que seja urgente as devidas organizações prepararem-se para terem um papel mis activo na formação do jovem atleta. O treino já não basta, é preciso acompanhar mais cada jovem, cada família, aconselhando-os e preparando-os para enfrentar todos os desafios.
Esta mudança trouxe maior responsabilidade aos clubes; muitas vezes os treinadores são chamados a ser pais e os clubes a ser escola. Assim, há uma necessidade de todos nos prepararmos para esta nova realidade, para os clubes perceberem o seu papel cada vez mais educativo (ou seja, decisivo) na formação global dos seus atletas.
Do ponto de vista desportivo, por vezes, há uma sensação de divisão dentro dos clubes… Se por um lado, até investem nos escalões de formação, por outro, ainda não o conseguem concretizar no escalão sénior, ou seja, alguns talentos ainda são desperdiçados.
Consequentemente, vem a acusação do investimento no jogador estrangeiro, em detrimento do português. Podemos continuar a lamentarmo-nos deste facto ou podemos combatê-lo, o que significa investir mais na formação global do jovem atleta.
Só com jovens mais aptos conseguiremos ampliar as nossas reais capacidades desportivas e humanas. Para isso, estes jovens precisam de fazer a diferença, já não basta serem habilidosos e terem boa pinta; têm de ser mais fortes, mais aptos, mais competentes!
Muitas vezes, sem querer, fazemos o contrário... Criamos ilusões, falsas expectativas, estimulamos super egos e, no limite, cortamos com um talento. Os jovens precisam de critério, “empowerment”, persistência, seriedade e capacidade de sofrimento. A vida não é dada, desviarmo-nos das barreiras e não enfrentarmos as dificuldades significa ficarmos como estamos.
É mesmo urgente e decisivo mudarmos a forma de trabalhar, de alargarmos o horizonte de trabalho com estes jovens, ou seja, é decisivo não nos cingirmos somente ao plano desportivo e ter um "discurso" académico, é decisivo termos acções regulares junto destes jovens de modo a conseguirmos dar-lhes as competências para fazerem a diferença.
A bola está nos pés mas o futebol joga-se com a cabeça! Enquanto não a colocarmos no centro do nosso trabalho, não estaremos a compreender o verdadeiro futebol dos nossos dias.