“Os jovens têm de agarrar as oportunidades”


Os conselhos do capitão do Estoril.

Profissional exemplar, Bruno Miguel coloca sempre o interesse do colectivo como prioridade e, por muito amigos que sejam, o capitão do Estoril não se inibe na hora de chamar um colega à atenção.

Mereceu a braçadeira de capitão. Como foi eleito?
No ano passado era o sub-capitão e, como o Vagner saiu do clu­be, a Direcção achou que devia permanecer no cargo.

Já tinha sido capitão noutros clubes?
Sim, já tinha sido quase três anos no Leiria.

Sente que impõe uma liderança natural no balneário?
Penso que me elegem pela minha postura profissional. Sou mui­to sério, as pessoas respeitam-me muito e acho que dou o exem­plo a toda a gente.

Como capitão, alguma vez precisou de chamar um cole­ga à atenção de uma forma mais autoritária?
Várias vezes. Sempre da melhor maneira, mas de vez em quando temos de nos chatear. Digo de uma forma saudável, para o bem do grupo.

É uma situação ingrata para si?
Às vezes estas situações acontecem com os colegas com quem nos damos melhor, mas se ele não tem um comportamento cor­recto... Se não o chamas à atenção por ser um dos teus melhores amigos estás a dar um mau exemplo aos outros. Aí, se calhar, ainda tens de o repreender de uma forma mais notória por ele ser uma pessoa mais ligada a ti.

Sendo capitão, que valores transmite aos mais jovens?
O Estoril não apostava na formação e agora já tem alguns jo­gadores que fazem parte do plantel principal oriundos da for­mação. Quando eles têm essas oportunidades, mesmo que seja uma ou duas vezes por semana, têm de as aproveitar. Ainda para mais os juniores este ano não estão no Nacional, o passo ainda é maior porque passam logo para uma competição profissional.

Há algum capitão que tenha como exemplo?
Um deles foi no Leiria, o Fernando Prass. Era uma pessoa que adorava, um exemplo. Também apanhei o Tiago, que está no Tro­fense, uma pessoa que toda a gente admira. Com a idade que tem ainda joga e transmite aos jovens o que é o amor à camisola.

Do que falam quando trocam galhardetes?
Muito sinceramente, não dizemos grande coisa. A gente cum­primenta-se, desejamos boa sorte para o jogo e, se for o caso, trocamos galhardetes.

Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os pro­testos dos capitães?
Acho que sim. Respeitam-te mais, podes falar de uma forma como os outros não falam, mas também vai da postura que tens com os árbitros. Há jogadores que abrem um bocadinho o bico e levam amarelo. Não convém passar o jogo a mandar vir, se não ele também começa a pegar-te de ponta e de uns jogos passa para os outros. Tens de ter razão quando protestas para quando ele analisar ver que tinhas razão e se calhar na próxima vez vai ser mais tolerante. E isto repetidamente dá-te algum estofo.

Já foi expulso por palavras enquanto capitão?
Não.

Quais são as expectativas para esta época? É legítimo pensar num regresso à Europa?
O Estoril está numa época de mudança, as coisas não começa­ram fáceis, não foram montadas da melhor maneira. Como foi conhecido, a nossa época começou mais tarde devido ao proces­so de venda, isto começou muito em cima do joelho. Acima de tudo, temos de pensar na manutenção.

Passou pelo FC Porto B. Que recordações tem do clube?
Tenho boas recordações. Os nossos balneários eram perto dos da equipa principal, convivíamos com os jogadores e na altura o treinador era o José Mourinho. Foi num ano em que ganharam tudo o que havia para ganhar e foi muito bom. Conviver com es­sas pessoas aos 20 anos foi uma experiência única e um orgulho.

O que recorda da sua passagem pelo Astra Giurgiu, da Roménia?
Foi uma experiência curta, mas gostei. Apesar de ter rescindido com justa causa, a época correu-me muito bem durante os seis ou sete meses em que lá estive.

Alguma vez precisou de recorrer aos serviços do Sindi­cato dos Jogadores?
Ligo muitas vezes ao presidente. Quando estava no Leiria, o gru­po precisou de apoio e ele ajudou-nos a vencer essa causa. Mes­mo na Roménia, aconselhei-me com o nosso Sindicato e venci essa causa. Tinha três anos de contrato e não falhou nada.

Como tem visto a actuação do Sindicato?
É muito importante, tento transmitir isso aos jogadores. É uma actuação muito activa, pelos estágios que tem feito, pelos apoios que tem dado aos desempregados, pelos cursos de formação que dá aos jogadores. É importantíssimo que todos os jogadores estejam inscritos no Sindicato, é uma mais-valia para nós. É um valor simbólico anual e a ajuda vale muito mais do que isso.


Perfil
Nome: Bruno Miguel Moreira de Sousa
Data de nascimento: 24 de Setembro de 1982
Posição: Defesa central
Clubes que representou: Sanjoanense (formação), Sanjoanense, FC Porto B, Tourizense, Varzim, União de Leiria, Astra Giurgiu (Roménia) e Estoril.