“Temos um grupo de homens com grande caráter”


O capitão do Chaves mora no lado esquerdo da defesa. Tem 32 anos, revela que aconselha os mais novos e elogia as pessoas de Chaves, que sentem um orgulho enorme no clube.

Como foi eleito para o cargo de capitão?
Fui eleito numa votação feita pelos jogadores do plantel, em que cada um teria de escolher os capitães de forma secreta.

Já tinha sido capitão noutros clubes?
Sim, já tinha pertencido ao lote de capitães de equipa noutros clubes, mas nunca como principal.

Sente que impõe uma liderança natural no balneário junto dos colegas?
Sim, sem dúvida.

Como capitão, alguma vez precisou de chamar um colega à atenção de uma forma mais autoritária?
Até agora, não foi necessário! Temos um grupo de homens com grande caráter e sentido de responsabilidade.

Sendo capitão, que valores transmite aos jogadores mais jovens?
Quando necessário, não só eu, mas também os outros jogadores mais experientes, tentamos sempre aconselhar os mais novos, para que se tornem melhores a todos os níveis.

Há algum capitão que tenha como exemplo?
Por norma, cada capitão tem uma liderança natural, mas gostava da forma como o Puyol, do FC Barcelona, transmitia toda a sua energia positiva para os colegas. Era, sem dúvida, um exemplo!

Do que é que os capitães costumam falar quando trocam galhardetes? Muitas vezes riem-se e parece um ambiente descontraído...
[Risos] Nada de especial, desejamos um bom jogo!

Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os protestos dos capitães?
Em algumas situações, sim. Acredito que tenham um pouco mais de tolerância, pois sabem que nós representamos uma equipa e que temos o papel de falar pelos nossos colegas.

Já foi expulso por palavras enquanto capitão?
Nunca, procuro respeitar toda a gente! Mas sou um ser humano e por vezes posso até ter reações que não se identificam comigo. É normal por toda a envolvência que tem um jogo de futebol. Mas por norma sou tranquilo.

O futebol nacional passou muitos anos à procura de laterais esquerdos. Chegou a pensar na Seleção AA?
Houve uma altura em que se criou a ideia de que não havia laterais esquerdos, mas penso que sempre estivemos bem servidos. Temos o Antunes, apareceu agora o Raphaël Guerreiro, havia o Rui Jorge e o Dimas, penso que sempre houve bons laterais esquerdos só que não eram valorizados. É óbvio que numa certa idade pensamos que poderemos chegar ao nível de jogar na Seleção, mas sabia que era extremamente difícil.

Quais são as expetativas para esta época?
As expetativas são as mais reais possíveis. Tentar o mais depressa possível atingir a meta dos 40 pontos, que todos nós (jogadores, equipa técnica e Direção) nos comprometemos a alcançar esta temporada.

Quando anda pela cidade, as pessoas abordam-no? Como é que as gentes de Chaves têm vivido este regresso do clube à Primeira Liga?
O Chaves é um clube grande, que esteve adormecido muitos anos. As pessoas gostam mesmo do clube, sofrem por ele. Nota-se que têm um orgulho enorme em ter o Chaves de novo na Primeira Liga. Falam connosco na rua e estão sempre a apoiar-nos.

Alguma vez precisou de recorrer aos serviços do Sindicato dos Jogadores?
Felizmente tive a sorte de jogar sempre em clubes que cumpriram comigo em tudo o que acordaram. Até hoje nunca precisei dos serviços do Sindicato dos Jogadores.

Como tem visto a atuação do SJPF?
É fundamental os jogadores serem sindicalizados, e cada vez mais o Sindicato está a evoluir em todos os sentidos. Além do apoio que nos dá (logístico psicológico, financeiro, etc.) estão sempre com novas formas de valorização dos jogadores e, acima de tudo, estão a preparar alternativas para que possamos olhar de uma forma positiva para o "após futebol".

O seu irmão Tiago terminou a carreira devido a uma grave lesão no joelho e hoje é agente. Pensa seguir os mesmos passos?
Eu gostaria de estar ligado a um clube como diretor desportivo, esse é o meu pensamento, mas não coloco de parte o agenciamento de jogadores porque gosto de comunicar, de falar com jogadores e, acima de tudo, de ajudar colegas de profissão.

Perfil
Nome: Nélson Ricardo Cerqueira Rodrigues Lenho
Data de nascimento: 22 de março de 1984
Posição: Defesa esquerdo
Clubes que representou: Vianense (formação), Vitória de Guimarães (formação), Os Sandinenses, Freamunde, Leixões, Santa Clara, Belenenses, Penafiel e Chaves.

Foto: Helena Valente/ASF.