“Representar a Seleção portuguesa seria um sonho”


Dyego Sousa é sinónimo de muitos golos, mas o caminho até Braga teve vários obstáculos. 

Recentemente obteve a dupla nacionalidade e já afirmou que deseja representar a seleção portuguesa. O Mundial da Rússia é um sonho?
Sim, para mim representar a seleção portuguesa e, ainda para mais, disputar um Mundial, seria um sonho. Acredito que tenho esse potencial e vou lutar para realizar esse meu sonho de um dia chegar à Seleção.

Acho que o SC Braga poderá ser determinante para dar esse passo?
Sim. Quando optei pelo SC Braga foi a pensar nisso. Não foi pela questão financeira, foi mesmo pela projeção da carreira. Tinha propostas muito melhores, mas não pensei duas vezes quando me sentei com o presidente António Salvador e vi os objetivos que ele tem para o clube. Falei com a minha família, como faço sempre, e decidi.

Ficou satisfeito com o título europeu de Portugal em 2016?
Sim, vibrei com essa vitória. A minha esposa e a minha filha são portuguesas e eu também já sou. É um país que me acolheu e pelo qual tenho um carinho especial.

Como foi para adquirir a nacionalidade portuguesa? É um processo simples?
Foi simples, adquiri através da minha esposa. Tinha duas formas para pedir, pela residência ou pelo casamento, e podia pelas duas porque já estava a residir cá há cinco anos e estava casado há mais de três anos.

Chegou a Portugal em 2007 para jogar nos juniores do Nacional mas acabou por regressar ao Brasil. Porque não ficou logo por cá?
Vim para os juniores do Nacional, fiz uma boa época, era chamado para treinar com a equipa principal e no final da época o treinador, que era o Jokanovic, disse para fazer a pré-época com ele. Só que lesionei-me a jogar pelos juniores e tive de procurar outro rumo para a minha vida. Profissionalizei-me no Brasil e tive a oportunidade de voltar para a Europa através do Leixões.

Regressou em 2010. Como foi a adaptação a Matosinhos?
Foi boa. Era um clube bom. Tinha descido de divisão nesse ano e fizeram um plantel para subir, tínhamos bons jogadores. Estava a jogar, a equipa estava bem na tabela e lesionei-me. Estive uns três meses parado, fiquei triste e até queria voltar para o Brasil. O presidente chamou-me e perguntou-me o que é que eu precisava. Disse-lhe que tinha saudades da família, que não podia jogar e ele mandou vir os meus pais e o meu irmão para cá, para estarem perto de mim. Isso deu-me uma força enorme para continuar em Portugal.

Como é que foram os seis meses em que jogou em Angola?
Foi uma situação complicada. No futebol foi a pior escolha que fiz. Fui a pensar no dinheiro e correu tudo errado. Nunca consegui jogar lá, estive sempre lesionado e estive doente. Entretanto comprei passagens para a minha esposa, para ir cuidar de mim, mas passados dois dias ela também adoeceu e ficámos os dois doentes. Foi complicado. Desisti de tudo, do dinheiro, só me queria ir embora. Regressei a Portugal, fiquei sem clube e foi quando apareceu o Tondela. Mas foi complicado e foi um dos motivos para não pensar na questão financeira e ficar por Portugal e assinar pelo SC Braga.

Veio com o objetivo de entrar na Europa e depois saltar para uma liga mais atrativa, como acontece com vários sul-americanos, ou não fez esse tipo de planos?
A minha expetativa era jogar na Europa, fosse numa liga inglesa ou espanhola, que são as grandes montras, mas tinha o objetivo de chegar a um grande do campeonato português. Queria chegar a um grande, ser uma pessoa conhecida e ter uma vida estável. E finalmente cheguei ao Marítimo, que foi o meu primeiro contrato com uma equipa da I Divisão, um clube grande e pelo qual tenho um carinho especial, tal como pela ilha da Madeira.

Quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o português?
O futebol português é mais tático, é mais bem trabalhado. Os jogadores ocupam todos os espaços do campo, o treinador trabalha bem a tática e cada um sabe a sua função. No Brasil o futebol tem mais qualidade, os jogadores já nascem com aquele dom e pensam que não precisam de treinador porque já sabem. Há muitas diferenças.

Perfil
Nome: Dyego Wilverson Ferreira Sousa
Data de nascimento: 14 de setembro de 1989
Posição: Avançado
Clubes que representou: Moto Club (Brasil), Palmeiras (Brasil), Nacional (juniores), Andraus (Brasil), Operário Ferroviário (Brasil), Leixões, Interclube (Angola), Tondela, Portimonense, Marítimo e SC Braga.