“O futebol indonésio está a evoluir bastante”


Élio Martins já esteve em quatro países, mas foi na Indonésia que cumpriu uma das melhores épocas.

Acaba de cumprir a primeira época na Indonésia, ao serviço do Persiram. Como está a correr a experiência?
Fui para a Indonésia porque recebi uma proposta irrecusável. Quando cheguei, o campeonato já estava a decorrer e fiz a minha estreia na terceira jornada. O campeonato terminou em novembro do último ano. Marquei 13 golos, conseguimos a manutenção e o objetivo foi cumprido.

Que diferenças existem entre a liga indonésia e a portuguesa?
Em termos de condições de trabalho, principalmente. O futebol indonésio está em desenvolvimento, pela primeira vez o campeonato teve a chancela da FIFA e está a evoluir bastante. Há muitos adeptos nos estádios, é um povo que gosta muito de futebol, mas em termos de qualidade de jogo ainda está a uma grande distância da liga portuguesa.

Como foi a adaptação à Indonésia?
A Indonésia é um país turístico, onde se vive muito bem, com estrangeiros de vários países, culturas e religiões. A maior dificuldade foi a alimentação, que é muito diferente da nossa, mas temos de respeitar.

Além da Indonésia e de Portugal, já jogou no Chipre, na Bulgária e no Líbano. Quais as principais diferenças entre todos estes países?
A religião e a cultura em si. Chipre também é um país turístico, a Bulgária já é maior em termos populacionais e na Indonésia a vida é muito stressante. Há muitas pessoas na rua, o trânsito é congestionado e é um país complicado para se viver. Também gostei de estar no Líbano, onde a religião dominante é a muçulmana e as pessoas ajudavam-me sempre que precisava.

Aconselha a Indonésia como destino turístico?
Sim, a Indonésia é um país bonito para se conhecer. Bali é uma ilha muito turística e interessante para quem faz praia ou vai de lua-de-mel e tem muitos australianos. A capital, Jacarta, também é um sítio excelente para se visitar. Anda-se à vontade na rua, tanto de noite como de dia, é um local bastante seguro.

Nos últimos dois anos teve a possibilidade de visitar a Madeira? Do que tem mais saudades da ilha?
Da família. Depois a alimentação, que conta muito. Mas hoje em dia, mesmo que estejamos num país não europeu, se formos a um hotel acabamos por conseguir aquilo que queremos. Quando houve a paragem de 15 dias para o Ramadão, aproveitei para ir à Madeira.

Foi treinado por Leonardo Jardim no Chaves e Beira-Mar. Foi uma pessoa importante para a sua carreira?
Foi muito importante e fez-me crescer como jogador. Ajudou-me bastante e aprendi muito com ele. Fomos campeões da Segunda Liga no Beira-Mar e da II Divisão B no Chaves. Quando estava no Machico, ele já me queria no Camacha e acabou por me contratar quando foi para o Chaves.

Nos próximos anos vê-se a jogar em Portugal ou no estrangeiro?
Não me vejo a jogar muito tempo na Indonésia. É um país muito longínquo, a viagem é massacrante, dura mais de um dia e estar longe da minha família é muito complicado. Nos próximos anos desejo voltar a jogar na Europa.

Quando terminar a carreira de jogador, imagina-se como treinador?
Não. Ser treinador não faz o meu género, apesar de perceber muito de futebol. Aprendi muito com o Leonardo Jardim e o Vítor Oliveira, entre outros, mas a vida de um treinador é um pouco injusta e acho que não vale a pena correr esse risco. Talvez seja observador, uma vez que gosto de avaliar jogadores.

Inscreveu-se no Sindicato dos Jogadores da Indonésia?
Não. Só no português. Na Indonésia, o Sindicato existe, mas eles nem sabem o que é. Acho que os países devem ser muito fortes em termos de Sindicato, como é o caso de Portugal e Espanha. Mas para isso, os jogadores têm de se juntar ao Sindicato e não se podem lembrar dele só quando precisam.

Alguma vez recorreu aos serviços do Sindicato dos Jogadores de Portugal?
Sim, tive algumas situações complicadas de rescisões de contrato e o Dr. Evangelista ajudou-me bastante na hora de fechar o mercado. Se não fosse ele, não podia jogar.

Que opinião tem do trabalho realizado pelo Sindicato dos Jogadores?
O trabalho do Sindicato está à vista de toda a gente. Tem sido fantástico.


Perfil
Nome: Élio Bruno Teixeira Martins
Data de nascimento: 26 de março de 1985
Posição: Avançado
Percurso como jogador: Machico (formação), Machico, Chaves, Beira-Mar, DOXA (Chipre), Beira-Mar, Beroe (Bulgária), União da Madeira, Akha-Ahly (Líbano), Persiram (Indonésia) e Bhayangkara (Indonésia).