“Respeito os meus colegas e também sinto respeito da parte deles”

O capitão da formação viseense olha para Puyol como uma referência pela liderança em campo.
Mereceste a braçadeira de capitão do Académico de Viseu. Como é que foste eleito para o cargo?
No meu primeiro ano no Académico de Viseu, o míster Chaló elegeu um capitão, houve uma votação dos jogadores para eleger mais quatro e eu fiquei nesse lote. Esta época, o míster Cajuda reuniu o plantel e foi feita uma votação para eleger os capitães num lote de cinco e eu fui o escolhido.
Já tinhas sido capitão noutros clubes?
No Chaves também fui capitão em duas épocas. No meu segundo ano lá, o capitão, que era o Ricardo Chaves, deixou de jogar sensivelmente a meio da época e passou para adjunto do míster Carlos Pinto. Nessa altura, o míster nomeou-me capitão. No ano seguinte, o ano da subida do Chaves à Primeira Liga, o míster Vítor Oliveira achou que eu tinha o perfil que ele achava necessário e manteve-me como capitão.
E nas camadas jovens?
Nas camadas jovens também tinha sido em iniciados, juvenis e juniores no Ginásio Clube de Corroios, onde fiz grande parte da formação.
Sentes que impões uma liderança natural no balneário?
Não sei se imponho uma liderança natural no balneário, sei que respeito os meus colegas e também sinto respeito da parte deles.
Há algum capitão que tenhas como exemplo?
Existem muitos jogadores que enquanto capitães me fizeram ver que eram exemplares e daí serem capitães de equipa. A nível mundial, o Puyol, do Barcelona, era uma referência pela sua liderança no campo e pelo exemplo que passava.
Que valores transmites aos mais jovens e a quem chega ao clube?
Tenho jogadores mais jovens na equipa que têm mais anos de clube do que eu, esses conhecem a mística do clube e, nesses casos, se calhar é necessário prepará-los para o ser profissional. Alguns deles terminaram o período de formação e agora estão num plantel profissional que compete na Segunda Liga, onde há outras exigências e outras formas de trabalhar. Aos jogadores novos no clube, o importante é integrá-los o mais rápido possível e que se sintam bem.
Como capitão, alguma vez precisaste de chamar um colega à atenção de uma forma mais dura?
Por vezes há situações em que temos de falar com colegas porque ou têm uma atitude menos correta com outro ou por alguma situação no treino ou no jogo. Acho que o importante é tentar manter uma equipa saudável e com bom ambiente para que na competição todos possam estar no seu melhor e dar o seu máximo em prol do grupo e do clube.
E naquelas situações como uma entrada mais dura num treino? Já tiveste de intervir e acalmar os ânimos por seres o capitão?
Entradas mais duras e azias nos treinos são situações normais e até considero saudáveis até certo ponto. Não convém é passar da normalidade. Se passar, normalmente o treinador intervém.
Do que é que os capitães costumam falar quando trocam galhardetes? Muitas vezes vemos os jogadores e o próprio árbitro a rir.
Hoje os capitães já se conhecem todos ou de terem sido colegas noutros clubes ou de jogarem uns contra outros várias vezes. Pode haver ali uma piada ou outra, mas normalmente é desejar bom jogo e que ninguém se aleije.
E costuma haver algum tipo de picardia saudável com o outro capitão? Algumas bocas na brincadeira?
Picardias com outro capitão, não. É o que digo: se o conheceres e tiveres boa relação com ele pode haver uma boca ou outra na brincadeira.
Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os protestos dos capitães?
Penso que sim. Normalmente os árbitros estão mais recetivos a ouvir o capitão.
Alguma vez foste expulso por palavras enquanto capitão?
Expulso por palavras nunca fui, mas amarelos já vi alguns. [risos] Seres expulso por palavras não fica bem, muito menos ao capitão de equipa.
Como tens visto a atuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
Vejo que o Sindicato dos Jogadores está cada vez a crescer mais e há uma maior proximidade com os atletas, o que é muito bom. É fundamental ter o Sindicato forte e que os jogadores sintam que têm um.
Perfil
Nome: Luís Filipe Silva Barry
Data de nascimento: 30 de janeiro de 1982
Posição: Avançado
Percurso como jogador: Corroios (formação), Vitória de Setúbal (formação), Redondense, Atlético de Reguengos, Lusitano de Évora, Atlético de Reguengos, Redondense, Atlético, Oliveirense, Desportivo de Chaves, Desportivo das Aves e Académico de Viseu.