“Como capitães, temos de marcar presença e serenar os ânimos”


Internacional por Canadá, o médio do Santa Clara transmite compromisso, união e dedicação.

Até porque, como diz, se forem uma verdadeira família têm mais possibilidades de ter sucesso.

Mereceste a braçadeira de capitão do Santa Clara. Como é que foste eleito para o cargo?
Fui eleito há alguns anos, através de uma votação dos jogadores e também com consentimento do treinador. Desde então, tenho-me mantido no cargo.

Já tinhas sido capitão noutros clubes?
Passei por poucos clubes. Fui sub-capitão na segunda época no Vitória do Pico da Pedra. Tinha idade de júnior e joguei dois anos nos seniores.

E nas camadas jovens?
Nas camadas jovens fui capitão em praticamente todos os escalões.

Sentes que impões uma liderança natural no balneário?
Eu não imponho, o respeito é ganho de forma natural. Quando se respeita os outros, normalmente és respeitado. A minha conduta tem sido essa, baseada ao nível do respeito mútuo.

Há algum capitão que tenhas como exemplo?
Portela, Figueiredo, Sociedade…. Foram atletas que me marcaram pela positiva, pela sua postura em campo e fora dele. O seu profissionalismo fazia com que os outros jogadores seguissem o seu exemplo.

Que valores transmites aos mais jovens e a quem chega ao clube?
Essencialmente valores de compromisso, união e dedicação. Temos mais possibilidades de ter sucesso se formos uma verdadeira família e se cumprirmos com os objetivos do clube.

Como capitão, alguma vez precisaste de chamar um colega à atenção de uma forma mais dura?
Sim, já aconteceu algumas vezes. A última das quais foi quando subimos de divisão. Mas num grupo de trabalho existem sempre problemas. O mais importante é saber resolvê-los.

E naquelas situações como uma entrada mais dura num treino? Já tiveste de intervir e acalmar os ânimos por seres o capitão?
São situações que por vezes surgem no próprio treino, quando as emoções estão à flor da pele, e as reações são intempestivas. Temos de marcar presença e serenar os ânimos.

Do que é que os capitães costumam falar quando trocam galhardetes? Muitas vezes vemos os jogadores e o próprio árbitro a rir.
Existe um ambiente cordial e divertido. A única coisa que nos é pedida é que possamos ajudar o árbitro, no sentido de alertar os colegas de equipa para manter o equilíbrio emocional.

Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os protestos dos capitães?
Sim, dentro dos limites, os árbitros, por norma, consideram mais os capitães de equipa. Naturalmente somos nós que temos autorização para falar com eles, sempre dentro do respeito, coisa que por vezes não é razoável.

Alguma vez foste expulso por palavras enquanto capitão?
Sim, já fui expulso por bocas. É um comportamento do qual não me orgulho, mas até mesmo nós por vezes não conseguimos manter o equilíbrio dada a prestação do árbitro. Isso aconteceu numa altura em que era mais novo. Hoje, com experiência acumulada, não será fácil ser expulso por palavras.

Como tens visto a atuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
É um papel muito importante na ajuda aos jogadores. Tenho visto uma atuação ativa na defesa e na luta pelos direitos dos jogadores e espero que assim continue, para que os jogadores sejam sempre os protagonistas no futebol.


Perfil
Nome: Pedro Miguel Salgadinho Pacheco de Melo
Data de nascimento: 27 de junho de 1984
Posição: Médio
Percurso como jogador: Santa Clara (formação), Vitória do Pico (formação), Vitória do Pico, Santa Clara, Lusitânia dos Açores, Operário, Santa Clara, Nacional e Santa Clara.