“Hoje os jovens têm tudo para singrar e ir mais longe”


Jorge Ribeiro enverga a braçadeira do Farense e está a gostar da experiência, tendo como exemplo Luisão.

Mereceste a braçadeira de capitão do Farense. Como é que foste eleito para o cargo?
Fui eleito pela Direção. Estou há três anos no Farense: no primeiro ano não fui capitão, mas no segundo ano fui subcapitão. Entretanto, o Neca, que era o capitão, saiu, quando subimos de divisão, e a Direção, juntamente com o treinador, o Rui Duarte, decidiu que eu era um dos capitães de equipa.

Já tinhas sido capitão noutros clubes?
Por acaso não. Apesar de ter 37 anos, este ano foi a minha primeira experiência como capitão e está a correr bem.

E nas camadas jovens?
Sim, fui capitão nas camadas jovens do Benfica, nos iniciados, nos juvenis e nos juniores.

Sentes que impões uma liderança natural no balneário?
No caso do Farense, são 27 jogadores e claro que temos de liderar, juntamente com a equipa técnica. Existem três capitães: sou o primeiro, o segundo é o Sapo e o terceiro é o Fabrício, e tem sido fácil. O grupo é acessível.

Que valores transmites aos mais jovens e a quem chega ao clube?
Transmito a minha experiência como jogador e a minha experiência de vida. Hoje os jovens têm tudo para singrar e ir mais longe, para não ficarem só pelo Farense. Têm de trabalhar todos os dias, de segunda a sexta, como eu trabalhei, têm de treinar bem e jogar bem. É isso que lhes transmito: confiança e que tenham cabeça para um dia serem futebolistas de top.

Há algum capitão que tenhas como exemplo?
Sim. No Benfica tive o Simão e o Luisão. Para mim, o Luisão foi um dos melhores capitães que tive porque é líder, sabe liderar e fazer aquilo que um capitão tem de fazer: estar com o grupo de trabalho e em sintonia com a Direção e com a equipa técnica.

Como capitão, alguma vez precisaste de chamar um colega à atenção de uma forma mais dura?
Sim, claro que sim! É normal. Nem todas as cabeças são iguais, são mentalidades diferentes, mas há que respeitar os capitães porque são eles que lideram e foi neles que a Direção e a equipa técnica depositou confiança para esse papel. Já o fiz, mas nada de extraordinário. Depois de dar aquela dura, como se diz na gíria do futebol, penso que as coisas ficaram sanadas. É muito importante saber ouvir, mas também saber falar.

Ter de assumir esse papel é uma situação ingrata ou é natural?
Não é ingrato, mas dá dores de cabeça, isso dá. Surgem sempre coisas novas e há sempre problemas em qualquer plantel, seja no Farense, no Real Madrid ou no Barcelona, e há que saber resolvê-los. Não é por ser capitão que sou mais que os outros, também tenho de respeitar os outros. Tenho de saber falar e tenho de saber ouvir para depois agir da melhor maneira.

Do que é que os capitães costumam falar quando trocam galhardetes? Muitas vezes vemos os jogadores e o próprio árbitro a rir.
Escolhemos o campo e a bola e às vezes há sempre uma piada ou outro, como um “porta-te bem” ou “cuidado para não seres expulso”. Há sempre uma brincadeira e se conheço o capitão da outra equipa ainda pior. Aí há sempre um “olha, vais perder!”. É normal. [risos]

Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os protestos dos capitães?
Acho que não. Senti isso na pele há pouco tempo, em Famalicão. Fui expulso e apanhei três jogos de castigo por defender o meu grupo de trabalho. Os árbitros exigem fairplay, mas nem sempre o praticam. Há jogadores que ficam marcados por terem aquele ar mais rebelde e eles sabem. Mas acho que o capitão tem de falar para salvaguardar o grupo de trabalho e os árbitros deviam de ouvir mais os capitães. Nesta situação em Famalicão foi um bocadinho estranho porque fomos os dois expulsos, ele levou um jogo e eu três. Isto também devido a um ser o Famalicão e o outro ser o Farense, mas isso são outras coisas.

Como tens visto a atuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
Acho que existe muito profissionalismo e estão sempre com os jogadores. Já precisei do Sindicato, quando rescindi com o Benfica, e estão sempre presentes. Têm feito iniciativas muito boas no futebol português, têm salvaguardado os interesses dos jogadores e há que dar continuidade. Penso que o Dr. Joaquim Evangelista tem feito um excelente trabalho, por isso é que se mantém há muitos anos no Sindicato, como toda a estrutura à volta dele. É uma equipa vasta e que prezo muito.


Perfil
Nome: Jorge Miguel de Oliveira Ribeiro
Data de nascimento: 9 de novembro de 1981
Posição: Defesa
Percurso como jogador: Benfica (formação), Benfica B, Benfica, Santa Clara, Benfica B, Benfica, Varzim, Gil Vicente, Dínamo Moscovo (Rússia), Málaga (Espanha), Desportivo das Aves, Boavista, Benfica, Vitória de Guimarães, Granada (Espanha), Desportivo das Aves, Atlético e Farense.