Pedrinho, o capitão do Móvel


Ainda bastante jovem foi-lhe confiada a braçadeira de capitão do Freamunde, estatuto que mantém.

Admite que na Mata Real é fácil assumir esse papel e costuma dizer aos colegas para se divertirem, com responsabilidade.

Mereceste a braçadeira de capitão do Paços de Ferreira. Como é que foste eleito para o cargo?
Aconteceu logo na primeira época, com o Vasco Seabra. Inseriu-me no lote dos capitães logo que entrou, também fruto de outros estarem indisponíveis, lesionados, e outros por não serem opção. Este ano fui eleito o primeiro capitão e é um motivo de grande orgulho.

Foi uma decisão dos teus colegas ou do treinador?
Foi uma decisão do míster Vítor Oliveira. Foi muito gratificante. Houve gente que veio da época passada, outros saíram, e ele decidiu que eu devia ser o primeiro.

Já tinhas sido capitão noutros clubes?
Fui em Freamunde. Aí também cheguei a ser capitão. Era o Barbosa, depois a meio da época ele decidiu acabar a carreira e passei a ser o capitão.

E nas camadas jovens?
Nas camadas jovens nunca fui o principal, mas já tinha sido inserido no lote de três ou cinco capitães. Já não me lembro quantos eram na altura.

Sentes que impões uma liderança natural no balneário?
Sim. Acho que ser capitão aconteceu com naturalidade. De certeza que os treinadores viram algo em mim para o ser. Acho que tenho essa responsabilidade, já é de mim. As coisas saem naturalmente, não fiz nada para ser capitão. Os meus colegas também reconhecem essa responsabilidade em mim, o que é bom.

Há algum capitão que tenhas como um exemplo?
Gostava muito do Ricardo, que estava cá no ano passado. Revejo-me muito nele. Acho que era um exemplo como capitão e cheguei a dizer-lhe isso. Outro capitão que admirei foi o Barbosa, um excelente profissional e ótima pessoa. E ponho aqui o lado humano dentro do balneário, porque não é fácil: são 25 ou 26 pessoas diferentes, com mentalidades e feitios diferentes, e é complicado lidar. Revejo-me muito neles. São dois capitães que me marcaram.

Que valores transmites aos mais jovens e a quem chega ao clube?
Ser capitão num clube como o Paços é fácil. Os jogadores aqui têm tudo aquilo que necessitam para se integrarem facilmente no grupo e no clube. Por exemplo, no Freamunde era diferente porque havia salários em atraso e essas situações que foram tornadas públicas. Aqui é mais fácil. Também temos jogadores que estão no clube há algum tempo e facilitam muito a vida a quem chega. Isso tem-se visto este ano, os jogadores estão bem e sentem-se em casa. E os miúdos também já sabem aquilo com que contam. A responsabilidade de ser jogador profissional já é grande e num clube como o Paços, que recentemente participou nas competições europeias, ainda é maior. O que costumo dizer a todos é para se divertirem. Com responsabilidade, claro. Mas, na minha maneira de ver, o futebol é diversão com responsabilidade.

Como capitão, alguma vez precisaste de chamar um colega à atenção de uma forma mais dura?
Normalmente, nos balneários, durante uma época, há sempre uma ou outra picardia. Este ano ainda não houve, felizmente, espero que não haja, mas é normal. Nunca tive de dar um raspanete a ninguém porque não houve necessidade, mas acho que essa também não é a melhor maneira de acalmar um jogador nesses casos. É conversando e chamando à razão. Mas, para já, nunca tive nenhum problema.

E naquelas situações como uma entrada mais dura num treino? Já tiveste de intervir e acalmar os ânimos por seres o capitão?
Mesmo não sendo capitão, sou um jogador que não gosto desse tipo de comportamentos e interfiro sempre um bocadinho. Uma pessoa vai lá, diz para terem calma e essas coisas, mas também nunca passa disso. Pelo menos aqui no Paços, e mesmo em Freamunde, não me lembro de uma picardia assim para haver chatices.

Do que é que os capitães costumam falar quando trocam galhardetes? Muitas vezes vemos os jogadores e o próprio árbitro a rir.
Nada de especial. Normalmente é aquela coisa da moeda, um ou outro árbitro manda uma piada, mas não é mesmo nada de especial. É um momento de boa disposição. Antes dos jogos, até o árbitro apitar para começar o jogo, toda a gente é amiga. Depois é que às vezes as coisas se complicam. [risos]

E costuma haver algum tipo de picardia saudável com o outro capitão? Algumas bocas na brincadeira?
Não. Não tenho uma grande relação com os jogadores das outras equipas, principalmente com os capitães. Não porque não queira, mas apenas porque não os conheço. Basicamente, desejamos um bom jogo e que ninguém se magoe, que é o mais importante.

Os árbitros costumam ser mais tolerantes com os protestos dos capitães?
Sim, por vezes. Também depende muito dos árbitros, mas claro que respeitam mais os capitães do que outros jogadores. Mas depende muito. Há árbitros que para eles ser capitão, treinador ou dirigente do clube é igual. [risos]

Alguma vez foste expulso por palavras enquanto capitão?
Não. Nem como capitão nem sem ser capitão. Já podia ter sido, admito, mas nunca fui expulso na minha carreira. Nem em miúdo, nem agora.

Como tens visto a atuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
Toda a gente sabe da importância do Sindicato no futebol. Tivemos o exemplo recente do Henrique, que foi para o Lourosa, e acho que é o espelho daquilo que o Sindicato é para o futebol português. Ele próprio o admitiu publicamente e é nessas situações, mais do que nunca, que o Sindicato é um exemplo para os jogadores e para toda a gente que acompanha o futebol. É sempre importante e para nós é uma ajuda enorme. Como disse, no Freamunde tivemos salários em atraso e, também nesse aspeto, o Sindicato deu-nos a mão quando mais precisávamos.


Perfil 
Nome: Pedro Filipe Barbosa Moreira (Pedrinho)
Data de nascimento: 20 de dezembro de 1992
Posição: Médio
Percurso como jogador: Cristelo (formação), Freamunde (formação), Freamunde, Vila Meã, Freamunde e Paços de Ferreira.