O guarda-redes que só queria marcar golos


Hoje, é o atual guarda-redes do Vitória de Setúbal e trabalha para ser o melhor do mundo na sua posição.

Chegaste a Portugal em 2014 para representar o Feirense. Como surgiu essa possibilidade?
Eu jogava em França e no último ano, antes de vir para Portugal, fiquei sem clube. Estive um ano sem jogar e apareceu um empresário que me arranjou um clube na Segunda Liga de Portugal. Aceitei e vim para cá. Felizmente correu bem.

Jogar numa equipa da Segunda Liga portuguesa foi logo atrativo?
Não, não foi. Sinceramente, esperava uma equipa da Primeira Liga, mas, como não apareceu nada, aceitei ir para a Segunda Liga. Cheguei ao Feirense já no final de agosto.

Como é que foram os primeiros tempos em Portugal?
Foi ótimo, gostei de tudo. Boas pessoas, o Feirense é um clube muito bom, muito amigável e passei um bom tempo ali.

Antes de vires para Portugal, o que sabias sobre o futebol português?
Sabia muita coisa. Não conhecia todos os clubes, mas sabia muita coisa. Além de Benfica, Sporting e FC Porto, conhecia o SC Braga, Vitória de Guimarães, Marítimo, muitos mesmo. Também não sabia como Benfica, FC Porto e Sporting tinham sido grandes no passado.

Adaptaste-te bem ao nosso futebol?
Sim, adaptei. Correu tudo bem.

E à língua, comida, etc.?
Como já falava francês isso ajudou-me a aprender português. A comida é boa, mas na Geórgia é melhor! [risos]

Achas que os portugueses são um povo hospitaleiro?
Sim, receberam-me muito bem. Os portugueses são um povo amigável. Comparado com outros países da Europa, como a França, é muito mais amigável.

Estiveste cinco épocas e meia no Le Mans. Foste ver as famosas 24 horas?
Não, nunca fui. Não gosto de carros. Tive muitas oportunidades para ir, mas nunca fui. São três ou quatro dias em que está tudo fechado, a cidade fica cheia de gente, mas não tinha interesse. Só gosto de futebol, ténis e basquetebol. Não gosto de outros desportos.

Depois estiveste meia época no Chipre antes de assinares pelo Feirense. O que ficou dessa experiência?
Não foi meia época, foram só quatro semanas, entre abril e maio. Foi o último mês do campeonato. Não gostei nada dessa experiência e decidi não ficar.

Quando visitas a Geórgia, o que fazes questão de trazer sempre na mala?
Não trago nada. Quando estava em França levava muita coisa da Geórgia, agora não. Levo é camisolas quando vou lá. [risos] Na Geórgia também temos muito bom vinho, mas já pensei levar vinho do Porto.

Continuas a passar férias na Geórgia?
Sim, claro. Vou lá todos anos, sempre que posso.

Quais são as principais diferenças entre o futebol português e o georgiano?
Há muitas diferenças mesmo! [risos] Na Geórgia também gostamos muito de futebol, mas não é como em Portugal. Aqui vive-se mais. Há muito mais qualidade, o campeonato é muito melhor, há muita diferença mesmo. Mas lá também sabemos jogar futebol.

Se pudesses escolher, qual era a liga onde gostarias de jogar?
Em Inglaterra, na Premier League.

Em alguma equipa em específico?
A minha equipa favorita foi sempre a AS Roma, mas nos últimos tempos já não. Foi graças ao Batistuta e ao Francesco Totti. Desde que o Totti acabou a carreira, já não sou fã de ninguém.

É curioso que tenhas avançados como ídolos em vez de guarda-redes.
Nunca gostei de guarda-redes. Sempre gostei de marcar golos e de ser avançado. Acho que é normal, todas as crianças têm essa vontade. Era avançado, mas, não sei porquê, fiquei guarda-redes até hoje! [risos]

Há pouco tempo, numa entrevista ao Record, disseste que ainda queres ser o melhor guarda-redes do mundo. É uma forma de te motivares para trabalhar sempre no limite?
Tenho o objetivo de chegar o mais longe possível. Depois não sei onde vou chegar, mas o objetivo tem de ser esse e trabalho todos os dias para isso. Não é só ter um objetivo e sonhar, é preciso trabalhar. Se chegas ou não chegas, isso é outra coisa.

Cumpres a quinta época no futebol português. Qual foi a mais marcante?
Sem dúvida que foi no Moreirense, quando ganhámos a Taça da Liga. Correu tudo bem, fiz uma época boa e conquistei o único título da minha carreira.

Que opinião tens sobre o trabalho do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
Sinceramente, não acompanho com atenção. Infelizmente não estou a par.


Perfil
Nome: Giorgi Makaridze
Data de nascimento: 31 de março de 1990
Posição: Guarda-redes
Percurso como jogador: Dínamo Tbilissi (Geórgia), Le Mans (França), DOXA (Chipre), Feirense, Moreirense, Rio Ave e Vitória de Setúbal.