“Foi em Moçambique que consegui abrir as portas da Europa”

Cumpriu a quinta época no futebol português e mantém o objetivo de chegar a um grande nacional.
Chegaste a Portugal em 2014 para representares o Varzim, por empréstimo do Clube do Chibuto, de Moçambique. Como surgiu essa possibilidade?
Eu estava a jogar no Chibuto e o nosso treinador era português, o João Eusébio. Foi ele que fez com que viesse para Portugal.
Vieste para a equipa B. Foi difícil no início?
Sim. Treinava com a equipa A e jogava pela equipa B. Não foi fácil porque pensava que ia jogar na equipa A, mas trabalhei muito para conseguir mudar as coisas a meu favor.
Antes de vires para Portugal, o que sabias sobre o futebol português?
Tenho um amigo que jogou no Paços de Ferreira e no Freamunde e ele falava-me do futebol português. Conhecia os três grandes e pouco mais.
És nigeriano e jogavas em Moçambique. Como é que se deu a tua ida para lá?
Tinha um empresário na Nigéria e, antes de ir para Moçambique, joguei seis meses na Dinamarca, no Vejle, numa competição de sub-19. Queria sair da Nigéria para jogar noutro país. Depois, como não surgiu nada na Europa, acabei por ir para Moçambique. E ainda bem, porque foi assim que depois consegui abrir as portas da Europa.
Adaptaste-te bem à língua?
Em Moçambique aprendi a falar português, mas o português de lá é muito diferente. É uma língua muito difícil. Ainda hoje estou a aprender.
E à comida?
Gosto da comida portuguesa, mas não é parecida com a nossa comida. Mas gosto, para mim não foi um problema.
Os portugueses são um povo hospitaleiro?
Sim. Os portugueses são muito fixes. As pessoas são muito amigáveis. E é curioso que em todos os sítios as pessoas são diferentes: no Porto são muito amigáveis, em Lisboa também são fixes, mas no Algarve são muito fechadinhos. Mas, no geral, os portugueses são fixes.
Adaptaste-te bem ao futebol português?
Sim, adaptei-me muito bem. Nós, os africanos, entramos com força e isso ajuda a adaptarmo-nos a um país diferente.
Quais são as principais diferenças entre o futebol português e o africano?
Nós somos fortes, grandes, lutamos muito, temos muita força. O jogador português é mais tranquilo, corre mais, gosta de ter a bola no pé e não usa muito o corpo.
Vieste para Portugal com o objetivo de saltar para uma liga mais atrativa ou não fizeste esse tipo de planos?
O meu plano era ir subindo sempre. Tenho amigos que jogaram comigo na academia, na Nigéria, e hoje estão em grandes equipas. Estou tranquilo, só Deus é que sabe, mas quero fazer bem as coisas para ir para uma equipa grande como o FC Porto ou o Benfica. Estou a lutar por isso.
Se pudesses escolher, qual era a liga onde gostarias de jogar?
Gostava de jogar na Premier League, se possível no Arsenal. Gosto da forma como jogam. E era lá que jogava o meu ídolo, o Thierry Henry. Hoje tem o Aubameyang e também gosto muito de o ver jogar.
Cumpriste a quinta época no futebol português. Qual foi a mais marcante?
Foi quando subimos à Segunda Liga pelo Varzim e a época seguinte, quando conseguimos a manutenção: marquei 17 golos, foi uma época muito boa para mim. Até agora foi a melhor.
Qual foi o melhor jogador com quem jogaste em Portugal?
O Simy, o ponta-de-lança que foi para Itália. Foi o melhor marcador pelo Gil Vicente. E o Jadson, do Portimonense. É muito bom jogador, muito forte. Ah, e o Nelsinho, do Varzim. Tecnicamente é muito bom.
E que opinião tens sobre o trabalho do Sindicato dos Jogadores no futebol português?
Não acompanho muito, mas sei que ajuda os jogadores quando têm problemas, quando estão sem receber o Sindicato vai falar com os clubes e quando os jogadores estão doentes também apoiam. Acho que faz um bom trabalho.
Perfil
Nome: Stanley Ejike Awurum
Data de nascimento: 24 de junho de 1990
Posição: Avançado
Percurso como jogador: Clube do Chibuto (Moçambique), Varzim B, Varzim, Portimonense, Varzim e Cova da Piedade.