Quando escapar é um jogo de equipa
Desvendar mistérios para poder escapar. Podia ser a cena de um filme de terror, mas não é.
No Occultus entramos como que num mundo fictício onde o trabalho em equipa é o segredo para voltar à vida real (C/VÍDEO).
No Occultus, o jogo passa por escapar de uma sala no menor tempo possível. À entrada está assinalada a tática para escapar: jogar em equipa, procurar as pistas e resolver os problemas.
Esta quase que podia ser a fórmula mágica para vencer no futebol. Aqui, no centro da cidade do Porto, Henrique, jogador do Lusitânia de Lourosa FC, juntamente com o cunhado, iniciaram um projeto similar àquilo que viram em Espanha. “Fomos a Barcelona e fizemos alguns "escape rooms", quando ainda não se ouvia falar disso em Portugal”, destaca.
Lembra que, à época, partilhou a experiência com o resto do plantel do Boavista. Muitos foram os que “questionaram o benefício disso”, poucos “os que mostraram interesse em experimentar”.
“A verdade é que agora todos jogam. Até mesmo algum pessoal que está comigo no Lourosa já veio cá experimentar”, revela.
Por essa altura, em Portugal, as salas de fuga contavam-se pelos dedos de uma mão. O primeiro terá sido criado em Lisboa, em 2014. Em Espanha, França e Inglaterra já há muito que se falava de um conceito que começou em Budapeste, Hungria. Por todo o mundo estima-se que existam cerca de 3 mil espaços, com Portugal a contabilizar cerca de 40, de Norte a Sul do país.
Para Henrique, a ideia de em 60 minutos resolver problemas para conseguir escapar de uma sala começou a ser vista como um negócio fácil de implementar. O Occultus foi criado por si e pelo cunhado Eduardo Relvas, desde a elaboração do conceito das salas à implementação dos materiais.
“Passei as férias de verão nas obras. Vínhamos para aqui todos os dias para construir isto. Tenho a sorte de o meu cunhado ser engenheiro eletrotécnico e de saber fazer todo o tipo de instalações”, confessa.
O apoio do cunhado é fundamental, até porque Henrique divide os seus dias entre o Occultus e os treinos no Lourosa. “Qualquer problema que haja é ele quem resolve”.
Negócio em expansão
O Occultus conta, neste momento, com três salas temáticas: a Ressaca, inspirada na longa metragem “The Hangover”, um regresso à época dos descobrimentos com as Terras de Vera Cruz e a Prisão da PIDE, um retrato da ditadura sentida em Portugal antes do 25 de Abril de 1974. Em breve, os utilizadores terão mais uma opção de escolha: Casa da Moeda, baseada na série espanhola “La Casa de Papel”.
Aqui não há rivalidades entre os proprietários dos diferentes espaços, até porque a ideia passa por fazer com que os utilizadores experimentem, gostem e que depois possam usufruir das ofertas da concorrência.
“Temos aqui flyers de outros escape room presentes no Porto, assim como eles também têm nossos. A ideia não é roubar clientes a ninguém, mas sim fazer com que as pessoas experimentem todos. Dificilmente alguém que jogue no Occultus voltará cá, pois já sabe como decifrar os enigmas”, explica.
“Excelente sessão de team building”
Cinco colegas de uma empresa do Porto vieram experimentar. Hoje o escritório está vazio, mas aqui trabalham-se outras valências. Vão ficar trancados num espaço cheio de pistas e vão unir-se para desvendarem mistérios.
“O exemplo deste grupo é perfeito. São cinco homens que trabalham todos juntos, mas que vieram fazer um “escape room” para fortalecer relações. O facto de teres de decifrar enigmas em equipa para poderem escapar da sala faz com que haja mais conhecimento sobre cada um, mais aproximação. Acho que isto pode ser uma excelente sessão de team building”, explica Henrique, convicto de que no caso do futebol o “escape room” também pode fazer a diferença.
“No caso do futebol, no início de uma época desportiva, por exemplo, que é sempre uma altura em que os jogadores estão a conhecer-se, este tipo de jogos pode ajudar a criar laços de amizade”.
No Occultus, assim como no futebol, o espírito de equipa pode ser o segredo para finalizar um jogo com sucesso. A ideia de escapar de um mundo imaginário pode ser “uma ajuda” para um mundo real “mais unido”.