“Ter a minha família por perto ajuda-me bastante”


Pires valoriza o tempo com a mulher e as duas filhas, que têm sido muito importantes para a sua estabilidade. 

Pires valoriza o tempo passado com a mulher e as duas filhas, que têm sido muito importantes para a sua estabilidade psicológica. O goleador do Penafiel acredita que vamos ultrapassar esta pandemia em breve e que, depois disto, o mundo será melhor.

Como é que tens passado os dias?
Tenho passado da melhor maneira, em família, com as minhas filhas, a fazer os trabalhos para a escola, a brincar com elas e, sobretudo, a não descurar a parte física, que trabalho todos os dias. Felizmente, tenho um jardim enorme e dá para ir dar umas corridas e fazer outro tipo de trabalho. Sabemos que é diferente, não envolve outras coisas presentes num treino coletivo.

Tens saído de casa por algum motivo, além dessas corridas?
Às vezes tenho saído para ir buscar algumas coisas ao supermercado, mas reduzo ao máximo as minhas saídas de casa. Tento ir uma vez por semana.

Como é que as coisas estão a ser vividas na tua área de residência?
Acho que aqui não há nada de grave, mas sabemos que isto afeta a vida de toda a gente. Vamos tentar levar isto da melhor maneira para que passe e voltemos ao que era antes.

Estás em casa com quem?
Com a minha mulher e as minhas duas filhas.

Como é que explicaste este momento às tuas filhas?
Já tinham falado com elas na escola, mas também falámos em casa e elas vão vendo notícias na televisão. Elas gostam de estar em casa. Se calhar, dentro de algum tempo já não vão achar muita piada. Agora também começou a escola e elas estão mais entretidas com os dias que têm.

Falas diariamente com a tua família, nomeadamente com pais e avós?
Sim. Todos os dias fazemos videochamadas para a família, amigos e outros jogadores da equipa. Sabemos que mais tarde ou mais cedo vamos estar novamente juntos. É fazer um sacrifício neste momento, mas vai ficar tudo bem.

Sentes que, apesar da distância física de família e amigos, acabamos por estar mais próximos agora?
Se calhar fazemos coisas que não fazíamos, se calhar falamos com pessoas com as quais não falávamos, mas temos de voltar àquilo que era porque só assim podemos fazer aquilo que queremos, como passear e mudar de ares. Acho que as pessoas já sentem falta disso.

Já sentiste alguma ansiedade ou tens lidado bem com o lado psicológico?
Tenho lidado bem. Ter a minha família por perto ajuda-me bastante, a minha esposa e as minhas filhas, mas sei que é complicado para os jogadores que moram sozinhos ou com outro colega. É normal sentirem ansiedade e psicologicamente não estarem tão bem como aqueles que têm a família em casa. Psicologicamente não é fácil para os jogadores. Os clubes têm de ajudar nesse sentido.

És crente? A fé tem-te ajudado a superar este momento?
Sim, sou crente. Sou cristão e muito devoto a Deus. Tento fazer as minhas rezas e pedir para que tudo corra bem.

 

“PSICOLOGICAMENTE NÃO É FÁCIL PARA OS JOGADORES. OS CLUBES TÊM DE AJUDAR NESSE SENTIDO.”

 

 

Temes que seja possível voltarmos a passar por uma situação parecida?
Tudo é possível, mas acredito que, com a ciência que existe, haja uma forma de contornar estas pandemias futuramente. Já houve outros vírus e demos a volta, por isso acho que, mais cedo ou mais tarde, também vamos conseguir ultrapassar este.

Descobriste alguma qualidade ou defeito que não sabias que tinhas?
Acho que tenho prestado mais atenção àquilo que as pessoas me dizem. Por exemplo: tento aprender mais alguma coisa, nomeadamente nos cursos que tiro. Tento estar mais focado. Tenho mais tempo e isso faz-me pensar em coisas que, se não tivesse este tempo, se calhar não pensava. E também valorizo isso.

Decidiste mudar alguma coisa futuramente? Alguma resolução pós-isolamento?
Antes disto já pensava nisso, que é termos de aproveitar e saber até onde podemos ir. Tento sempre ser equilibrado, nem 8 nem 80. Tento levar isto da melhor maneira, sempre com os pés bem assentes. Acho que as pessoas, muitas vezes, não aproveitam a vida, e se calhar isto vai ser uma lição para muitos e tornar o mundo melhor do que era.