“Tenho uma virtude que é a paciência. Isso ajuda-me a estar equilibrado emocionalmente”


Aos 36 anos, João Peixoto é um homem experiente, positivo e focado no presente. 

Aos 36 anos, João Peixoto é um homem experiente, positivo e focado no presente. Natural do Montijo, o capitão do Praiense vive há nove anos nos Açores, na companhia da mulher, mas sempre com a família no pensamento.

Como é que tens passado os dias?
Não é fácil. Apesar de aqui, na Terceira, não haver muitos casos. Estou a tirar o curso de Técnico de Exercício Físico, a ter aulas online, que também me ajuda a passar o tempo, trato das tarefas de casa e faço algum exercício. Os dias têm sido passados assim.

Treinas diariamente?
Saio para dar uma corrida ou outra, não quero abusar da liberdade, estamos todos em confinamento, e tento ir a uma hora em que haja pouca gente na rua ou nenhuma. Aqui também é um meio em que toda a gente se conhece e evito parar para falar.

Estás em casa com quem?
Com a minha mulher.

Falas diariamente com a tua família, nomeadamente com pais e avós?
Sim, falo diariamente com a minha família. Estamos sempre em contacto, para sabermos a evolução, ou não, da situação, e os nossos estados, porque às vezes, dentro de casa, não é fácil, mas até agora tem corrido tudo bem.

E falas regularmente com os teus colegas de equipa?
Falo todos os dias. Alguns foram para o continente, outros continuam cá, mas temos falado até pelo ponto de situação do clube e mesmo do campeonato. Falamos sempre um bocadinho.

Sentes que, apesar da distância física de família e amigos, acabamos por estar mais próximos agora?
O contacto é maior porque também existe cada vez mais preocupação. As pessoas falam-se agora muito mais do que dantes.

Já sentiste alguma ansiedade ou tens lidado bem com o lado psicológico?
Tenho uma virtude que é a paciência. Isso ajuda-me a estar equilibrado emocionalmente. Não tive nenhuma quebra psicológica.

És crente? A fé tem-te ajudado a superar este momento?
Não sou católico praticante, contudo tenho a minha fé e esperança de que isto passe o mais rápido possível.

Temes que seja possível voltarmos a passar por uma situação parecida?
Com isto tudo, acho que as pessoas vão melhorar um pouco. Digo na maneira de estar, na estabilidade, em tudo. Apesar de isto nos ter tirado muitas coisas, também nos trouxe outras boas porque acabámos por nos conhecer melhor a nós próprios. Ao lidar com isto, as pessoas não estão só a lidar com fatores exteriores, mas também interiores.

 

“APESAR DE ISTO NOS TER TIRADO MUITAS COISAS, TAMBÉM NOS TROUXE OUTRAS BOAS PORQUE ACABÁMOS POR NOS CONHECER MELHOR A NÓS PRÓPRIOS.”

 

Descobriste alguma qualidade ou defeito que não sabias que tinhas?
Para já, não descobri nada. Como disse há pouco, sou uma pessoa muito paciente e muito positiva. Tento sempre ver o lado positivo das coisas e isso ajuda-me a ter o meu equilíbrio.

Decidiste mudar alguma coisa futuramente? Alguma resolução pós-isolamento?
Não. Para já, tento adaptar-me aos dias de agora. Se o conseguirmos, será muito mais fácil adaptarmo-nos ao futuro. Tenho 36 anos, estou a tirar o curso, a precaver o meu futuro. Não quer dizer que o vá seguir, mas é nisso que agora estou focado.