“Já cheguei à Europa, quero continuar”


Apesar de todas as contrariedades, é na Europa que quer cumprir o sonho de criança.

É solteiro – e bom rapaz, diz ele. Aos 27 anos, David Rojo viu a porta da Europa abrir-se e rumou à Marinha Grande, na companhia de mais cinco colombianos. O sucesso desportivo não foi acompanhado pelo projeto que lhe foi apresentado inicialmente, face ao diferendo que opôs clube da Marinha Grande e investidor estrangeiro, processo que deixou os jogadores completamente desprotegidos. Em paralelo, o SEF identificou uma série de irregularidades no plantel do Marinhense. Encontra-se agora no Leiria, em situação precária e com futuro incerto, contando com o apoio do Sindicato que, além da vertente jurídica, acionou o Fundo de Garantia Salarial e está em contacto com a embaixada para desbloquear o regresso ao país de origem. Não esquece, porém, quem é e o que quer ser: o sonho europeu está ainda bem vivo para prosseguir a sua carreira como jogador.

Tal como Córdoba estás aqui na tua primeira experiência no futebol europeu, como começou o teu percurso na Colômbia?
Na Colômbia, comecei a jogar no Real Cartagena, que é a equipa da cidade onde nasci, Cartagena é uma cidade muito bonita. Jogava na I Liga da Colômbia e essa foi a minha primeira experiência como profissional. Foi ali que comecei e fiquei ali várias temporadas na I Liga, depois passei para outro clube, o Cucutá Deportivo, que também é uma equipa com muito prestígio na Colômbia, jogou a Libertadores e tudo, e essa foi uma experiência muito melhor, mostrou o meu futebol ao país, deu para ter consciência do que é uma equipa grande, com muitos adeptos, um estádio de 40 mil pessoas. Joguei lá dois anos, gostei muito, e depois passei para o Bogotá FC, uma equipa da capital do nosso país. Estive lá uma temporada e tive, então a minha primeira experiência no estrangeiro: fui para o Peru, onde fiquei duas épocas, no Unión Tarapoto, uma equipa muito boa, de uma região muito turística peruana, onde vivi também uma grande experiência e agora deu-se a oportunidade de jogar pela primeira vez na Europa, que é o sonho de qualquer jogador sul-americano. Chegar ao futebol europeu, deixar uma marca, é um sonho de criança que todos temos. Surgiu essa oportunidade e, pronto, vim para cá, para o Marinhense. 

 

"JOGAR NA EUROPA É O SONHO DE QUALQUER JOGADOR SUL-AMERICANO. CHEGAR AO FUTEBOL EUROPEU, DEIXAR UMA MARCA, É UM SONHO DE CRIANÇA QUE TODOS TEMOS"

 

E como é que está a ser esta primeira experiência no futebol europeu?
Tem sido uma experiência que, desde o início, tem sido muito boa. Vínhamos com um objetivo, com um propósito, que passava por ganhar tarimba e aproveitar o que o Marinhense nos oferecia e, com o nosso talento, também ajudar o clube a alcançar metas ambiciosas: queríamos a subida à II Liga, fazer história na Taça e penso que conseguimos coisas muito importantes, tanto na Liga como na Taça. Para os que não souberem, chegámos muito longe na Taça e defrontámos uma equipa da I Liga como o Rio Ave foi uma experiência muito boa para o Marinhense, para a cidade, para o marketing, para muitas coisas. Defrontar o Rio Ave, na minha história de futebolista, foi muito bom.

 

És um médio, mas como te caracterizas como jogador: és mais combativo, mais criativo, como é o David Rojo em campo?
Na Colômbia, jogava sempre como extremo ou lateral. Atuava quase sempre num dos corredores, nas faixas. Mas sou um jogador polivalente e jogo onde o míster precisar. Sempre me caracterizei mais por atacar, mas não tenho nenhum problema em jogar como lateral. Cá, na Europa, aprendemos que um jogador não se deve limitar a uma só posição, porque é muito complicado para um míster contar contigo apenas para uma posição. É importante que um jogador se mentalize que é um profissional e se ambiciona a objetivos de topo, tem de ser polivalente e saber o que fazer em todos os sectores do campo. Um dia pode jogar pela ala, no outro tem que estar consciente que terá de jogar pelo meio e o jogador que for profissional não tem desculpas para reclamar: “Eu jogo aqui, ou jogo ali”. Não. Tens de jogar onde a equipa mais precise de ti, porque és um profissional. 

 

"SOU UM JOGADOR POLIVALENTE E JOGO ONDE O MÍSTER PRECISAR. SEMPRE ME CARACTERIZEI MAIS POR ATACAR, MAS NÃO TENHO NENHUM PROBLEMA EM JOGAR COMO LATERAL"

 

Como é que tens vivo este período mais complicado, sem competição e em confinamento?
Penso que estamos todos em aprendizagem. Com isto que está a passar, com esta pandemia, damo-nos conta que somos seres vulneráveis, que precisamos de um Deus, é Ele que nos protege e temos que enfrentar esta batalha dura e seguir em frente, trabalhando, nem que seja a partir de casa, trabalhando duro, para que quando tudo comece novamente, estarmos prontos.

 

Que objetivos tens agora para cumprir no horizonte?
Os objetivos agora passam por continuar na Europa, prosseguir a minha carreira cá. Dar o salto da América do Sul para a Europa é muito difícil, agora que já cá estou quero continuar. Agora, estou em Leiria, não sei o que o futuro reserva, mas tenho muito claro para mim que quero continuar por cá, no Velho Continente. 

 

"Sendo um profissional, tens de estar preparado a jogar onde a equipa mais precisar e onde o mister decidir"