“A grande percentagem do sucesso de um atleta deve-se a ele próprio”


Treinador do Arouca, Vítor Oliveira é um verdadeiro especialista em subir equipas de divisão – conta com sete no seu currículo. Acredita no trabalho, na competência, na dedicação, na estabilidade e não têm dúvidas em afirmar que o técnico pode indicar o caminho mas o êxito do jogador depende sempre dele.

Na I e II ligas há poucos treinadores estrangeiros. É um sinal do valor do treinador português?

Creio que é o reconhecimento dos dirigentes portugueses do valor do treinador português. Reconheço que já tivemos treinadores estrangeiros que trouxeram coisas muito boas ao futebol português, aprendemos com eles e partimos à procura de mais e melhor e, neste momento, entendo que somos absolutamente capazes de dar uma resposta positiva a todos os desafios.

 

Os portugueses são dos melhores treinadores do Mundo?

Acredito plenamente que estão entre os melhores. Temos tido várias histórias de sucesso, temos tido treinadores com resultados ótimos, não só a nível interno como nas grandes provas europeias, e temos ainda muitos e bons treinadores com grande sucesso a trabalhar fora do País. Para além disso devemos reconhecer que em Portugal nem sempre trabalhamos nas melhores condições, o que por vezes origina que não possamos potenciar toda a nossa capacidade.

 

A reintrodução das equipas B foi bom para a competição?

Creio que foi bom principalmente para os clubes que puderam apresentar essas equipas, dado que puderam juntar na mesma equipa todos os seus atletas que normalmente andavam espalhados por várias equipas. Puderam juntá-los sob a mesma orientação técnica, de acordo com os princípios e filosofia do clube, e podem constituir a qualquer momento uma boa opção para o plantel principal. Por outro lado estas equipas não trouxeram mais gente aos estádios, como se argumentava na fase inicial, e não me parece que tenha trazido grandes benefícios ao futebol jovem em Portugal visto que o número de estrangeiros utilizados é exagerado não fomentando o aparecimento do jogador português. Parece-me ainda que a introdução destas equipas deveria obrigar a uma melhor definição do número de jogadores estrangeiros a utilizar e a uma melhor definição das equipas A e B.

 

O horário dos jogos tem influência no rendimento dos atletas?

Acredito que sim embora a possibilidade de ajustar o treino à hora do jogo possa minimizar esses efeitos. Mas havendo alterações demasiado frequentes nos horários dos jogos acredito que o rendimento do atleta possa sofrer alterações.

 

Foi jogador profissional. O futebol mudou com o passar dos anos?

O futebol tem vindo a mudar naturalmente, tem progredido à custa da melhoria da qualidade do treino, da chegada ao futebol de novas valências que têm tido um impacto positivo no futebol (scouting, coaching ), das melhores condições em termos de relvados, sintéticos e equipamentos e tem melhorado também pela melhor qualidade capacidade e formação dos técnicos.  

 

A relação treinador/jogador tem vindo a alterar-se?

Penso que sim principalmente na relação pessoal. Agora, a relação treinador/jogador é mais próxima, mais afetiva e mais participativa.

 

Um treinador sente-se recompensado quando aposta em jovens jogadores e depois estes obtêm sucesso?

É sempre motivo de grande satisfação ver crescer os nossos jogadores e quando esse crescimento atinge o nível do sucesso a nossa satisfação duplica. Embora eu acredite que a grande percentagem do sucesso de um atleta deve-se a ele próprio. Nós poderemos indicar o caminho mas a grande caminhada para o sucesso vai depender sempre dele.

 

Os dirigentes estão mais pacientes com os treinadores e não recorrem tanto à chamada chicotada psicológica, ou isto é daquelas “coisas” que não há volta a dar?

Creio que o número de chicotadas psicológicas tem vindo a diminuir e encontro três motivos para que isso aconteça: o primeiro tem a ver com a melhor e mais cuidada escolha dos treinadores; a segunda com a constatação por parte dos dirigentes de que as chicotadas psicológicas não são o remédio para todos os males; e a terceira, e não menos importante, é a conjuntura económica que não facilita o processo de indemnização e contratação de novo treinador.

 

 

B.I.:

Nome: Vítor Manuel Oliveira

Idade: 59 anos

Clubes como treinador: Portimonense, Maia, P. Ferreira, Gil Vicente, V. Guimarães, Académica, U. Leiria, Sp. Braga, Belenenses, Rio Ave, Moreirense, Leixões, Trofense, Desp. Aves e Arouca