Mestre André no topo do futsal europeu
Antes de chegar ao topo, o jogador de 27 anos concluiu o mestrado em engenharia civil.
André Henriques Nunes Coelho é um dos nove campeões europeus de futsal de 2018, pela Seleção Nacional, com uma formação académica superior. Formado no ABC Nelas, o fixo de 27 anos mudou-se para o SC Braga em 2013, onde concluiu o ensino superior.
Entre as várias opções disponíveis, André Coelho escolheu engenharia civil e explica-nos o porquê: “Concluí a minha formação superior quando estava no SC Braga. Optei por um curso que tivesse as minhas disciplinas preferidas, que eram matemática, física, química e geometria. Quando terminei o mestrado em engenharia civil, assinei contrato profissional com o Benfica e dediquei-me em exclusivo ao futsal até hoje.”
Preparado para iniciar a profissão de engenheiro civil, logo após o final da carreira como jogador profissional de futsal, André Coelho nota que, hoje, os colegas preocupam-se com a transição e o final da atividade desportiva. “Há cada vez mais jogadores a estudar e penso que outros clubes deviam seguir o exemplo do SC Braga [tem um protocolo com a Universidade do Minho, onde os seus atletas concluem a formação superior]. Quer no futebol, quer noutras modalidades, a nossa carreira profissional é muito curta, tem uma média de 10 a 15 anos, é sempre importantíssimo termos um plano B e salvaguardarmos o futuro, porque o futebol não dura para sempre”, alerta.
Além das equipas profissionais de futsal, como o Benfica, o Barcelona e muitas outras, há campeonatos universitários da modalidade, onde as formações portuguesas têm tido uma presença assídua, e com bons resultados, como lembra André Coelho: “Acho que está a ser feito um bom trabalho ao nível do desporto universitário, que está muito forte no nosso país, desde há alguns anos, com presenças em fases finais de Mundiais e Europeus.”
NO BARCELONA DESDE JULHO, ENCONTROU UMA REALIDADE IDÊNTICA À PORTUGUESA NO QUE À CONCILIAÇÃO DOS ESTUDOS COM O FUTSAL DIZ RESPEITO.
Dos 14 jogadores portugueses que se sagraram campeões europeus de futsal em 2018, sete são licenciados e dois têm um mestrado. O jogador do Barcelona defende que tal é possível, devido a uma rigorosa gestão do tempo. “Não podemos ir tantas vezes beber um café com os amigos, passear com os pais ao fim-de-semana, porque estamos fora, mas temos de retirar alguns desses privilégios que poderíamos ter para nos focarmos no essencial. A minha rotina era estar bem fisicamente para conseguir jogar e bem psicologicamente para conseguir estudar”, revela.
No Barcelona, aonde chegou em julho deste ano, André Coelho encontrou uma realidade idêntica à portuguesa: “Tenho aqui alguns colegas que estão no campeonato universitário. Há jogadores que conciliam o futsal com a formação académica e outros que querem dedicar-se em exclusivo ao futsal.”
Embora seja cada vez mais comum os jogadores de futsal estarem no ensino superior, o internacional português ainda é visto como um bom exemplo pelos companheiros. “Quando cheguei ao Barcelona, alguns colegas ficaram surpreendidos por eu ter concluído uma licenciatura e um mestrado ao mesmo tempo que jogava na Primeira Divisão. A verdade é que não se veem muitos jogadores de topo com um mestrado. Fico feliz por poder passar esse exemplo aos mais jovens e também aos mais velhos, que ainda não têm um curso superior”, confessa.
Criado em 2016, o Programa de Educação e Formação do Sindicato dos Jogadores tem apoiado dezenas de atletas na conclusão dos estudos, algo que André Coelho aplaude: “É importantíssimo os jogadores terem esse apoio da parte do Sindicato. Desde muito cedo, tive a motivação e a dedicação que os meus pais sempre me transmitiram para acabar o curso, mas hoje, com as iniciativas do Sindicato, os jogadores estão muito mais protegidos nesta matéria. Eles pensam que é difícil ter uma formação superior, mas acaba por ser compensador quando se termina, termos um plano B. É importante passar esta mensagem aos mais jovens.”