"Quando temos muita ambição, tudo se consegue encaixar"
Licenciada em treino desportivo, já teve uma experiência como treinadora e quer ser profissional.
Terminaste a primeira época no Amora. Que balanço fazes da temporada?
Foi uma época de aprendizagem enorme por tudo o que se passou. Saí da minha zona de conforto e abracei este projeto com a ambição de progredir. Estava à espera que tudo pudesse correr mal, se tudo corresse bem, melhor ainda. Tudo o que se passou, altos e baixos, fortaleceram muito o grupo, fortaleceram cada uma de nós e ajudaram-nos a estar mais preparadas para o que possa vir.
E a nível individual, sentiste-te no teu melhor?
Sim, sinto que sim. Os resultados falam por si.
Vieste para o Amora depois de a Ovarense ter descido de divisão. Puseste logo na cabeça que tinhas de arranjar um clube na Primeira divisão?
Sim, era um dos meus objetivos. Apesar de estar a sair de um clube que desceu, este foi sempre o meu objetivo. Foi uma fase menos boa, mas uma jogadora não é definida por isso, por jogar num clube que desceu de divisão. O meu trabalho durante a época continuou a ser feito e não é por ser numa Ovarense, sem menosprezar o clube, claro, que algum dia deixei de trabalhar tanto dentro do clube como fora dele.
Como surgiu a proposta do Amora?
Pelo que sei, o treinador tinha interesse em mim, queria que eu viesse para cá, apesar de eu já ter recebido uma proposta do Amora ainda antes do mister Gonçalo vir para cá. Na altura, estava numa fase em que se viesse não ia estar a cem por cento e então não aceitei a proposta. Depois, não sei se por um sinal da vida ou não, a proposta voltou a surgir no final da época e eu senti-me a 200% para vir para cá e dar o melhor de mim.
Foi a primeira vez que estiveste tão longe de casa. Como foi a adaptação?
Foi mesmo muito boa. Não estava à espera. Devo muito às colegas de balneário. Havia muitos elementos novos a entrar no Amora e se calhar, por isso, tentámos mais ajudarmo-nos umas às outras para que a adaptação fosse mais fácil. Mesmo os elementos que já cá estavam acolheram-nos muito bem.
“SAIR DA MINHA ZONA DE CONFORTO É UMA DAS MINHAS MAIORES MOTIVAÇÕES.”
Qual a maior motivação que te trouxe até aqui?
Ser profissional e chegar a um clube de topo.
Acreditas que estás disposta a sair ainda mais da tua zona de conforto em busca de uma vida estável no futebol? Emigrar, por exemplo.
Sim, porque isso é uma das minhas maiores motivações - sair da minha zona de conforto – porque acho que quando estamos confortáveis, então já demos o que tínhamos a dar ali. Claro que depende da motivação de cada um, há jogadoras que se podem sentir confortáveis mesmo a jogar num nível mais baixo, outras, apesar de estarem já num nível alto, não têm ambição de mais, aquilo para elas basta. Eu sinto total predisposição para procurar sempre mais.
Sei que ingressaste no Ensino Superior. Deixar os estudos de lado nunca foi uma opção?
Na altura estudava, trabalhava em part-time e ainda dava treinos. Acho que quando temos muita ambição, tudo se consegue encaixar. Este foi o primeiro ano em que me dispus a fazer só isto, a dedicar-me totalmente ao futebol.
Acreditas que é importante os jogadores, e jogadoras neste caso, terem sempre formação superior?
Sim, claro que sim. Acho que nós temos sempre de ter outra opção, de explorar outras áreas. A vida no futebol, em particular no feminino, tem o tempo muito contado e nós temos de aproveitar enquanto estamos disponíveis física e mentalmente para dar o melhor de nós, pois a partir do momento em que a performance deixa de ser eficaz para o coletivo, temos de deixar o futebol.
A tua formação é em treino desportivo. Porquê esta área? Acreditas que, para além de ser algo de que gostas, te ajuda de alguma forma enquanto futebolista?
Na minha opinião ajuda sempre. Quaisquer que sejam as ferramentas que nós adquirimos, quer seja na faculdade ou noutro sítio, isso será sempre benéfico para nós. Mesmo estudando aquelas matérias que não achamos tão importantes, temos de saber sempre tirar o melhor proveito disso. Acho que é bastante importante para mim como pessoa e em especial como atleta, pois estudei áreas que são bastante importantes.
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Estudos, futebol, emprego. Como é que conseguiste conciliar tudo isso?
Com força de vontade [risos].
Que sonhos tens para a tua carreira?
Neste momento gosto de estipular objetivos a curto prazo. Como disse anteriormente, o futebol não irá durar muitos anos. Vim [para o Amora] com ambição de ser profissional e acredito que já estive mais longe de o ser. Depois é jogar num clube de topo.
A Seleção é um dos maiores sonhos?
Sem dúvida. É um sonho constante. Se não surgir, posso ter a certeza de que trabalhei para isso.
Depois da carreira de jogadora, gostavas de ficar ligada ao futebol, por exemplo, na tua área de treino?
Sim, gosto muito do treino, mas da parte física, até porque quando dava treino era enquanto treinadora adjunta. No escalão de sub-19 não há o chamado “preparador físico”, ainda para mais no futebol feminino. No contexto onde eu estava era uma equipa B e estava mais ligada à preparação física das atletas. É uma área de que gosto, não digo que não, que não seja algo que possa surgir depois do futebol, mas gosto muito também do treino individual, fora do futebol.
Como queres ser recordada um dia?
Quero ser recordada como aquela lateral direita que deixou uma marca no futebol português.