"Temos de pensar que os estudos são muito importantes na nossa vida"


João Dias tem 21 anos, é capitão dos sub-23 do Mafra e é a mais recente cara da rubrica Impressão Digital.

Quando e onde começou o futebol para ti?
Começou por volta dos cinco anos. Comecei a jogar futebol num clube ao pé de casa, no Povoense, porque eu moro na Póvoa de Santa Iria e inicialmente era apenas um hobby. Os meus pais entenderam que me fazia bem praticar desporto e eu escolhi o futebol.

Quando é que começaste a sentir que querias ser jogador profissional e que o futebol já não era só um hobby?
Talvez por volta dos 14 anos. Acho que foi quando comecei a levar o futebol mais a sério. Comecei a perceber que tinha de fazer alguns sacrifícios, que tinha de me esforçar e lutar pelo meu sonho – ser jogador profissional de futebol.

E sempre jogaste à defesa?
Sempre fui defesa. Nunca tive esse bichinho de ir à frente. Sempre gostei de jogar atrás, porque eu sabia a importância que tem alguém cá atrás com qualidade para fazer a bola chegar lá à frente. Sempre gostei muito dessa parte.

Hoje como te defines enquanto jogador?
Como um jogador que gosta de ajudar a equipa, que sabe que a equipa está sempre em primeiro lugar. Acho que sou um jogador que trabalha muito. Não sou muito rápido, então tenho de saber pensar mais rápido e antes dos outros.

“PENSO QUE A MELHOR FORMA DE MOSTRAR QUE SOMOS UM EXEMPLO É A TRABALHAR.”

Antes de chegares ao Mafra venceste duas Ligas e duas Taças Revelação, pelo Estoril. Foram os momentos mais importantes desta tua ainda curta carreira?
Sim, talvez tenham sido as melhores coisas que aconteceram na minha carreira. Foram dois anos muito bons, em que ganhámos tudo o que havia para ganhar. Tínhamos uma equipa muito boa no Estoril, tanto no primeiro como no segundo ano.

E como está a ser este novo desafio aqui no Mafra?
Está a ser bom. O projeto dos sub-23 aqui no Mafra é muito interessante. Este é o primeiro ano e o primeiro ano nunca é fácil, porque é tudo novo, tanto para o clube como para os jogadores. Acho que está a ser bom, tenho jogado muito, que era o que eu queria esta época, e acho que se continuarmos a trabalhar vamos conseguir fazer coisas muito boas para nós e para o clube.

Primeiro ano e és o capitão de equipa. Sentes muita responsabilidade?
Sinto responsabilidade porque foi embutida pelos meus colegas de equipa, mas estou tranquilo. Acho que faço bem esse papel. Não digo que sou o melhor capitão do mundo, mas sinto que desemprenho bem esse papel. Penso que o mister e os meus colegas estão contentes comigo.

E tentas ser um exemplo para os teus colegas? Tanto dentro como fora de campo.
Claro. Acho que isso devemos todos tentar ser. Não só sou capitão, como sou dos mais velhos do grupo, tento sempre ser um exemplo, especialmente para os mais novos.

“O FUTEBOL DÁ DINHEIRO PARA SE SER AUTOSSUFICIENTES A UMA PERCENTAGEM MUITO PEQUENA DE JOGADORES.”

E em que medida tentas ser um exemplo para eles?
Com trabalho. Penso que a melhor forma de mostrar que somos um exemplo é a trabalhar. Claro que falar também é importante, mas se falarmos muito e depois não demonstrarmos como é que as coisas têm de ser feitas, trabalhar no duro, não vale de nada.

Há pouco disseste que tiveste de fazer alguns sacrifícios pelo futebol. Transmites isso aos mais novos?
Os sacrifícios no futebol são importantes. Temos de começar a fazê-los desde novos. Não é fácil ter 14 ou 15 anos e sacrificar algumas coisas por aquilo que é o nosso sonho.

E em relação aos estudos, com cada vez mais profissionais a aparecer cada vez mais novos, achas que é importante alertar para a importância de não abandonar a escola precocemente?
A escola é sempre uma coisa importante. O futebol é um meio muito competitivo e, às vezes, por uma razão ou por outra, não conseguimos atingir os nossos objetivos. Devemos sempre tentar conciliar a escola com o futebol, pelo menos até completarmos os mínimos, neste caso, o 12.º ano. Acho que é perfeitamente possível conciliar as duas coisas, basta querer, como tudo na vida.

E tu tens a ambição de continuar a estudar?
Sim. Eu fiz o 12.º ano e depois decidi que me iria focar no futebol a 100%. Senti que naquela altura tinha de me focar só no futebol para chegar onde queria e quero. Mas sempre tive a ambição de um dia voltar a estudar porque sei que muito provavelmente vou precisar disso, vou precisar de ir para a faculdade e ter outro trabalho além do futebol. O futebol dá dinheiro para se ser autossuficientes a uma percentagem muito pequena de jogadores. Acho que nós, jovens, temos de ter consciência disso, ter os pés bem assentes no chão e pensar que os estudos são uma parte muito importante da nossa vida.

Para terminar: que sonhos tens para o teu futuro e onde te vês daqui a 10 anos?
Tenho sonhos e objetivos. O meu sonho é chegar ao mais alto nível do futebol e representar a Seleção Nacional – esse é o meu sonho. O meu objetivo é poder jogar o mais depressa possível na equipa principal do Mafra e conseguir chegar à Segunda Liga ou à Primeira Liga. Daqui a 10 anos? Espero ter os meus objetivos alcançados.