“Marcar o golo que deu o título ao Estrela deixou-me muito feliz”


Isnaba Graça foi decisivo para a conquista da Liga Revelação por parte da equipa da Amadora.

Quando e onde é que começou o futebol para ti?
Eu comecei a focar-me mesmo no futebol com 17 anos, quando entrei numa academia na Guiné-Bissau. Comecei a treinar, em 2018, e o dono da Academia gostou de mim, fiquei integrado na equipa e depois, em agosto de 2019, vim para Portugal. O meu primeiro clube aqui foi o Leixões, fiz lá três épocas e no ano passado vim para o Estrela. Antes de ir para a academia só jogava na rua, mas não estava muito focado, porque para o meu pai o que interessava era a escola e estudar.

E como é que surgiu a oportunidade de ires para a tal academia?
Foi num jogo de bairro. Uma pessoa viu-me a jogar, o mister dessa academia, e foi falar com o dono. Foram a minha casa, para falar comigo, e disseram-me para aparecer no dia seguinte para treinar. Cheguei atrasado e meteram-me na bancada [risos]. Depois do treino o dono da Academia veio falar comigo e a partir do dia seguinte, comecei a treinar lá a sério.

De ires para a Academia até vires para Portugal, passou muito pouco tempo. Como é que foi a adaptação, tanto ao país como ao futebol?
Foi um bocado complicado, especialmente por estar longe da família. Sou uma pessoa muito habituada a estar com os meus pais e quando vim para cá foi um bocado difícil. Às vezes ligava para a minha mãe e dizia “mãe, eu quero voltar”, mas ela dizia-me sempre que eu estava atrás dos meus sonhos, que tinha de trabalhar… Agora já estou mais adaptado.

Quando começaste esta temporada, imaginaste que ia terminar como terminou?
Não. Quando cheguei as coisas não começaram bem, eramos uma equipa nova, ainda não nos conhecíamos bem… foi um bocado complicado o início de campeonato. Depois as coisas começaram a correr melhor e a aparecer os resultados. Depois de uma série de jogos sem perder, comecei a acreditar que se calhar dava mesmo para sermos campeões.

“PERDI O MEU PAI HÁ DOIS ANOS E APONTEI PARA O CÉU, PORQUE QUERIA QUE ELE ESTIVESSE AQUI, NAQUELE MOMENTO.”

Qual foi o sentimento de marcar o golo da vitória e, consequentemente, do título?
Foi uma coisa… não sei explicar. Quando fiz golo, a primeira coisa foi apontar para o céu, para o meu pai. Perdi o meu pai há dois anos e apontei para o céu, porque queria que ele estivesse aqui, naquele momento. Não aconteceu, mas senti-me mesmo muito feliz por marcar o golo que deu o título ao Estrela.

Se alguém não te conhecesse como jogador, como é que te descrevias?
Sou um jogador que gosta de ter bola no pé, de pedir no espaço, sou goleador… Também sou um jogador rápido, com uma grande passada. Como sou bem alto, também sou bom no ar e gosto de disputar a bola.

Onde te vês daqui a 10 anos?
No Real Madrid [risos].

Se não fosses jogador de futebol, o que serias?
Isso é muito complicado [risos]. Se não fosse jogador, não sei. Deus ajudou-me a ser jogador, e ainda bem, porque se não fosse isto, não sei.