“Preocupou-me se voltava a ser o jogador que era antes da lesão”


Théo Fonseca regressou à competição há cinco meses depois de ter estado um ano afastado dos relvados.

Pouco depois de cumprir o sonho de se estrear na Primeira Liga, uma lesão grave afastou Théo Fonseca dos relvados durante um ano.

O avançado do Famalicão não desistiu e voltou a competir em outubro do último ano. A força psicológica foi determinante para ultrapassar o momento mais difícil da carreira. 

Quando é que começaste a jogar futebol em França?
Comecei a jogar futebol com cinco anos e vim sozinho para Portugal em 2018. Os meus pais ficaram em França.

Dar o salto diretamente da Liga 3 para a Primeira Liga foi difícil para ti?
No início foi difícil, porque muda tudo. A intensidade, a qualidade, o aspeto tático, o que as pessoas esperam de ti é muito elevado, comparando com a Liga 3. Por isso o início foi difícil, mas toda a gente aqui no clube me ajudou e adaptei-me bem.

O que passa pela cabeça de um jogador quando se está um ano afastado dos relvados?
Passa-se muita coisa. O que pensei mais foi se ia voltar a ser o que era antes. No dia em que fui operado, cheguei a andar ao hospital e quando saí nem conseguia levantar a perna. O que me preocupou mais foi se voltava a ser o jogador que era antes da lesão.

Alguma vez pensaste em desistir do futebol depois de receberes a notícia da lesão que tinhas?
Desistir não, porque já joguei com colegas que tiveram isso e aqui no Famalicão alguns jogadores tiveram essa lesão e voltaram bem. Quando me lesionei, passado dois meses o Puma infelizmente também se lesionou e isso ajudou-me muito porque, no caso dele, já era a terceira. Mas a única coisa que pensava era se ia voltar a ser o que era antes. Nunca pensei em desistir.

“ESTAR UM ANO PARADO É A COISA MAIS DIFÍCIL PARA UM JOGADOR DE FUTEBOL. CADA LESÃO QUE TEMOS, SÓ PODEMOS SAIR MAIS FORTES PSICOLOGICAMENTE.”

Qual foi o momento mais difícil no período em que estiveste afastado dos relvados?
O que me custou mais na recuperação foi estar todos os dias com os meus colegas, vê-los treinar e jogar e eu não poder estar presente para ajudá-los.

Quem foi o teu maior suporte nessa fase da tua carreira?
Toda a gente no Famalicão ajudou-me. Staff, fisioterapeutas, colegas de equipa, família e amigos.

Como é que lidaste psicologicamente com este afastamento prolongado dos relvados?
Foi difícil porque há dias em que acordas bem, há dias em que acordas mal, podes ir para o treino feliz, chegas e estás triste, mas depois disso só podes sair mais forte, porque estar um ano parado é a coisa mais difícil para um jogador de futebol. Cada lesão que temos, só podemos sair mais fortes psicologicamente.

E qual foi a sensação de regressar aos relvados, defrontando a equipa onde concluíste a formação como jogador [Vitória SC]?
Foi a coisa que mais esperava. Desde que me lesionei só pensava em voltar e felizmente consegui voltar. Estava a sentir-me bem, física e psicologicamente, por isso estava muito feliz.

“FALARMOS COM AS PESSOAS AJUDA MUITO. QUANDO NOS LESIONAMOS, FICAMOS FECHADOS EM NÓS PRÓPRIOS E ISSO NÃO É BOM.”

Tinhas algum plano B preparado, caso não fosse possível dar continuidade à carreira de jogador?
Nunca tive plano B. Para mim o plano A sempre foi ser jogador e felizmente consegui. Nunca pensei fazer outra coisa.

Ainda és muito jovem, tens apenas 23 anos, mas qual é que foi o melhor momento da tua carreira até agora?
A minha estreia na Primeira Liga. Foi uma coisa que sonhava muito e felizmente consegui, aqui no Famalicão.

Tens algum sonho por cumprir no futebol?
Tenho muitos sonhos. Marcar muitos golos, jogar na Liga dos Campeões, pela Seleção portuguesa. Vamos ver…

Vieste de um país diferente, para uma realidade inferior, depois chegaste à Primeira Liga e tiveste esta lesão. Que mensagem gostarias de deixar aos jovens que possam passar por isto?
A lesão não importa. Temos de acreditar sempre em nós, que vamos ficar melhor, trabalhar muito e tentar não ficar sempre no nosso mundo. Falarmos com as pessoas ajuda muito. Quando nos lesionamos ficamos fechados em nós próprios e isso não é bom.