"Não somos máquinas, nós somos humanos"


Miguel Lopes, do Estrela da Amadora, é o mais recente protagonista da “Palavra de Capitão”.  

Aos 38 anos, Miguel Lopes sempre mostrou a resiliência necessária para superar as adversidades.

Depois de nove meses sem jogar, o polivalente defesa do Estrela da Amadora encontrou na Reboleira pessoas que o queriam ter por perto e não hesitou na altura de assinar. A experiência e a vontade de singrar valeram-lhe a braçadeira de capitão.

Quando é que foste designado capitão de equipa pela primeira vez?
Em Alverca, quando era miúdo, nos juniores de segundo ano. Foi o primeiro clube onde fui capitão.

E no caso do Estrela, quando é que foste designado capitão e como?
Foi no meu primeiro ano aqui, com o míster Chéu. Eu vinha de nove meses sem jogar e deram-me uma oportunidade aqui no Estrela. O míster Chéu falou comigo, juntamente com os jogadores e, mediante a minha experiência, pelos clubes por onde passei, foi decidido entre todos que me iria tornar capitão. Para mim foi um enorme orgulho e um enorme prazer ser capitão do Estrela.

Além do Estrela e do Alverca, quando eras ainda jovem, foste capitão noutras equipas?
Não.

Quais são as características que um capitão deve ter?
Eu não vejo aqueles capitães que têm de ser rígidos. Acima de tudo, gosto de ajudar. Gosto de ajudar os mais novos. Quando as coisas não correm bem, gosto de alertar para o grupo de trabalho que temos sempre de mudar, de lutar, de trabalhar, e que só assim é que conseguimos evoluir. Acho que um capitão tem de ter responsabilidades, tem de mostrar vontade, tem de mostrar o querer ganhar, o querer fazer as coisas bem. Nem sempre o conseguimos, somos humanos e também temos esse tipo de ações que não são favoráveis. Mas, acima de tudo, devemos ser um exemplo dentro e fora de campo.

Há algum capitão que tenhas como exemplo?
No FC Porto tive o Helton e o Bruno Alves, mas eu olhei sempre para o Bruno Alves como um capitão à Porto. Um capitão que ia a tudo, ia contra tudo em prol da equipa e do clube. Posso dizer que o Bruno Alves foi um dos capitães que mais me marcou.

Qual foi a decisão mais difícil que tiveste de tomar enquanto capitão de equipa?
Nós, os capitães do Estrela, temos uma filosofia, juntamente com a equipa técnica e com o clube, que qualquer jogador que venha para o Estrela da Amadora tem de mostrar vontade, o querer ganhar e o querer de vitórias. E se há alguém que se desalinhe daquilo que é o ideal de jogador para o Estrela da Amadora, esse jogador está fora do barco. Tivemos aqui um exemplo, não vou dizer o nome, de um jogador com quem tivemos várias reuniões, a quem lhe foram implementadas várias multas, mas quando o jogador não quer mudar, o caminho tem de ser o de se afastar, tem de se ir embora porque não vai ser bom para o grupo de trabalho. Queremos um ambiente saudável, um ambiente de alegria, um ambiente de responsabilidade, e quando isso não é favorável para o grupo de trabalho, há que cortar o jogador.

Como é que se gere o equilíbrio entre as funções de jogador e capitão enquanto líder de grupo?
Eu acho que ser capitão e jogador ao mesmo tempo não me traz mais responsabilidade. O equilíbrio é sempre o mesmo. Aquilo que eu mais gosto de fazer é jogar futebol. Tenho 38 anos, mas ainda tenho muita fome de jogar, então o equilíbrio é sempre o mesmo. Não há oscilações. É aquilo que mais gostamos de fazer.

No início desta época entrou em vigor a regra do capitão, que é o único jogador que pode trocar impressões com o árbitro durante o jogo. Concordas com esta medida?
Por um lado concordo, mas nós estamos no futebol, o futebol são reações, é o falar. É não gostarmos de um lance onde nós recebemos uma falta e achamos que é incorreto e então temos uma atitude mais fervorosa. Eu acho que isso vem do futebol. Antigamente havia isso e não foi por aí que não era bonito, não foi por aí que não havia respeito. Agora, se implementas um jogador de campo só para falar com o árbitro, e ele é somente o capitão, há que respeitá-lo. Mas, por mim, todos os jogadores podiam falar desde que haja respeito mútuo.

És com certeza um modelo para os teus colegas de equipa. Como é que lidas com a pressão de seres visto desta forma?
Tem a ver com o exemplo que tu queres passar para os mais novos, mesmo para os jogadores que vêm de outros países. Eu sei de antemão que não sou um capitão exemplar. Acho que não há capitães exemplares. Há capitães que erram, há capitães que têm atitudes que não devem ter, mas o que eu tento passar são os valores, saber de antemão que daqui a alguns anos isto vai acabar e que deixamos de poder estar em grandes estádios, estar em grandes ambientes, conviver com pessoas, com companheiros, ter um dia a dia que é uma rotina onde depois vais mudar. Acho que passa muito por aí. Passa muito por eu, como capitão, dar esse tipo de “sinais” aos jogadores. Isso para mim é o fundamental.

“Se a pessoa acreditar em ti, então segue essa pessoa, luta por essa pessoa, e é aquilo que eu tenho feito desde que cheguei ao Estrela.”

Tens algum comportamento, digamos algum ritual, que passes aos teus colegas antes dos jogos para unir as tropas?
Não tenho ritual. Aqui, por exemplo, com o míster Faria, o míster é que fala, ele é que é o líder. Eu podia pedir para falar, mas é o míster José Faria que fala. Certamente que nós motivamos os jogadores antes de ir para o aquecimento, mesmo quando vimos do aquecimento damos umas palavras também. No último jogo com o Sporting, eu próprio quis falar. E se houver outro jogador que queira falar, o míster José Faria deixa falar na boa, sem qualquer tipo de problema. Não tenho qualquer tipo de ritual com a equipa. Acho que cada um tem de se focar no trabalho que tem a fazer. Certamente há rituais que cada jogador tem. Eu tenho o meu, posso confessar, antes de qualquer tipo de aquecimento eu pego num secador e vou secar as minhas botas. É uma coisa que eu tenho e que já dois ou três jogadores fazem isso. É bom, porque mal metes o pé na bota molda logo o teu pé à bota. Esse é o meu ritual. É o único ritual que eu tenho.

O teu irmão gémeo, o Nuno, também foi jogador profissional. Vocês nunca jogaram juntos. É um desejo que ficou por cumprir?
Para mim sim, em termos profissionais. Até ao Alverca joguei com o meu irmão, depois eu fui para o Benfica e o meu irmão foi para o Sintrense, aí separámo-nos. Consegui jogar contra ele, eu estava no Sporting e ele no Beira-Mar, num jogo complicado, cheio de emoções, onde ele desceu de divisão e não foi bom. Mas sim, fica um gosto amargo de não poder ter jogado com o meu irmão no futebol profissional.

Foste sempre lateral-direito até esta fase da carreira, em que foste adaptado a central. Sentes-te confortável nestas novas funções?
Sinto. Jogando como central do meio ou jogando com dois, sinto-me confortável. A cultura tática que eu criei durante anos e anos no futebol, e passei por excelentes clubes, com excelentes treinadores, faz com que eu tenha entrado como central, mas não tenha tido muita dificuldade nesse sentido.

Depois de seis épocas consecutivas no estrangeiro, voltaste a Portugal pela porta do Estrela. O que é que te fez regressar ao nosso país?
Na altura foi por motivos pessoais que eu vim para Portugal. Não conseguia, estava longe dos meus filhos, estava a passar um momento menos bom. Na altura faleceu o meu pai, então já não conseguia estar fora do país. Estive nove meses sem jogar, a minha cabeça não estava para ir. Tinha de fazer um reset e acho que qualquer pessoa que seja inteligente o suficiente tem de fazer o reset. E isso para mim foi um momento doloroso, foram nove meses que eu vivi dificilmente, em que passei com a minha família, e depois apareceu o Estrela. Eu já via jogos do Estrela da Amadora e, quando houve o telefonema, nem hesitei. Nem foi pelo dinheiro. Não estou aqui nem pouco mais ou menos pelo dinheiro, foi porque as pessoas queriam e confiaram em mim, e isso para mim foi o mais importante. São os valores que me passaram: se a pessoa acreditar em ti, então segue essa pessoa, luta por essa pessoa, e é aquilo que eu tenho feito desde que cheguei ao Estrela.

Representaste a Seleção A quatro vezes e estiveste no Europeu de 2012, onde chegámos às meias-finais. Foi o melhor momento da tua carreira?
Sem dúvida. Foi um dos melhores momentos da minha carreira. Eu passei pelos quatro grandes em Portugal e isso para mim foi... Ainda hoje eu penso: tenho 38 anos, mas se acabasse hoje a minha carreira, eu acabava muito feliz. Eu sou sincero. Porque, acima de tudo, eu cheguei onde cheguei porque trabalhei. Passei momentos menos bons, mesmo indo sozinho para uma ilha [para os Açores, quando jogou no Operário]... Estou muito orgulhoso daquilo que conquistei, daquilo que fiz. Não foi sozinho. Com companheiros, com treinadores, com direções. E ter ido nessa altura para Braga, depois de seis meses sem jogar... Isto é uma história que deve ser contada. Eu estive no FC Porto e na altura que tinha de ir para o Zaragoza, eu não queria ir. Tinha sido emprestado ao Bétis de Sevilha no ano anterior e eu não queria ir, queria ir para o Bétis de Sevilha. O Bétis também me queria naquele ano, mas na altura o Porto fez pressão para eu ir para o Zaragoza. E eu não me via no Zaragoza, eu queria ir para o Bétis. Então, no último dia de mercado, a inscrição falhou. Estive seis meses sem jogar, depois apareceu o Braga e eu disse: “para o clube para onde eu for, eu vou ter de dar tudo de mim para novamente conseguir conquistar coisas boas.” Então fui para o Braga.
Não comecei a jogar, porque havia o Leandro Salino, na altura, que foi adaptado a lateral direito e que estava a fazer uma excelente época. Tive a infelicidade de ele se lesionar num jogo com o Feirense. Nunca mais me esqueço desse momento. E a partir daí foi... O Miguel Lopes tinha de lutar, tinha de batalhar, tinha de estar concentrado, e consegui chegar ao Europeu. E para mim esse foi o momento mais alto. Depois de seis meses sem jogar, ir para um clube como o Braga, e conseguir ir ao Europeu... Por isso é que eu digo que o trabalho tem de ser conquistado e compensa.

Jogaste em Espanha, como dizias, jogaste em França e na Turquia. Que mais valias é que essas experiências te deram?
Muitas. Muitas valias. Culturas diferentes. A França foi um momento onde eu também nunca me iria ver a jogar no Olympique de Lyon, trabalhei muito para lá chegar. Depois fui um ano emprestado, onde tive uma grave lesão e não consegui ir ao Mundial. Porque eu ia ao Mundial, certamente eu ia a esse Mundial, falei com o míster Paulo Bento, e se eu não me tenho lesionado eu ia a esse Mundial. Só havia eu e o João Pereira, na altura, juntamente com o Sílvio e o André Almeida. Foi uma história assim meio... Lesiono-me, depois a seguir o Sílvio também se lesiona gravemente, também tíbia e perónio, como eu, e depois foi o André Almeida ao Mundial.
Depois em Espanha estive no Granada e no Bétis. Adoro a Andaluzia, uma cultura fantástica. A comida, as pessoas... Adorei jogar nesses dois clubes. O Bétis marcou-me muito. Eu subi de divisão com o Bétis de Sevilha. Estive na Segunda Liga, subi de divisão nesse ano, e eu nunca vi 120 mil pessoas numa estação de comboio. Nunca. Comecei a chorar baba e ranho. Foi uma coisa com um impacto enorme. O Bétis se calhar é o terceiro ou o quarto clube de Espanha com mais sócios. Eu não tinha essa ideia. Então aquilo marcou-me bastante.
E depois foi a Turquia. A comida é diferente, a fala é diferente, o futebol é diferente, mas onde eu consegui ganhar títulos. Onde eu nunca pensei em ganhar títulos, eu ganhei títulos. Fui a três finais e ganhei duas taças. Isto é de loucos! Se me dizem: “vais assinar pelo Akhisarspor, vais ganhar títulos e vais a finais”, eu nunca iria acreditar. Até porque eu tenho uma história. Quando fui para a Turquia, para o Akhisarspor, quando fui assinar o contrato, eu vinha do Sporting, onde queres ganhar títulos, é um clube grande, e no meu contrato eu não vi lá nada a dizer “vais a uma final da taça e tens um prémio. Ganhas a final da taça e tens isto”. Ou “vais à Europa League”. Não vinha. Então o que é que eu fiz? Eu disse: “Presidente, só assino se você me meter que eu tenho prémio de ir à final da taça, tenho prémio de ganhar a final da taça, tenho prémio de ir às competições europeias...” Começou-se a rir. A rir-se mesmo! “O quê? Aqui? Queres alcançar isso tudo?” Eu disse: “Presidente, pode meter ou não?” O presidente: “Opá, mete o valor que tu quiseres.” Eu disse: “Ah é? Está bem.” Juntamente com o meu empresário da altura, o Artur Fernandes, o Joca, eu disse-lhe: “Mete aí então estas três coisas e mete o valor que tu quiseres.” E ele meteu. Então, no segundo ano fomos à final, ganhámos a final, fomos à Supertaça e fomos à fase de grupos da Liga Europa. De três finais ganhámos duas e fomos à Liga Europa. Chegámos à Liga Europa e fizemos zero pontos. O nosso grupo, meu Deus! Era Sevilha, Standard Liège e Krasnodar. Mas foi contra todas as expectativas. Nunca podes pensar que não vai acontecer porque, mais tarde ou mais cedo, pode acontecer.

Conquistaste nove títulos coletivos ao longo da tua carreira. Há algum que tenha um significado mais especial?
Pelo Sporting. Eu sou sportinguista, como toda a gente sabe, o meu falecido pai era sportinguista, o meu falecido pai era vivo, então esse foi o título que mais me marcou. Foi ganhar um título e o meu pai estar no estádio a ver o seu filho a levantar aquele caneco.

Foi muito festejado em família, de certeza.
Eu não posso falar muito senão começo-me a comover. Mas sim. Eu hoje sinto falta disso, sinto falta de ter o meu pai nas bancadas, sinto falta de falar com ele. São coisas marcantes que te fazem dizer “valeu a pena”.

“As pessoas não têm a noção do desgaste físico e mental que nós temos durante esses 70 jogos ou 60 e tal jogos. Porque é demasiado.”

A propósito: é mais difícil ser capitão de equipa ou ser pai? São coisas bem distintas, mas...
São coisas bem distintas, mas é mais difícil ser pai. Aí a nossa responsabilidade tem de ser pura, tem de ser verdadeira. Temos de demonstrar que na vida que eles vão ter pela frente vai haver altos e baixos. Nem tudo é um mar de rosas, nem tudo é dinheiro, que há pessoas a passar dificuldades, que o mundo não gira à volta do bem-estar. E então isso, para mim, é muito mais difícil. Demonstrares isso para uma criança é muito mais difícil do que mostrares isso para um adulto, que já está formado. Para mim, é muito mais difícil ser pai do que ser capitão. Sem dúvida.

O Sindicato tem insistido na importância dos jogadores continuarem os estudos. Tens alguma formação superior?
Não tenho, deveria ter, e aconselho todos os jovens e todos os jogadores a terem, porque nós não sabemos o dia de amanhã. Eu tive a sorte de conseguir uma boa carreira, há jogadores que não têm tanta sorte ou não são tão valorizados, têm de ir por outros caminhos, e acho que, nisso, o Sindicato dos Jogadores e a FPF ajudam os jogadores.

Nos países onde jogaste, alguma vez tiveste de recorrer ao Sindicato dos Jogadores?
Não. Que eu me lembre, não.

E como é que vês o papel do Sindicato no futebol?
Fantástico! Para nós, jogadores, é uma segurança enorme. Qualquer tipo de problema que nós tenhamos, tanto psicológico como em termos de clube, mesmo fora do país, é um meio para o jogador se sentir seguro. Acho que é uma coisa fantástica aquilo que o Sindicato faz.

Ao longo da carreira, como é óbvio, há altos e baixos. Alguma vez, nos momentos mais negativos, recorreste a apoio psicológico?
Sim, claro. Tanto a nível profissional como pessoal e ajudou-me bastante. Ajudou-me a crescer mentalmente, ajudou-me a ver a vida de forma diferente, e acho que isso é fundamental. Acho que é muito favorável  que qualquer jogador profissional tenha um conselho psicológico.

Tem havido um aumento do número de lesões graves entre os jogadores que participam em mais competições, que se têm queixado do excesso de jogos. Também sentes que há jogos e competições a mais?
Sim, acho que sim. Somos humanos, não somos máquinas. E acho que, às vezes, as pessoas, tanto os adeptos como o mundo do futebol, não veem isso. Sabes que no mundo do futebol tudo gira à volta do dinheiro, tudo gira à volta do bem-estar, mas não dos jogadores, porque nós somos mercadoria. É mesmo assim. Dói um bocadinho e se calhar as pessoas deviam olhar de forma diferente para um jogador de futebol. Ganhamos dinheiro? Ganhamos. Mas não somos máquinas, nós somos humanos. Temos as nossas emoções, temos a nossa família, que muitas vezes é prejudicada por faltas de respeito, e esse tipo de competições, muitas competições, vai desgastar-nos física e psicologicamente. As pessoas não têm a noção do desgaste físico e mental que nós temos durante esses 70 jogos ou 60 e tal jogos. Porque é demasiado. E depois levamos esse desgaste para casa e para a família. E se calhar não conseguimos render aquilo que nós queremos render, porque há muita gente a ver-nos e se calhar vão-nos julgar porque nós não estamos a fazer o nosso trabalho bem, mas não é porque nós não queremos, é porque nós não podemos. As pessoas devem ter noção disso.

O Sindicato também tem defendido que o jogador deve estar próximo da comunidade. Já participaste em alguma ação social ou solidária?
Já, quando estive no Sporting. E isso enche-me porque é uma coisa boa. Mesmo aqui no Estrela também. Fui ao Hospital de Sintra, se não me engano. É um dia que faz-nos pensar sobre o que é que andamos aqui a fazer.

Já estás a preparar o teu pós-carreira?
Não penso nisso ainda. Estou a preparar-me pessoalmente, mas não penso nisso. Sinto-me bem ainda para jogar futebol. Eu sei que tenho 38 anos. Sei que não pareço, mas tenho. [risos] Já tenho 38 anos, vou fazer 39 este ano, mas ainda me vejo dentro de campo, ainda me vejo a jogar. Tenho esse tipo de formiguinha ainda. Quando isso desaparecer, sou o próprio a dizer: “já chega e vais para outras funções”. Certamente que é uma coisa que eu vou pensando.
Mesmo aqui no Estrela, às vezes falamos, eu e o presidente, mais o míster. São coisas que têm de vir e têm de ser faladas. Tenho um enorme respeito aqui no Estrela da Amadora, onde as pessoas também gostam de mim, onde também tenho o máximo de respeito por elas, e, certamente, se um dia eu acabar a carreira, quem sabe, possa fazer novas funções aqui no Estrela.

Imaginas-te nalgum papel? Uma carreira de treinador, por exemplo?
O que eu imagino, e sou aberto, falei com o presidente e com o míster José Faria sobre isso, é estar perto dos jogadores, é estar perto do campo. Acho que isso, para mim, é o principal. Sou uma pessoa que gosta de ajudar, então é estar perto deles para ajudá-los no que quer que seja. Contar exemplos, tudo isso. E metê-los lá para cima.

Fotos: IMAGO.