“Temos de saber valorizar a nossa arbitragem"


JOSÉ GOMES, Presidente da APAF, elege como principal objetivo a criação de melhores condições de trabalho para os árbitros das divisões inferiores e enaltece ainda as boas relações entre as associações de classe (jogadores, árbitros e treinadores).

Quais são as expectativas da APAF para a época 2013/14?
As expectativas da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) são as de ajudar a criar melhores condições de trabalho para os árbitros das categorias inferiores, nomeadamente nos campeonatos distritais, a todos os níveis, tais como a segurança, a fiscalidade, etc. Este é o nosso principal objetivo. Depois, ajudar a cimentar a arbitragem portuguesa no panorama internacional.

Faz pouco mais de um ano que a arbitragem passou da liga para a FPF. O balanço é positivo?
Sim. Hoje toda a arbitragem é gerida apenas por uma entidade, neste caso a Federação Portuguesa de Futebol, e o apoio tem sido uma constante. É mais fácil gerir quando tudo está concentrado em apenas um local.

Numa escala de 0 a 5 que nota daria à arbitragem portuguesa? 
Daria nota 4. Considero que ninguém é perfeito e a arbitragem não foge à regra. Também considero que temos de ter sempre um objetivo e esse é chegar ao 5. A arbitragem portuguesa é uma das melhores do mundo. O futebol português tem de saber valorizar a nossa arbitragem.

Na sua opinião quais são os grandes desafios da arbitragem e que medidas devem ser implementadas para melhorar o setor?
Um dos grandes desafios é o de tentar constantemente cometer o menor número de erros possível. Para isso, o profissionalismo será um grande passo, para melhorar as condições de trabalho. Os árbitros apenas estarão concentrados numa atividade, não tinham de pensar se por arbitrarem um jogo a meio da semana terão ou não problemas com a entidade patronal, e se até têm ou não o emprego em risco dada a quantidade de dias que têm de faltar durante o ano.

Qual a posição da APAF relativamente ao policiamento nos jogos de futebol?
A posição da APAF é conhecida publicamente. Somos a favor do policiamento nos jogos de futebol e principalmente nas categorias inferiores, nomeadamente nas competições distritais. São essas que mais nos preocupam, são as que têm menos condições de segurança. São nestes campeonatos que temos de ter uma maior atenção quanto à segurança, não só dos árbitros mas de todos os agentes envolvidos.

É a favor da introdução das novas tecnologias no futebol?
Sim desde que seja de uma forma q.b., ou seja, desde que não desvirtue a essência do futebol.

Como analisa a relação entre as associações de classe (árbitros, jogadores e treinadores)?
Neste momento, considero que existe uma excelente relação. Há uma solidariedade entre as três entidades nos assuntos a que cada um diz diretamente respeito. Temos conversado bastante.

Como tem visto a atuação do SJPF no futebol português?
Tem tido uma excelente intervenção na defesa do jogador português, bem como nos direitos dos seus associados. Deverá continuar o trabalho até aqui desenvolvido, trabalho esse que tem valorizado o futebol português, nomeadamente através dos Estágio do Jogador realizado todas as épocas.

Como é que deve ser uma relação árbitro/jogador?
Deverá ser uma relação normal, de respeito, independentemente da função que ocupam. Não é por um ser jogador e outro árbitro que não podem ter uma relação de amizade. Há que acabar com a ideia de que um árbitro não pode falar com os outros agentes desportivos. Há que acabar com a ideia de que se um árbitro tiver como amigo um jogador, poderá beneficiar a equipa desse jogador. Tanto o árbitro como o jogador são profissionais nas funções que desempenham, e querem sempre fazer o seu melhor.

Ao longo dos anos tem notado se os jogadores têm mudado o seu comportamento para com os árbitros?
Sim, há uma maior compreensão pela função que o árbitro desempenha. No entanto, o trabalho de educação desportiva, a promoção do fair-play deve continuar e intensificar-se.

Seria positivo que todos os clubes tivessem na sua estrutura ex-árbitros para auxiliarem jogadores, técnicos e dirigentes?
Não quer dizer que deveriam ter na sua estrutura mas, no entanto, considero que podem ser realizadas mais ações entre clubes e estrutura da arbitragem no sentido de dotar os jogadores e equipas técnicas de melhores conhecimentos das leis de jogo, bem como melhoraria, com certeza, o entendimento sobre muitas das decisões que os árbitros tomam, acabando talvez com todo o ruído que, por vezes, se faz sobre um erro de arbitragem.

Ser árbitro é uma atividade apelativa para os jovens?
Sim, considero-a apelativa. No entanto, toda a estrutura do futebol tem de colaborar para que haja uma maior captação para a função bem como uma maior retenção do número de árbitros que terminam os cursos de candidatos. O regime fiscal não tem ajudado e a questão do policiamento também poderá levar ao abandono de jovens árbitros nos campeonatos distritais.