O regresso desejado


Atualmente a comandar o Sporting da Covilhã, o treinador moçambicano não vê união na sua classe.

Atualmente a comandar o Sporting da Covilhã, o treinador moçambicano não vê união na sua classe e considera fundamental que haja empatia na relação com os jogadores, para alcançar bons resultados.

Ter estado pouco mais de quatro anos sem treinar foi uma decisão sua?
Sempre quis treinar, mas as portas foram-se fechando. O facto de ter estado em África contribuiu para a dificuldade de voltar ao ativo, porque as pessoas associam o campeonato africano a uma competição menor. Além disso, os convites que apareceram não iam ao encontro do que queria.

O que fez durante o período em que esteve sem treinar?
Trabalhei na televisão como comentador e nunca abandonei a área do futebol. Fui dando palestras, dei formação em seminários, mas sempre tive o objetivo de regressar ao trabalho de campo.

O Daúto já treinou em todas as divisões do futebol português. Qual o escalão mais aliciante para se treinar?
Costumo dizer que o futebol é igual. Todos os desafios são aliciantes, mas naturalmente que a Primeira Liga dá mais visibilidade. Em termos de trabalho diário e preparação dos jogos, o grau de exigência é sempre o mesmo. Quero ganhar sempre, independentemente do escalão.

 

“A AMBIÇÃO FAZ PARTE DE QUALQUER PESSOA, MAS NESTE MOMENTO O MEU OBJETIVO É FAZER UM BOM TRABALHO NO COVILHÃ E ESTOU AQUI DE CORPO E ALMA.”

 

A relação treinador/jogador tem mudado ao longo dos anos?
Hoje, os treinadores estão melhor preparados e percebem a importância da dimensão humana, por outro lado os jogadores têm acesso a informação múltipla, que chega através dos empresários e das redes sociais e isso acaba por ter influência naquilo que é dito na relação entre o treinador e os jogadores.

Qual é a principal virtude que um treinador deve ter para conquistar um grupo de trabalho?
As competências técnicas são fundamentais, mas também não devemos esquecer as sociais. A empatia que se cria com os jogadores é muito importante.

Muitos jogadores, quando terminam a carreira, tornam-se treinadores. O atual Programa Nacional de Formação de Treinadores (PNFT) beneficia quem teve uma carreira desportiva?
Acho que é fundamental criarem-se regras, que existem e devem ser respeitadas. Poderá questionar-se o tempo do curso de treinador, mas a necessidade de se estabelecer regras é imperioso para regularizar a profissão. Quem foi jogador de futebol não está necessariamente habilitado para treinar.

A classe dos treinadores é unida?
Não. Pelo que foi dito sobre a falta de habilitações dos treinadores, percebe-se que a classe não é unida.