"Tenho notado mais respeito e entendimento pelo nosso trabalho"


É a única árbitra portuguesa do grupo de elite e já dirigiu jogos masculinos da Liga Revelação.

Ser a única árbitra portuguesa do grupo de elite traz--lhe uma responsabilidade acrescida?
Sim, traz, e estou pronta para a responsabilidade.

E o estatuto de ter sido a primeira portuguesa a arbitrar num Mundial?
Orgulho de ter representado a arbitragem feminina, a Federação Portuguesa de Futebol, a Associação de Futebol de Aveiro, a mulher portuguesa.... Resumindo, ter representado Portugal. Foi um enorme privilégio estar no Mundial com as mais conceituadas árbitras do mundo. Foi uma experiência muito enriquecedora.

Como nasceu o gosto pela arbitragem?
Era jogadora e a minha equipa desistiu. Fui para o liceu fazer melhoria de notas de algumas disciplinas e foi realizado um colóquio de arbitragem. Pensei que seria uma boa maneira de voltar ao mundo do futebol. Tirei o curso e, quando fiz o primeiro jogo disse para mim: “eu quero isto!” Nasceu nesse dia a paixão pela arbitragem.

Ser árbitra é apelativo para os jovens?
Na minha opinião, sim. É um desafio que nos coloca à prova todos os dias.

Sempre conciliou bem a arbitragem com o trabalho?
Sem dúvida que foi, e é, difícil. Tive de prescindir de muitas coisas, inclusive de crescer a nível profissional.

O futebol feminino português cresceu muito nos últimos anos. Isso fará com que apareçam também mais árbitras?
Penso que sim. Tem existido um crescimento também na arbitragem feminina e, com muitas jovens a aparecer, o futuro está garantido.

É a favor das novas tecnologias no futebol?
Tudo o que venha para melhorar o futebol será bem-vindo.

O videoárbitro veio para ficar?
Penso que sim. É uma boa ferramenta.

De 0 a 5, que nota dá à arbitragem portuguesa e porquê?
5. Temos qualidade, e muita! Trabalhamos arduamente para melhorar dia-a-dia.

Tem notado uma diferença de comportamento dos jogadores para com os árbitros?
Falo por mim: tenho notado mais respeito e mais entendimento pelo nosso trabalho.

Na primeira vez que arbitrou um jogo masculino mostrou seis vermelhos. É muito diferente arbitrar jogos de homens e de mulheres?
Fiz esse jogo quando comecei a minha carreira, ou seja, uma mulher na arbitragem era uma novidade. Hoje posso dizer que já terminei jogos masculinos só com um cartão, inclusive no Campeonato de Portugal, o que demonstra o respeito existente e a confiança no trabalho. No feminino também. A diferença é a diferença natural: velocidade, força....

Acredita que pode chegar à I Liga masculina?
Sim. Na época passada já fiz jogos da Liga Revelação sub-23. Foi um desafio que adorei e fui bem aceite.

O que lhe resta fazer na arbitragem?
Ainda tenho muito para dar. É a minha paixão.