“Há um maior acompanhamento do futsal”


O lado amador do futsal.

Alcançada a manutenção na I Divisão, o guarda-redes do Dramático de Cascais viu o clube extinguir a equipa sénior. O agente da PSP, conhecido por ter marcado um golo "à Messi" ao Sporting, conta-nos como é a vida de um amador.

Quando é que decidiu ser jogador de futsal?
Comecei por jogar na escola e foi a única modalidade que pra­tiquei. A equipa da escola fez um jogo amigável com os juvenis do Sassoeiros e convidaram-me para lá jogar na época seguinte.

O que o motivou a ser guarda-redes?
Quando comecei era jogador de campo. O guarda-redes da mi­nha equipa lesionou-se e, como não havia mais ninguém, fui para a baliza. Tornei-me guarda-redes com enorme gosto.

O que deve ter um bom guarda-redes?
O poder de decisão. O guarda-redes de futsal é bastante influente e consegue sê-lo se estiver ao seu melhor nível. E tem de saber ler bem o jogo, ser rápido e decidir no mínimo espaço de tempo.

Tem alguma referência?
O João Benedito. Era o guarda-redes que imperava nos pavilhões. Com os anos têm surgido grandes guarda-redes no nosso futsal.

Quem é o melhor guarda-redes em Portugal?
O Juanjo, do Benfica.

Na última época representou o Dramático de Cas­cais, que extinguiu a equipa sénior. Vai continuar a jogar ao mais alto nível na próxima época?
Tive propostas para jogar na II Divisão e decidi regressar ao Vi­nhais, que representei antes de rumar ao Cascais. Receberam-me bem quando lá joguei, tenho um carinho muito especial pelo clube, e é mais fácil de conciliar com a vida profissional.

O que sentiu quando soube que o Dramático de Cascais não iria participar na I Divisão?
É algo que nos custa a aceitar depois do esforço tremendo da equipa. Mas saímos de consciência tranquila porque cumprimos a nossa obrigação dentro de campo.

Ficou conhecido pelo golo ao Sporting na última época. Consegue descrever-nos o lance?
Saio muitas vezes da baliza com a bola e depois procuro um co­lega para finalizar. Não tinha linha de passe, arrisquei e fui feliz.

Recorda-se do jogo de estreia na I Divisão?
Foi contra o Famalicense, em 2001/02. Perdemos 2-1 e soube que ia jogar quando o treinador Ricardo Lobão anunciou a equi­pa. Não estava à espera porque era o jogador mais novo e tinha pouca experiência. Entrei com aquele nervoso miudinho que foi passando ao longo do jogo e tive uma exibição bastante aceitável.

Tem outra actividade profissional?
Sim, sou agente da Polícia de Segurança Pública.

É difícil conciliar as duas actividades?
Por vezes sim, porque a minha profissão é por turnos. Em termos de treinos e jogos tem de haver alguma ginástica. No entanto, os colegas e as chefias ajudam. Mas no início foi complicado.

Temos poucas equipas profissionais. O que falta para que todas as equipas da I Divisão o sejam?
O facto de nem todas as equipas de futebol de 11 terem futsal faz com que não haja tanto investimento no futsal. E o estado da economia não facilita o investimento por parte de patrocínios.

Tem algum sonho por cumprir enquanto jogador de futsal?
O único que não cumpri foi a chamada à Selecção Nacional. Infe­lizmente não aconteceu, mas experimentei de tudo um pouco no futsal. Só o facto de ter jogado na I Divisão já valeu a pena.

O futsal português tem crescido nos últimos anos?
Há um maior acompanhamento do futsal, mas a recessão econó­mica não facilita a promoção da modalidade.

O futsal está sob a tutela da FPF. Acha que teria a ganhar se tivesse uma federação autónoma?
Penso que estando sob a égide da FPF, o futsal tem mais força.

Quando terminar a carreira, vai ficar ligado ao futsal?
Provavelmente, sim. Não me vejo completamente afastado da modalidade. O futsal é algo que já faz parte de mim.


Perfil
Nome: Tiago Miguel Dinis dos Santos
Data de nascimento: 21 de Fevereiro de 1985
Posição: Guarda-redes
Clubes que representou: Sassoeiros, NS Tires, Os Vinhais e Dramático de Cascais.