O caminho é estreito mas existe e está ao nosso alcance.


(Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, mensagem de Ano Novo)


A leitura atenta da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, que se recomenda, serve de mote a uma reflexão dos problemas que afectam o futebol. O recurso à analogia funda-se, em primeiro lugar, no respeito que nos merece o Presidente e, em segundo, porque o que acontece na sociedade, na economia e na política não deixa de ter reflexos profundos no futebol. Também nós, como o Presidente da República, temos, insistentemente, chamado a atenção para as profundas contradições e disparidades do futebol português.

Como se chegou a este estado? Todos o sabemos. Através de uma gestão pessoal que a maioria dos dirigentes - desconhecidos antes de chegarem ao futebol - foram fazendo em detrimento da defesa das instituições que representam. Esta delapidação foi descarada levando ao desaparecimento e à falência de alguns históricos - Salgueiros e Farense - ou ao sufoco de outros - Boavista, Estrela Amadora, Belenenses, V. Setúbal...

É neste caos que, apesar de tudo, se fazem e emergem os grandes negócios.

Como é possível uma indústria que movimenta milhões estar falida? Porque é gerida por pessoas irresponsáveis que retiram do futebol quase 100 por cento do que este produz. Tenho dito e reafirmo-o, bastava que 50 por cento das receitas que o futebol gera ficasse no futebol para este estar saudável e robusto. Mas o que é do futebol deveria ficar no futebol, aliás é por essa razão que os agentes desportivos recebem salário, para exercer a sua função.

Como diz o Presidente da República é necessário gerir 'com rigor e eficiência', há que "prestar uma atenção acrescida à relação custobenefício".

Como arrepiar caminho? Eis o desafio. Salvo melhor opinião, mais que as soluções jurídicas ou regulamentares é necessário um novo paradigma de actuação individual. O da responsabilidade, da transparência, da solidariedade, do diálogo social. É preciso um espírito novo, humanista, uma matriz genética autêntica que permita a promoção do diálogo entre os parceiros e, por outro, o alcançar soluções conjuntas para os problemas do futebol.

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