Estou lixado contigo!


Partiste e não avisaste! Nem uma palavra ou um gesto. Ainda hoje, não acredito que nos abandonaste. Tu que nos habituaste a partilhar a tua amizade, a tua alegria, os teus penteados, o teu estilo, a tua música, na partida foste egoísta.

ESTOU LIXADO CONTIGO!

Deixaste-me com o problema dos jogadores do Beira-Mar e do Ri­beirão nas mãos. Tu que estiveste sempre presente, que os acompa­nhavas, que sabias o problema de todos e de cada um, que estavas sempre disponível, que fazias a ponte amiga entre os jogadores e o Sindicato. Logo agora que vai começar o Estágio do Jogador! Como vai ser difícil, sobretudo para eles, com tantos problemas e tão pouca ajuda na hora do aperto.

ESTOU LIXADO CONTIGO!

A tua família, os teus amigos, todos nós no Sindicato, todos sem excepção, Zé Carlos, Rebelo, Estrela, Tozé, João Oliveira Pinto, Eva, Vasco, Fátima, Carla Couto, Bruno, Franque (que te chamava com carinho “bracinho curto”) mas também o VÍtor Crisóstomo, o Lobão, ninguém acredita que partiste. O JVP, Ângela, Tiago, Cafú, Rémulo, todos perguntam porquê? Não merecíamos esta desfeita da tua par­te! Tu que tinhas um coração maior do que todos, que tinhas tanto para dar. Com tanto filho da mãe tinhas de partir tu!

ESTOU LIXADO CONTIGO!

Não aceito a tua partida! Tínhamos um jogo de futebol 11 para jogar. Já tinha a minha equipa definida e vontade de ganhar o tira-teimas. Apesar das vedetas que tinhas na tua, eu sei que falaste a todos, no meio-campo queria dar-te um bigode. Acho que tiveste medo. Eu es­tou numa grande forma e queria facturar, apesar de o Zé Carlos estar sempre a mandar-me defender. O Zé dava um grande treinador, no futebol italiano… Mas não tenhas ilusões, vou fazer esse jogo só para te fazer inveja. Já ando a treinar, com os craques. Depois vou convi­dar a tua equipa (o Zé joga na tua) e empatar 1-3, com um hat-trick. Vais ficar lixado, mas mereces porque o que tu fizeste não se faz aos amigos.

ESTOU LIXADO CONTIGO!

Estou aqui a pensar, que quando estava contigo (que inveja tinha das tuas amigas, bonitas, sobretudo as do Porto) acabávamos invariavel­mente numa pastelaria, tu a beber um sumo eu a comer um doce (como sou guloso!) e a tentar perceber se era por causa da minha gulosice ou estratégia tua para eu não ficar em forma. Filho da mãe! Mas fica sabendo que no dia que fui a Alcobaça à tua procura e não te encontrei, só podes estar com alguém melhor do que todos nós, fui à pastelaria Alcôa e abusei, sobretudo das Cornucópias, que maravilha (não digas nada ao JVP, se sabe, vai azucrinar-me… ). Comi, por causa de ti. Para matar saudades. E fica sabendo que vou voltar, não sei se para comer as Cornucópias, se para te procurar mas de uma maneira ou de outra vais estar presente.

PS: as Cornucópias adoçaram a minha tristeza mas continuo lixado contigo!

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